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Para além do Carnaval, ambulantes pedem diálogo com a Prefeitura de BH

Assunto: 
TRABALHO NAS RUAS
Mulher fala, em destaque, em reunião remota, na tela de um computador. Do lado direito da tela estão seis outras janelas menores, com imagens de dois homens, duas mulheres e duassomente com iniciais de nomes.
Foto: Abraão Bruck/CMBH

Representantes de vendedores ambulantes e pipoqueiros, que ganham seu sustento com a venda de produtos em locais públicos de Belo Horizonte, solicitaram a inclusão das categorias no planejamento de todos os eventos públicos de grande porte ao Município em audiência pública realizada pela Comissão de Direitos Humanos, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor, nesta segunda-feira (6/12). Solicitada por Macaé Evaristo (PT), a audiência ampliou o objetivo de debater sobre a comercialização de produtos por ambulantes durante o Carnaval em Belo Horizonte para o debate da participação desta e de outras categorias nos espaços públicos da cidade. A vereadora propôs a inclusão de trabalhadores ambulantes, pipoqueiros e catadores de papel em programas sociais da Prefeitura e a indicação para a participação dos mesmos em eventos privados realizados em espaços públicos. 

Macaé Evaristo explicou que os ambulantes e pipoqueiros precisam do espaço público da rua para seu sustento e trabalho, e foram muito prejudicados pela pandemia de coronavírus, que causou a recente recomendação do Comitê de Enfrentamento da Covid-19  para que a Prefeitura não patrocine e desaconselhe a população de participar de eventos que possam implicar em grande aglomeração pública de pessoas, incluindo o Carnaval 2022. Entre os motivos dados pelo comitê estão a vacinação ainda insuficiente e a perda da eficácia da vacina 6 meses após a segunda dose. A vereadora defendeu que esse segmento da população necessita do espaço da rua para tirar seu sustento e ponderou que as categorias mencionadas não são chamadas para atuar em eventos de caráter privado.

Bella Gonçalves (Psol) disse que o Carnaval do ano que vem está tendendo a acontecer em espaços privados, e que não há o reconhecimento de trabalhadores ambulantes na cidade, em especial os caixeiros, que são reconhecidos somente no carnaval, e vivenciam conflitos com a Guarda Municipal. Ela defendeu o Carnaval sem catracas. 

Eventos de grande porte e pós-jogos

Os representantes de vendedores ambulantes e de pipoqueiros ressaltaram a necessidade de discutir a participação das categorias não somente no próximo Carnaval, mas em eventos posteriores de grande porte, como Arraial de Belo Horizonte e Virada Cultural. Eles solicitam respeito e diálogo da Prefeitura com as categorias, e pedem para serem ouvidos no planejamento dos eventos mencionados. A vice-presidente do Sindicato dos Pipoqueiros, Renata Soares, reclamou do spray de pimenta jogado na população após o último jogo do Atlético Mineiro, ocorrido no dia anterior, por afetar torcedores e trabalhadores. 

Adjailson de Andrade, presidente da Associação dos Camelôs de Belo Horizonte, disse que o momento posterior ao jogo de futebol é, para a categoria, um momento de trabalho. E que ninguém irá segurar os foliões dentro de casa. Jarbas Aredes Júnior, representante do Sindicato Profissional dos Pipoqueiros da Grande BH, explicou que é preciso mais diálogo para desfazer o conflito entre a segurança pública e equipe de limpeza, orientados a fazer a dispersão da multidão após um evento de grande porte, e os vendedores ambulantes, que estão no seu melhor momento de venda. Júnior também ponderou que o Carnaval também exclui a população de baixa renda.

Macaé Evaristo sugeriu que fosse criada uma mesa de negociação permanente com as associações e sindicatos das categorias para tratar dos grandes eventos. E defendeu a necessidade de garantir que não haja abusos das empresas que patrocinam os eventos em relação aos ambulantes, fazendo exigências como metas de vendas e exclusividade de vendas de produtos. 

