FISCALIZAÇÃO

Contrato de instalação de abrigos em pontos de ônibus é alvo de denúncias

Legislativo vai analisar documentação para verificar se legislação está sendo cumprida. BHTrans afirma legalidade do processo

terça-feira, 16 Maio, 2017 - 19:15
Audiência pública da Comissão de Administração Pública

Supostas irregularidades na execução do serviço de instalação de abrigos em pontos de paradas de ônibus foram discutidas pela Comissão de Administração Pública, nesta terça-feira (16/5), por solicitação do vereador Wagner Messias Preto (DEM). A maior parte das denúncias foi trazida pelo Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior do Estado de Minas Gerais (Sepex-MG). A empresa licitada estaria descumprindo prazos, subcontratando e deixando de apresentar garantias. O requerente da audiência afirmou que serão solicitados documentos referentes à execução do contrato de prestação de serviço de colocação dos abrigos para que a Câmara de BH verifique se suas cláusulas estão sendo cumpridas.

Entre as principais denúncias apresentadas estão o descumprimento do prazo para implantação dos abrigos e a subcontratação pela vencedora da licitação de outras empresas para a prestação do serviço contratado, o que é expressamente proibido pela Lei de Licitações. Também houve denúncias de que a vencedora vem implantando totens de publicidade e abrigos em pontos de paradas de ônibus sem prévia ordem de serviço e licença. Foi relatada, ainda, a ausência de caução, que serve como garantia na contratação de serviços.

Empresas representadas pelo Sepex - que não participaram da concorrência pública para instalação dos abrigos por entenderem que as exigências do edital de licitação seriam muitas e impeditivas - alegam que a vencedora do processo descumpre o edital, o contrato de concessão do serviço e a legislação que regula o tema. O sindicato também argumenta que a concorrência que as empresas por ele representadas sofrem da vencedora da licitação prejudica o setor de mídia exterior na cidade. Ele afirmou, ainda, que o edital deve ser “cumprido à risca” pela vencedora e que qualquer descumprimento deve ser punido nos termos da lei, inclusive, com a instauração de um novo processo licitatório, caso seja comprovada tal necessidade.

Normas técnicas confundem

A respeito da denúncia de atraso na instalação dos abrigos, a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte (BHTrans) argumenta que tal acusação não procede, uma vez que a proposta apresentada pela vencedora do processo licitatório fala na instalação de 500 desses equipamentos no primeiro ano após a contratação da mesma para a prestação do serviço, e tal prazo ainda não venceu. A BHTrans informa, ainda, que mais abrigos ainda não foram instalados por determinação da própria Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte. Isso porque, segundo ela, há discrepância entre as diferentes normas que determinam os parâmetros a serem seguidos no tocante à instalação dos abrigos em questões como o correto posicionamento nas calçadas e a acessibilidade de deficientes. A BHTrans explica que há sobreposição de normatização sobre o tema: determinações dispostas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e pela legislação municipal vêm gerando múltiplas interpretações acerca dos parâmetros a serem seguidos. O objetivo da BHTrans é que haja uma pacificação na interpretação das normas reguladoras antes de se ampliar a instalação dos abrigos, de modo a que não haja a necessidade de se corrigir um grande número de abrigos já instalados.

Segundo a BHTrans, foi identificada a necessidade de correções em 22 abrigos de ônibus dos 253 já instalados, principalmente, no que tange ao seu posicionamento nas calçadas. A Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte explica que a prefeitura não gasta nenhum centavo para criar, confeccionar, instalar e manter os abrigos, nem para corrigi-los. Todo o trabalho é realizado pela empresa vencedora da licitação, que obtém lucro por meio da venda de espaços publicitários nos abrigos por ela instalados e mantidos.

A BHTrans também diz que o interesse da empresa vencedora da licitação é intensificar a instalação dos abrigos, uma vez que seu lucro aumenta na medida em que mais abrigos com possibilidade de exploração publicitária são colocados. No entanto, a Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte argumenta que cabe a ela - e não à empresa concessionária - regular o processo de instalação dos abrigos, inclusive o cronograma, com vistas a atender o interesse público, nos termos da lei.

Garantias contratuais

A BHTrans informa que houve atraso na apresentação de garantia contratual por parte da vencedora da concorrência. A Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte explica que, apesar de a garantia, que é uma caução prevista em contrato, já ter sido apresentada, ainda assim, em decorrência do atraso, a contratada foi multada em R$103.100,00, conforme publicado no Diário Oficial do Município do dia 25 de abril deste ano. A empresa contratada entrou com recurso contra a cobrança da multa aplicada pela BHTrans. A decisão referente ao recurso ainda não foi tomada.

A BHTrans afirma, ainda, que em vez de constituírem um consórcio, as empresas vencedoras da licitação abriram uma Sociedade com Propósito Específico (SPE), que é uma sociedade com as mesmas características do consórcio, porém com personalidade jurídica formada para executar os serviços previstos em contrato. A Empresa de Transporte e Trânsito de Belo Horizonte explicou que não há qualquer irregularidade na constituição de uma SPE no lugar de um consórcio, e que tal procedimento é amplamente aceito pelos tribunais de contas.

O vereador Wagner Messias Preto, que solicitou a audiência e presidiu a reunião, explicou que a Câmara Municipal exige o cumprimento do edital. De acordo com Preto, nem o Legislativo, nem a prefeitura aceitarão incorreções. O parlamentar afirmou que não há “jeitinho” em licitação, informando que ou a vencedora cumpre os termos dispostos no edital ou ela deverá ser penalizada. Ainda de acordo com o vereador, a comissão, ao realizar a audiência, cumpre seu dever de fiscalizar a partir das denúncias vindas da sociedade. Nesta perspectiva, serão solicitados os documentos referentes à execução do contrato, de modo a que o Legislativo possa verificar se as cláusulas contratuais estão sendo integralmente cumpridas. Preto afirmou, ainda, que terá uma reunião com o prefeito Alexandre Kalil (PHS) para tratar do tema.

O parlamentar também afirmou, em consonância com o que defende o Sepex, que uma revisão na legislação que regula a instalação de publicidade exterior em Belo Horizonte é necessária, uma vez que, segundo ele, a normatização atual é muito restritiva, o que tem levado o setor a desempregar muitas pessoas que atuavam nesta área.

O vereador Pedro Bueno (PTN), que também participou da audiência, afirmou que a Câmara de BH deve funcionar como uma caixa de ressonância da sociedade e defendeu a averiguação de todas as denúncias apresentadas.

Superintendência de Comunicação Institucional

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