FORA DA CURVA

Soluções criativas de gestão garantem atendimento diferenciado na Leste

Centros de saúde Paraíso e Santa Inês foram visitados pela Comissão de Saúde e se destacaram entre as unidades do Município

quarta-feira, 3 Maio, 2017 - 16:45

Foto: Gabinete do vereador Cláudio da Drogaria Duarte

Em meio ao turbilhão de denúncias e reclamações no sistema de saúde pública da capital, dois pontos fora da curva oferecem ambiente organizado e bem-estar aos seus pacientes. Os elogios às gerências locais, no entanto, alertam os usuários, não anulam as carências percebidas no fornecimento de medicamentos e na contratação de pessoal pela prefeitura. Em visita técnica aos Centros de Saúde Paraíso e Santa Inês, realizada na manhã desta quarta-feira (3/5), a Comissão de Saúde e Saneamento verificou a qualidade no atendimento e registrou as demandas estruturais e de recursos humanos necessárias. Foi sugerida a realização de fóruns setoriais entre as gerências de todas as unidades de saúde para trocar experiências e compartilhar soluções criativas de gestão.

C.S. Santa Inês

Falta de medicamentos, escassez de insumos e insuficiência de pessoal são problemas já conhecidos do sistema único de saúde na capital, e não é diferente no C.S. Santa Inês, no entanto, os impactos dessas carências parecem ser atenuados pela equipe local para garantir melhor atendimento à comunidade. Com duas equipes de Saúde da Família e quatro agentes comunitários de saúde (ACS), a unidade atende 13 mil usuários, em espaço amplo, arejado, limpo e bem sinalizado. Gerente do CS Santa Inês, Eunice Silveira explicou que a principal diretriz de trabalho na unidade é “que toda a equipe converse e ouça os usuários, para que ninguém saia sem atendimento”.

Com apenas um computador compartilhado por todos os ACSs e outros membros da área de enfermagem, o trabalho precisa ser escalonado e articulado para que os cadastros dos usuários sejam feitos adequadamente. Sem pintura ou reforma há mais de 10 anos, a unidade tem a limpeza mantida por apenas uma funcionária, mas conta com o apoio de toda a equipe da unidade para auxiliar na higienização. Todos os consultórios, salas e guichês de atendimento são sinalizados com um padrão de visual criado pela própria equipe gestora. Também as senhas de atendimento e os formulários entregues aos pacientes foram estilizados. “Isso transmite para o usuário uma sensação de cuidado, de confiança, de acolhimento”, destacou o vereador Cláudio da Drogaria Duarte (PMN), autor do requerimento para a visita, elogiando a iniciativa.

Listado entre as unidades com menor índice de ausência nas consultas agendadas, o C.S. Santa Inês desenvolve um trabalho colaborativo para aperfeiçoar o serviço. A gerente explicou que o setor responsável pelo controle do agendamento tem apenas uma servidora, no entanto, as agentes comunitárias e outras funcionárias auxiliam no trabalho. Ao receber a senha com a data da consulta agendada, o paciente é orientado e sensibilizado a devolver a senha com antecedência, em caso de impossibilidade de comparecer à consulta. A prática permite que o horário seja aproveitado por outros usuários que estão na fila. Ainda, a unidade atua em rede junto aos centros de saúde mais próximos, e disponibiliza horários de atendimento em caso de vacância.

Estrutura e segurança

O C.S Santa Inês abriga a equipe de saúde complementar que atende toda a Região Leste. Voltada aos pacientes da saúde mental, a equipe reúne psiquiatra infantil, fonoaudiólogo e terapeuta ocupacional, mas tem pouco espaço para atendimento. Nesse sentido, a unidade solicitou o investimento da prefeitura na ampliação do que chamou de “espaço lúdico”, instalado no pátio central do prédio do centro de saúde, com brinquedos e outras estruturas de lazer para as crianças em tratamento.

A falta de segurança foi ponto central destacado pela gerência e funcionários da unidade. Sem porteiro ou vigia, e a presença intermitente da Guarda Municipal (dia sim, dia não), o centro de saúde já foi arrombado e teve itens furtados mais de uma vez. Foi solicitado um veículo para atendimento exclusivo da unidade e a contratação de mais funcionários, em especial, ACSs e auxiliares de enfermagem.

C.S Paraíso

Instalado na região de divisa entre a Regional Leste e a Regional Centro-sul, o Centro de Saúde Paraíso tem enfrentado dificuldades para o encaminhamento de pacientes ao serviço de assistência social. Gerente da unidade, Andrea Maria Alonso explicou que a recente alteração na área de abrangência do centro de saúde, redirecionou alguns moradores inicialmente atendidos pela Centro-sul. No entanto, como a Leste não tem um CRAS de referência, os pacientes que demandam esse tipo de atendimento precisam ser reencaminhados para a Centro-sul. Foi solicitada a mediação dos parlamentares e gestores da PBH para orientar e sensibilizar as equipes dos conselhos tutelares, CRAS e outros órgãos da Centro-sul sobre os problemas nas áreas de divisa.

A estrutura do C.S. Paraíso contra com seis equipes de saúde da família, seis ACEs, 18 ACSs e 14 consultórios, que garantem atendimento a 27 mil usuários. Elogiada pela limpeza e organização, a unidade sofre também com a falta e inadequação de equipamentos: faltam computadores para os agentes comunitários e camisas de uniforme para identificação dos agentes; as capas de chuva e as calças fornecidas são muito grossas e pesadas para os funcionários circularem à pé pelas ruas do bairro.

O muro de arrimo nos fundos da unidade está trincado em diferentes pontos e foi interditado pela Defesa Civil, inviabilizando o uso da garagem interna pelos funcionários e ameaçando a segurança de quem passa por perto. Para aproveitar o espaço, os servidores criaram uma pequena horta comunitária em pneus reutilizados. Na lateral do centro de saúde, há mais de dois anos, uma grande parte do muro foi condenada e derrubada pela prefeitura, em razão de uma intervenção irregular do vizinho em seu terreno. O trecho está fechado com tapumes metálicos de forma improvisada, o que foi apontado e questionado pela gerência da unidade.

As duas unidades denunciaram problemas de mobilidade na região, que dificultam o acesso dos agentes comunitários a determinadas comunidades e o acesso dos pacientes à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Leste. Foi solicitada a criação de uma linha de ônibus suplementar que circule em trechos específicos da região.

Encaminhamentos

“Tivemos uma grata surpresa. Quem dera tivéssemos visto essa realidade em todos os centros de saúde que já visitamos”, destacou o vereador Cláudio, pontuando que, apesar dos problemas estruturais, existem soluções criativas encontradas pelas gerências das duas unidades que favorecem o atendimento mais respeitoso e de maior qualidade ao usuário. O parlamentar sugeriu a criação de fóruns e seminários que permitam a troca de experiências entre as gerências de todas as unidades de saúde da capital para compartilhar soluções possíveis para dificuldades similares enfrentadas em cada localidade.

O vereador afirmou que todas as demandas apresentadas pelas duas unidades serão sistematizadas em relatórios individualizados e encaminhadas à Secretaria Municipal de Saúde, à Administração Regional e aos demais órgãos competentes, como a BHTrans e a Sudecap.

Superintendência de Comunicação Institucional