Participação em eventos privados

“BH é a única capital com Carnaval de grande porte que não possui exclusividade de venda de produtos”, assegurou o diretor-presidente da Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur), Gilberto César Carvalho de Castro. O diretor da Belotur disse que não é possível ter Carnaval de grande porte sem esses trabalhadores, e que as proibições feitas para o evento são a de bebida em garrafa de vidro, por medida de segurança, e a bebida em dose, por uma questão sanitária. O diretor-presidente também disse que os ambulantes e pipoqueiros têm acesso aos desfiles das Escolas de Samba, e que o município não limita o número de ambulantes nem cobra taxa dos mesmos durante o Carnaval. 

Gilberto Castro explicou que Belo Horizonte teve um bom desenpenho no enfrentamento da covid-19, pois é a cidade com menor número de mortes por 100 mil habitantes do país, e que a Belotur irá respeitar a orientação do Comitê de Enfrentamento da Covid-19. “Hoje não há cenário que torne possível entender que haja Carnaval em Belo Horizonte”, afirmou, acrescentando que a Prefeitura vai ter uma conduta coerente com o que o momento pede. E disse compreender a legitimidade da discussão.

O representante da Belotur acrescentou que os eventos particulares também fomentam a cadeia produtiva, pois contratam mão de obra local. Ele afirmou que a Prefeitura não tem gestão do evento privado, que é um evento controlado, dizendo ser possível haver eventos gratuitos com controle. O diretor ponderou sobre a dificuldade da inclusão de ambulantes em eventos privados e fechados, uma vez que a venda de bebidas também é fonte de renda para os organizadores. Gilberto negou a privatização do Carnaval, concluindo que a não autorização para o Carnaval 2022 não é uma política, é o que pode ser feito na atualidade. Ele disse que a cidade está na vanguarda da organização de eventos de grande porte e que a Prefeitura é preocupada com os menos favorecidos.

Macaé Evaristo e Renata Soares afirmaram não ter conhecimento da não obrigatoriedade de venda dos produtos das empresas que patrocinam o Carnaval de Belo Horizonte pelos ambulantes. Soares solicitou que a não obrigatoriedade de venda fosse amplamente divulgada entre os ambulantes. 

Bella Gonçalves disse estar preocupada que, em função da pandemia, será construído um Carnaval com catracas, privado e superado. E disse não acreditar que a Prefeitura tem trabalhado para privatizar o Carnaval, e sim que setores da Câmara Municipal tenham este interesse. Ela contou que o Psol e o PT barraram, no passado, um substitutivo ao projeto de lei que permitia colocar grades em espaço público, o que ela repudia. A vereadora concluiu que a capital mineira é avançadíssima e tem feito políticas acertadas em relação a covid-19, mas não tem sido acertada ao lidar com o trabalhador ambulante. 

O superintendente da Guarda Municipal, Júlio César, disse que a instituição tem interesse em participar do debate, e esclareceu que somente a Guarda Municipal e a subsecretaria mencionada podem apreender mercadorias de ambulantes. 

Como encaminhamentos, Macaé Evaristo disse que irá fazer uma indicação à Prefeitura para incluir os representantes dos sindicatos dos pipoqueiros, ambulantes e catadores de papel na mesa de diálogo sobre o Carnaval e grandes eventos, e outra para inclusão da participação das mesmas categorias em eventos privados realizados em espaços públicos. Ela também irá fazer um requerimento às Secretarias de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania e de Desenvolvimento Econômico para a inclusão dos sindicatos cadastrados na Prefeitura para políticas públicas de desenvolvimento. Concluindo, a vereadora afirmou que o papel do poder público é se posicionar e defender o elo mais frágil, que, no caso, são os pipoqueiros e trabalhadores. 

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para debater sobre a comercialização de produtos por ambulantes durante o carnaval em Belo Horizonte - 39ª Reunião Ordinária - Comissão de Direitos Humanos, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor

Data publicação: 
segunda-feira, 6 Dezembro, 2021 - 18:30
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Bella Gonçalves
Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor
Macaé Evaristo
pipoqueiros
Secretaria de Assistência Social