Mulheres marcam presença na política
A representação feminina na política, embora ainda bastante desigual, tem sentido os reflexos dessas mudanças. Hoje, entre os 41 vereadores da Câmara Municipal de Belo Horizonte, figuram cinco mulheres: as vereadoras Elaine Matozinhos (PTB), Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), Pricila Teixeira (PTB), Neusinha Santos (PT) e Luzia Ferreira (PPS), que é a primeira mulher a presidir a Casa.
Luzia Ferreira acredita que sua ascensão ao cargo de presidente da CMBH tem grande valor simbólico, pois deixa claro que a mulher pode governar e ocupar cargos importantes no Poder Público. “Estamos sepultando de vez o preconceito de que a mulher não tem competência para ocupar cargos públicos importantes”, declara.
O simbolismo a que se refere Luzia Ferreira é compartilhado por Maria Lúcia Scarpelli (PCdoB), que acredita que o fato de haver uma mulher na presidência da CMBH “é a prova da ampliação e consolidação do espaço feminino”. “Para as mulheres, isso é uma conquista”, reforça Scarpelli. Quanto ao número de mulheres vereadoras em BH, Scarpelli afirma que “é muito pequeno”, mas, ressalta, enfaticamente, “que a atuação das mulheres é de alta qualidade”.
Cumprindo seu 1º mandato pela CMBH, a vereadora Pricila Teixeira também avalia que a participação feminina na política ainda é pequena. “A política ainda é um universo predominantemente masculino. Mas a mulher tem conquistado muitos novos espaços e tem revelado cada vez mais sua grande competência, e assim deve ser também na política”, pontua.
Outra parlamentar da Casa que tem a vida política dedicada, em grande parte, à defesa dos direitos da mulher é a vereadora Neusinha Santos, que foi a primeira presidente do Conselho Municipal de Direitos da Mulher. Professora de História e psicóloga, a vereadora iniciou sua trajetória nas lutas sociais como militante da Pastoral da Juventude e em comunidades eclesiais de base e já cumpre seu quinto mandato no Legislativo de Belo Horizonte.
O código eleitoral da época, porém, só dava direito a voto às mulheres casadas, mediante autorização do marido, e às viúvas e solteiras, desde que pudessem comprovar que possuíam renda própria. A partir de 1934, com o fim das restrições, as mulheres passaram a exercer o pleno exercício do voto. O voto feminino, no entanto, não era obrigatório, o que só ocorreu em 1946.
Em 1933, a doutora Carlota Pereira de Queirós foi uma precursora, ao conseguir se eleger como a primeira deputada federal brasileira. Em 1979, foi a vez de Euníce Michiles revelar seu pioneirismo, ao se tornar a primeira senadora do país. Aos poucos, as mulheres foram quebrando outros paradigmas. Entre agosto de 1982 e março de 1985, o Brasil finalmente teve a primeira mulher ministra: Esther de Figueiredo Ferraz, que ocupou a pasta da Educação e Cultura. Pouco mais de uma década depois, em 1995, o país pôde celebrar o fato de uma brasileira se tornar a primeira governadora na história do Brasil, quando Roseana Sarney elegeu-se para governar o Maranhão.
Na capital mineira, coube a outra professora, Alaíde Lisboa, o mérito de ter sido a primeira vereadora de Belo Horizonte, em 1950. Escritora, Alaíde nunca cogitou a hipótese de entregar sua vida aos afazeres domésticos. “A mulher exclusivamente absorvida pelos cuidados materiais da casa, a mulher alheia às mutações sociais e políticas cedo perde o contato com a geração que se forma dentro da própria casa”.
Alaíde faleceu no dia 4 de novembro de 2006. Seu nome foi dado à Central de Atendimento ao Cidadão (CAC) da Câmara Municipal, inaugurada em dezembro de 2006.