População cobra maior oferta de transporte coletivo na madrugada

Audiência pública realizada na tarde de segunda-feira (20/5), pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, discutiu a quase inexistência de linhas de ônibus em circulação entre 0h e 4h, em Belo Horizonte. Vereadores e dezenas de manifestantes presentes apontaram para a crescente demanda pelo serviço, seja por trabalhadores do horário noturno, por usuários do sistema de saúde emergencial, pela população que depende desse transporte para atividades de lazer ou aqueles que buscam alternativas ao carro, em função da lei seca. A BHTrans corroborou dados apresentados pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), entendendo que a oferta atual de ônibus já seria superior à demanda da sociedade.

Autor do requerimento da audiência, o vereador Iran Barbosa (PMDB) apresentou imagens do site da BHTrans, indicando a ausência de viagens entre 0h e 4h em diferentes linhas de ônibus. Em determinados itinerários, ainda foi possível ver previsões de circulação em intervalos de 30 ou 40 minutos a partir das 3h. “Um exemplo claro dos impactos da falta de transporte público noturno é o setor de construção civil”, pontuou Iran Barbosa. “As construtoras evitam o turno noturno porque os trabalhadores não têm como chegar e, quando optam por esse turno, contratam serviço particular de transporte para os funcionários”, concluiu o parlamentar.

Sistema atual

Representante do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros (Setra-BH), Sérgio Alves Cordeiro apresentou dados quantitativos da oferta e da utilização do serviço de transporte coletivo no período da madrugada (entre 0h e 3h59), coletados em abril de 2013. A tabela apresenta uma ocupação média de sete passageiros por ônibus, em dias úteis, e 17, aos sábados e domingos. De acordo com a entidade, os números indicariam que a demanda atual pelo serviço já estaria sendo atendida pelo serviço disponibilizado, uma vez que cada ônibus teria capacidade para mais de 60 passageiros (em pé e sentados).

Na mesma perspectiva, a BHTrans explicou que se orienta por dados semelhantes e que as vagas ociosas nos ônibus indicariam que o serviço não precisa ser ampliado. A empresa afirmou que a demanda noturna seria 1% da demanda em horário de pico e que, atualmente, são disponibilizados 7% da frota de ônibus em período noturno.

Responsável pela fiscalização dos serviços prestados pelos quatro consórcios de empresas de ônibus licitados em 2008, a BHTrans garantiu que há critérios, previstos em contrato, para definição dos intervalos na grade de horários diurnos, mas, para o serviço noturno, o critério é a demanda.

Demanda real

“Não se pode confundir demanda com a utilização atual do serviço”. Essa foi a principal mensagem dos usuários presentes. De acordo com os manifestantes, a baixa utilização do serviço na madrugada é resultado de um sistema de transporte caro, ruim e ineficaz. Os usuários explicaram que os números não indicam que os cidadãos não saem de casa nesse horário e não precisam do transporte público, mas que deixaram de sair por falta de transporte, porque as linhas disponibilizadas não são as mais necessárias, porque os horários são inadequados, porque o intervalo de espera é muito grande ou porque o custo da passagem é alto demais.

Na busca por maior controle social na gestão pública, os participantes solicitaram a realização de pesquisas reais sobre as necessidades da população (origem e destino), a desburocratização do formulário de reclamações no portal da BHTrans, a agilidade no atendimento e solução de problemas e cobraram melhorias no serviço de transporte. Entre as sugestões estão a integração entre o transporte municipal e o metropolitano, por meio da tarifa única e fusão dos cartões BHBus e Ótimo; a redução dos intervalos e capilarização dos itinerários.

O vereador Iran Barbosa ainda sugeriu a utilização de ônibus menores e mais econômicos no horário noturno; aproveitamento das estações de integração para oferecer maior segurança ao usuário na madrugada; melhor planejamento dos itinerários; a realização de parceria entre a Prefeitura e o Google para utilização do banco de dados do site de busca na realização da pesquisa origem-destino; assim como a inclusão de novas tecnologias para atendimento ao cidadão, como a possibilidade de registros de reclamações em tempo real, por meio do envio de fotografias pelo celular.

Vereadores de municípios da Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), como Sabará e Santa Luzia, defenderam a integração do transporte e a importância da oferta do serviço em horário noturno em função do movimento pendular de moradores da região que trabalham durante a madrugada em hotéis, motéis, restaurantes e serviços afins.

Participaram da audiência os vereadores Iran Barbosa (PMDB), Wellington Bessa “Sapão” (PSB), Delegado Edson Moreira (PTN), Preto (DEM), Joel Moreira Filho (PTC), Jorge Santos (PRB), Juliano Lopes (PSDC), Valdivino (PPS) e Silvinho Resende (PT).

Assista a reunião na íntegra

Superintendência de Comunicação Institucional