SAVASSI

Transferência da Feira Modelo foi debatida na CMBH

Comissão pode convocar nova audiência após período de avaliação

segunda-feira, 28 Maio, 2012 - 00:00
Feira Modelo da Savassi volta a funcionar na Rua Tomé de Souza

Feira Modelo da Savassi volta a funcionar na Rua Tomé de Souza

Nesta segunda-feira (28/5), por solicitação do vereador Léo Burguês de Castro (PSDB), a Comissão de Administração Pública reuniu feirantes, vizinhos e representantes do Poder Público para discutir a Feira Modelo da Savassi. Transferida há um ano para a Rua Paraíba em função das obras de revitalização da região, na semana passada a feira retornou à Rua Tomé de Souza, onde funcionou por cerca de 15 anos, desagradando feirantes e comerciantes locais. O presidente da Comissão, Hugo Thomé (PMN), pediu às partes que avaliem a situação por pelo menos 30 dias, após os quais, se necessário, convocará nova audiência para debater o assunto.  

Na reunião, o representante dos feirantes, João Dias Dorneles, defendeu a permanência da Feira Modelo na Rua Paraíba, já que o novo local trouxe mais espaço e conforto, além do aumento de público e vendas. No entanto, de acordo com a diretora da Escola Estadual Bueno Brandão, Marilda Gobira, e com a consultora da Secretaria de Estado da Educação, Maria Ceres Castro, a presença da Feira junto ao muro da instituição estaria gerando transtornos e oferecendo riscos aos 1.148 alunos de 6 a 10 anos.

“Além dos ruídos produzidos pela montagem das barracas no final da manhã, que prejudica o trabalho das professoras e a concentração dos alunos, e do fechamento da rua, que atrapalha o acesso dos pais e transportadores escolares, no local há venda e consumo de bebida alcóolica, expondo as crianças a riscos”, ponderou a diretora da instituição, lembrando ainda os muitos botijões de gás e panelões de óleo fervente usados nas barracas.

A servidora estadual explicou que, além de já estar prevista, a volta da feira ao local de origem foi uma recomendação feita pelo Ministério Público Estadual à Prefeitura, após reunião com as partes interessadas, e que o acordo foi devidamente assinado pelos representantes dos feirantes. “Temos muito respeito pelos feirantes e não queremos prejudicar seu direito ao trabalho, mas nossa principal responsabilidade é a proteção das crianças, que têm direito a estudar e a transitar em um ambiente tranquilo”, defendeu.

A permanência do evento no novo endereço também é rejeitada por lojas e empresas vizinhas, segundo Aloísio Moreira da Costa, diretor de uma construtora localizada no Edifício América. Este e outros condomínios estariam insatisfeitos com a dificuldade de acesso e a redução das vagas de estacionamento provocadas pela feira, além do “forte cheiro de fritura” que estaria incomodando funcionários e clientes.

Sem outras opções

O comerciante Renato Savassi, proprietário de um restaurante na Rua Thomé de Souza, se manifestou contra o retorno da feira para aquela via, apontando o agravamento trazido pelo evento ao problema da falta de vagas de estacionamento no local. “Com as obras de revitalização, já foram eliminaram mais de 500 vagas”, queixou-se.

O secretário municipal adjunto de Segurança Alimentar e Abastecimento (SMASAN), Flávio Leopoldino Duffles, cuja pasta é responsável pelas feiras de produtos alimentícios na capital, contou que o órgão chegou a pesquisar outras seis possíveis locais para a Feira Modelo na Savassi, não obtendo sucesso. Ele garantiu ainda que os feirantes já estavam cientes e os comerciantes locais foram avisados com bastante antecedência de que a feira voltaria ao local de origem até o início de junho.

Mais tempo para avaliar

A presidente da Associação dos Lojistas da Savassi, Maria Auxiliadora Teixeira, diz que não há consenso entre os comerciantes da Rua Tomé de Souza quanto à permanência da feira no local: enquanto alguns se sentem prejudicados, outros alegam que o movimento trazido pelo evento beneficia seus negócios. Ela acredita que existam lugares mais adequados, como os bairros Cruzeiro e São Pedro ou o entorno da Igreja Boa Viagem, mas defende que o acordo com o MP deve ser respeitado.

Diante das reclamações de comerciantes e feirantes com relação à primeira edição do evento após o retorno ao local de origem, na última quinta-feira, Hugo Thomé recomendou que pelo menos por enquanto, na falta de outro local, a feira permaneça na Tomé de Souza. “Peço a todos que reavaliem a situação nas próximas semanas, aguardando pelo menos 30 dias. Se forem constatados problemas, iremos convocar outra audiência para debater novamente a questão”, garantiu o vereador.

A assessora do deputado estadual Rogério Corrêa e ex-vereadora Neila Batista lembrou a todos a necessidade de um “pacto de convivência” na cidade, que permita conciliar a complexidade e multiplicidade de interesses, ponderando as perdas e ganhos para todos os interessados.

Também estavam presentes os vereadores Joel Moreira Filho (PTC) e João Oscar (PRP), que destacaram a função da Câmara na intermediação deste diálogo e o papel das feiras como patrimônio cultural da cidade e geradoras de emprego e renda; o gerente da BHTrans, Marco Antônio de Oliveira; e representantes de condomínios vizinhos à feira, entre outros.

Superintendência de Comunicação Institucional