Plenário

Vereadores pedem à PBH informações sobre vacinação de profissionais de saúde

Parlamentares também expuseram suas queixas quanto ao fechamento do comércio na cidade 

terça-feira, 9 Março, 2021 - 18:15

Foto: Abraão Bruck/CMBH

O Plenário aprovou nesta terça-feira (9/3) pedido de informações ao Executivo sobre o andamento da vacinação contra covid-19 de médicos e médicas em Belo Horizonte, com número de profissionais já imunizados, cronograma e locais de vacinação. Os vereadores também apresentaram reclamações ao prefeito Alexandre Kalil (PSD) sobre o fechamento do comércio e das escolas, e ainda falaram sobre os problemas enfrentados pelas mulheres, como violência e abandono do poder público, e sobre o adoecimento de profissionais do transporte metroviário na Capital.

Aprovado por unanimidade, requerimento de autoria de Wilsinho da Tabu (PP) pede ao Executivo que informe detalhadamente como anda a vacinação contra covid-19 dos médicos que trabalham em unidades de saúde da Capital. Segundo divulgado ontem (8/3) por veículos de imprensa de circulação nacional, o Brasil perde um profissional de saúde para o novo coronavírus a cada 19 horas.

Dados do Ministério da Saúde dão conta de que mais de 484 mil profissionais de saúde já haviam se infectado com a doença até o dia 1º de março. Destes, 470 teriam morrido, totalizando 1,3 morte por dia no país. Os dados são questionados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM) e pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) que apontam a morte de 551 médicos e 646 enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Um número maior do que o informado pelo Ministério, que afirma promover esforços contra estas mortes e que já teria encaminhado, para profissionais de saúde, 81% das doses necessárias para essa parcela da população.

Em Belo Horizonte, segundo dados publicados pela PBH diariamente em seu portal, até ontem (8/3), 80.287 trabalhadores da saúde já receberam a primeira dose da vacina e 62.013 as duas doses. Fazem parte deste público alvo profissionais em atividade em hospitais, UPAs, Samu, centros de saúde, laboratórios, clínicas oncológicas e hematológicas, serviços de hemodiálise, serviços da atenção secundária, atenção domiciliar e de especialidades do SUS-BH, entre outros. 

Fechamento do comércio e escolas

Durante o pinga-fogo, momento em que vereadores fazem considerações sobre temas variados, alguns parlamentares questionaram as ações da PBH no combate à pandemia, com destaque para o fechamento do comércio e das escolas. Para Flávia Borja (Avante), a PBH está negligenciado suas responsabilidades em relação às crianças e adolescentes, quando mantém fechadas as escolas na Capital. “O que está acontecendo com alunos de escolas públicas é o abandono. Eles estão completamente abandonados”, disse Flávia, explicando que, mesmo com o fechamento, muitas escolas particulares estão mantendo as aulas remotas, o que não estaria ocorrendo na rede pública. A vereadora justificou o retorno às aulas enfatizando a necessidade pedagógica de crianças no que ela chamou de “período sensível” para o desenvolvimento cerebral. “Nós sabemos, conforme nos mostra a neurociência, que há um tempo melhor para a aprendizagem, quando a criança desenvolve atividades que serão usadas pelo resto de suas vidas. Estas crianças estão em casa e perdendo esta janela de oportunidade. Isso representa um déficit irreversível para as crianças”, afirmou Flávia Borja destacando que o aprendizado está comprometido e que indicadores, como o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), vão “despencar”.

Inscrito como orador, Professor Juliano Lopes (PTC) criticou duramente o que chamou de “descontrole da PBH” ao fechar novamente o comércio da cidade. Segundo Juliano, a Prefeitura tem agido de forma precipitada e sem negociar com os comerciantes. “Quarta-feira o secretário (Municipal de Saúde) Jackson Machado anuncia que não vai fechar e na sexta-feira o Kalil anuncia que sábado tem que fechar tudo às 14h. Pensam que tem um botão de liga e desliga nos comerciantes. É revoltante a forma com que o prefeito vem tratando o comércio da cidade”. Citando restaurante da Região do Barreiro que fechou as portas, desempregando 40 funcionários, Lopes ainda questionou a falta de investimentos em novos leitos para tratamento da covid-19 na cidade. “Recebeu recursos do governo federal e não investiu em mais leitos em BH. Ibirité tem 40 novos leitos e BH nada. Vamos pedir esclarecimentos. Quantos leitos foram abertos? A cidade não é do senhor, prefeito. O senhor tem que ouvir esta Casa”, salientou Juliano, se queixando ainda do fato de que o prefeito Kalil teria excluído representante da Câmara no Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19.

