Vereadores propõem subcomissão para estudar desapropriações em BH
Grupo de trabalho seria formado no âmbito da Comissão de Administração Pública
Em audiência pública da Comissão de Administração Pública na noite da última quinta-feira (22/6), requerida por seu presidente, Hugo Thomé (PMN), moradores do Bairro São Gabriel que serão removidos em função da construção da nova rodoviária lotaram o Plenário Helvécio Arantes para questionar os valores das indenizações oferecidas pela Prefeitura. Além de intermediar o diálogo, vereadores pretendem sensibilizar e mobilizar os colegas para que a legislação sobre o tema seja revista.
Segundo Hugo Thomé, a realização da audiência pública no período noturno teve o objetivo de facilitar a participação da comunidade afetada, permitindo uma interlocução mais efetiva com os representantes da Prefeitura. O vereador conta que, em suas visitas ao bairro, vem testemunhando a indignação e as reclamações de moradores e comerciantes com relação aos baixos valores das indenizações oferecidas pela PBH, que estariam bem abaixo dos praticados no mercado imobiliário.
Representando a comunidade, o presidente da Associação Comunitária do Bairro São Gabriel Maurício Nascimento Rodrigues expôs aos presentes a insatisfação e a sensação de injustiça que atinge os moradores, a maioria residente no local há mais de 10 anos, que se queixam de falta de informação e diálogo da Prefeitura em relação às desapropriações.
A informação de que as indenizações oferecidas estariam bem abaixo do valor real dos imóveis foi confirmada pelo diretor da Associação Brasileira dos Mutuários de Habitação, Marcelo Nogueira, que lembrou o alto valor do metro quadrado na capital mineira, atualmente o mais caro do Estado, e pela Defensoria Pública, acionada pela comunidade, que vem realizando um levantamento próprio. O representante da instituição, Lucas Diz Simões, mencionou ainda a possível doação do terreno aos ocupantes pelo antigo prefeito Amynthas de Barros.
Desapropriação x remoção
Representando a Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, o diretor jurídico do órgão Sebastião Espírito Santo de astro, explicou que há diferenças entre o processo e os critérios da desapropriação, aplicada pela Sudecap para a “cidade formal”, e da remoção, realizada pela Companhia Urbanizadora de Belo Horizonte (Urbel) em áreas ocupadas.
O representante da Urbel, Alexandre Lopes, explicou que, uma vez que os moradores não detêm a titularidade dos terrenos, a Prefeitura determina o valor da área construída a partir das benfeitorias, com a avaliação de cada cômodo e de cada item que compõe o imóvel.
Além da indenização em dinheiro, a Prefeitura está oferecendo aos moradores a opção de reassentamento em apartamentos no Bairro Belmonte, ao lado do São Gabriel; até a conclusão das unidades, as famílias contariam com uma bolsa-aluguel no valor de R$500 mensais. Alguns moradores questionaram a troca, alegando que o apartamento oferecido é bem menor que as casas onde vive atualmente.
Revisão da legislação
Convidado a participar da audiência devido à sua ligação com a região, o vereador Reinaldo Preto Sacolão (PMDB) reforçou o papel da Câmara Municipal na intermediação das questões entre a população e a Administração Municipal e afirmou que a moradia digna é uma dívida do poder público para com a população. “Caso suas reivindicações por uma indenização justa forem ignoradas, nós vamos acionar o Ministério Público”, garantiu aos moradores.
Lembrando o crescimento e a modernização da cidade, que tem levado a uma necessidade cada vez maior de desapropriações de imóveis e remoção de famílias para dar lugar a obras e intervenções, Hugo Thomé disse que irá encaminhar a realização de uma reunião conjunta com a Procuradoria do Município, Secretaria municipal de Obras e Infraestrutura, Sudecap e Urbel, para o devido esclarecimento de todas as dúvidas dos moradores.
O presidente da Comissão irá sugerir ainda aos colegas a criação de um grupo de trabalho no âmbito da Comissão para estudar o assunto, permitindo uma avaliação cuidadosa da questão, que poderá vir a subsidiar uma revisão da legislação sobre o assunto, buscando critérios mais justos e transparentes na determinação dos valores devidos.
Superintendência de Comunicação Institucional