A Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços realizou nesta quinta-feira (18/9) audiência pública para discutir políticas públicas voltadas para a juventude de Belo Horizonte. Durante o encontro, Trópia (Novo), requerente da reunião, apontou desafios enfrentados pelos jovens atualmente, como a informalidade e o alto desemprego. Lideranças da juventude em setores do governo e em partidos políticos falaram sobre o potencial do grupo para economia e inovação, e levantaram as principais barreiras enfrentadas pelos jovens. Durante o encontro foram levantadas demandas tais como a criação de uma comissão com presidentes de conselhos municipais da juventude de Minas Gerais; a construção de um fundo municipal voltado para esse segmento; e a revisão da legislação sobre juventude em Belo Horizonte. O diretor estadual de Políticas para as Juventudes do Governo de Minas Gerais, Matheus Biancardine, registrou as sugestões para levar à avaliação do órgão.

Potencial da juventude

Durante a audiência, Trópia destacou que cerca de 20 a 25% da população de Belo Horizonte tem até 29 anos. Ela ressaltou que os jovens não devem ser vistos apenas como “o futuro”, mas como parte ativa do presente, com potencial de acelerar setores estratégicos como tecnologia digital, economia criativa e empreendedorismo. Entre os desafios, a parlamentar apontou a informalidade, o desemprego e a dificuldade de adaptação do mercado de trabalho ao perfil desse público, que busca jornadas mais flexíveis.

Trópia também citou iniciativas de seu mandato, como a proposta para criação da Lei dos Games e e-Sports que reconhece os jogos eletrônicos como mercado e profissão; e o  Marco Municipal das Startups, sancionado este ano, que conecta o setor público à inovação, facilitando a abertura e crescimento de projetos inovadores. A vereadora lembrou ainda o Programa de Liderança, iniciativa voltada para preparar jovens para “o enfrentamento de desafios reais e tomada de decisões estratégicas”. Segundo a parlamentar, o projeto é gratuito e apartidário e já formou mais de 200 jovens de mais de 50 cidades mineiras.

“O que eu puder fazer para que o mandato seja esse ambiente de teste e experimentação, para que vocês [jovens] estejam cada vez mais próximos do ambiente político, eu farei”, declarou Trópia.

Braulio Lara (Novo) também acentuou o potencial da juventude em inovar, trazendo novas possibilidades e experiências a partir do aprendizado.

Políticas públicas

O diretor de Políticas para a Juventude, Matheus Biancardine, reforçou que a juventude deve ser tratada de forma intersetorial, dialogando com as mais diversas áreas, como esporte, educação, saúde e segurança. Ele apresentou programas do Governo de Minas, como o Trilhas do Futuro, Futuro no Campo, Minas Urbano e Play Minas, voltados para capacitação técnica e formação em áreas estratégicas. Matheus destacou ainda a realização da Semana da Juventude, que promoveu palestras e capacitações no estado; e a preparação da Conferência Estadual de Juventudes, cujo objetivo é ouvir demandas e fortalecer o protagonismo jovem.

 “Política da juventude não é feita só dentro das quatro paredes da Cidade Administrativa ou de um órgão público; ela é feita especialmente 'para fora', para quem está na rua, para o jovem que precisa ser alcançado pelo nosso trabalho”, reiterou o diretor. 

O presidente do Conselho Estadual da Juventude (Cejuve), Pedro Lucas Martins, também explicitou os trabalhos da pasta, afirmando que o conselho tem buscado se aproximar das câmaras municipais, principalmente das cidades do interior, para ouvir as demandas. Ele falou sobre a iniciativa “Selo Jovem”, que teve projeto técnico aprovado, e será implementado por meio de parcerias com empresas para auxiliar na inserção dos jovens no mercado de trabalho.

No âmbito municipal, a diretora de Políticas para as Juventudes (DPJU-PBH), Laura Luiza Costa, apresentou as ações do Executivo, como o Passe Livre Estudantil, que este ano teve recorde de 15 mil inscritos. Laura Costa explicou que os critérios básicos para receber o benefício são: ser estudante de ensino médio; estudar em uma escola que fica a mais de um quilômetro de distância de sua residência; e ser aluno da rede pública ou ter bolsa integral em colégio particular. A inscrição pode ser feita online ou presencialmente no Centro de Referência das Juventudes (CRJ-BH).

A diretora da DPJU-PBH falou ainda sobre as atividades realizadas no Centro de Referência, que atende cerca de 75 mil jovens por ano, com mais de 180 oficinas formativas, e programa de profissionalização artística e musical. Laura contou que existe um plano para instalação de um game center para formação em design de jogos, e citou a criação do "Selo de Empregabilidade Cidadã", que pretende incentivar empresas a contratarem jovens de grupos vulneráveis, como os da comunidade LGBTQIAPN+ e mulheres.

Educação e formação de lideranças

O gestor de educação do Sebrae-MG, Wendell Aurélio Rodrigues, falou sobre os programas de ensino médio e técnico e de formação empreendedora ofertados na instituição. Segundo Wendell, o órgão parte da premissa de tratar o aluno como "protagonista" e do professor como "facilitador".

Vereadora do município de Nova Lima (MG), Viviane Matos (União) defendeu a valorização da escola pública e do ensino técnico. Ela destacou que em sua cidade existem parcerias bem-sucedidas com instituições como Sebrae e Senai, que oferecem diferentes formações junto ao ensino médio.

Sugestões e reivindicações

Para melhorar a atuação da juventude em Belo Horizonte, o presidente do Conselho Municipal da Juventude, Lucas Chelala, disse que é necessária uma revisão da legislação municipal sobre o tema, que estaria "defasada". Ele também sugeriu a criação de uma comissão permanente do Conselho da Juventude e de um Fundo Municipal da Juventude, para garantir orçamento próprio para as políticas do setor.

A vereadora de Rio Piracicaba (MG) Luna Gabrielle (Republicanos) ressaltou a importância de levar as discussões também para o interior do estado, onde jovens enfrentam dificuldades específicas, e afirmou que vai propor audiências sobre o assunto. Matheus Chiodi, do Conselho de Juventude de Ribeirão das Neves, enfatizou a necessidade de criar os conselhos em cidades que ainda não os possuem, e deixou como sugestão a formação de uma comissão estadual com os presidentes dos conselhos municipais. Representando Contagem, a presidente da juventude do partido Novo na cidade, Gabriela Thiebaut, indicou os benefícios de realizar um "mapeamento" dos interesses e necessidades específicas dos jovens no estado, para formular políticas mais eficazes.

Todas as sugestões foram anotadas por Matheus Biancardine, que ressaltou que a diretoria de Políticas para Juventudes do Governo de Minas está sempre aberta a ouvir e promover melhorias.

Superintendência de Comunicação Institucional