Wesley (Pros), utilizando parte do tempo de orador cedido por Juliano Lopes, também criticou a condução da Prefeitura no combate à pandemia. “É triste ver que os empresários foram deixados de lado. Criou-se uma imagem do empresário rico e estão sangrando o empresariado brasileiro, jogando-os no buraco”, disse.

Na última sexta-feira (5/3), o prefeito Alexandre Kalil determinou um novo fechamento do comércio na cidade. Por meio do Decreto 17.562/21, foram suspensas, por prazo indeterminado, todas as atividades consideradas não essenciais. Segundo a PBH, uma das razões para o fechamento foi a taxa de ocupação de Unidades de Terapia Intensiva (UTI), que chegou a 81% na sexta-feira.

Outra queixa apresentada pelos parlamentares foi o tratamento dispensado aos profissionais metroviários de Belo Horizonte. Iza Lourença (Psol) afirmou que o contágio pela covid-19 entre a categoria é preocupante. “Entre funcionários da CBTU (Companhia Brasileira de Trens Urbanos que administra o Metrô-BH) 7% já contrairam o coronavírus. Taxa maior que a nacional”, disse a vereadora, reivindicando uma escala de trabalho reduzida e uma escala mais justa para os trabalhadores do transporte. “Não podemos ser negligentes com aqueles que estão trabalhando no transporte. O transporte dos usuários fica prejudicado se os trabalhadores (do transporte público) não têm segurança”, explicou. Ainda segundo Iza, há acordo para a redução aprovado na Justiça do Trabalho que não estaria sendo cumprido pelas empresas.

Mês da Mulher

Também fazendo uso do tempo de oradora, Bella Gonçalves (Psol) fez um histórico da luta das mulheres por dignidade e igualdade de direitos. Bella destacou que o dia 8 de março celebra estas batalhas das mulheres contra um sistema patriarcal. “Nossa luta já foi para sermos consideradas gente. Antes de ocupar esse espaço (no parlamento municipal), tivemos que lutar pelos nossos direitos políticos”, afirmou a vereadora. Segundo ela, entre as mulheres ainda há quem mais sofre abusos como as negras. “Mulheres negras morrem aos montes e são encarceradas. É contra isso que Marielle (Franco) lutou e nós lutamos”, disse Bella, informando aos presentes sobre publicação do Decreto 17.563/21, que regulamenta a chamada Lei da Morada Segura, que trata do encaminhamento de mulheres em situação de violência ao Programa Municipal de Habitação.

Atendimento Veterinário

Durante os debates, Irlan Melo (PSD) falou sobre a abertura do primeiro hospital veterinário público de Belo Horizonte, ocorrido nesta terça-feira. “Saúde animal é também saúde pública. Temos que ter apreço e carinho pelos animais que nem sempre têm acesso ao tratamento de saúde, muitas vezes por questões financeiras”, afirmou Irlan, que esteve na inauguração e, segundo ele, viu uma fila enorme de pessoas com seus animais, muitas que teriam chegado às três horas da manhã.

O hospital público veterinário da cidade fica no Bairro Carlos Prates, Região Noroeste, e conta com 12 veterinários que farão atendimento 24 horas por dia. O hospital foi financiado por meio de emendas parlamentares e em parceria com a Prefeitura, que cedeu o espaço físico. O custo total foi de R$ 1 milhão para reformas, compra de insumos e materiais. A Associação Nacional dos Clínicos Veterinários de Pequenos Animais (Anclipeva), que ganhou a licitação, vai gerenciar a unidade. Lá estão sendo feitos exames de imagem, raio x, ultrassom, exames laboratoriais, hemograma, cirurgias e 120 castrações mensais. Serão ao menos 70 atendimentos diários a cães e gatos, priorizando moradores de rua, protetores animais e pessoas com baixa renda comprovada. Todos os animais que chegarem com risco de vida serão atendidos. Os atendimentos serão realizados por meio de distribuição de senhas a partir das 8h.

Assista ao vídeo da reunião na íntegra.

Superintendência de Comunicação Institucional

17ª Reunião Ordinária - Plenário