Educador e antropólogo Tião Rocha é atração do debate “Olhar atrevido”

Plenário e galerias lotados de educadores com olhares atentos ao homem de chapéu preto, jeito simples e palavras fortes. Essa foi a cena que pôde ser vista na tarde de hoje, 17 de março, no plenário Amynthas de Barros, durante o debate “Olhar atrevido”, com o educador e antropólogo Tião Rocha. O evento faz parte do ciclo de debates “Educação: múltiplos olhares”, promovido pela Comissão de Educação Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo.

Presidido pelo vereador Carlão Pereira (PT), o debate teve início às 14 horas na Câmara Municipal. Estavam presentes representantes da iniciativa pública e privada, fundações, além de acadêmicos, pais, professores e entidades de classe.

Tião Rocha fundou o Centro Popular de Cultura e Desenvolvimento (CPCD), entidade que desenvolve processos alternativos de educação, como as pedagogias da roda, do abraço, do brinquedo e do sabão, utilizando os saberes populares do folclore, das brincadeiras e das artes como referência para a criação.

 “A melhor pedagogia é aquela que leva a criança a aprender”, afirmou o educador, ressaltando que de nada valem as teorias se, quando aplicadas, não instigam o aluno ao conhecimento.

As experiências bem-sucedidas de Tião Rocha no Vale do Jequitinhonha, no Norte de Minas, que levaram o CPCD a assumir a Secretaria de Educação de Araçuaí, é exemplo para os educadores da capital, sendo também um incentivo à busca por novas alternativas no processo educativo.

“Não quero tirar os meninos da rua. Eu quero é mudar a rua. Nós deixamos de usar esse espaço de aprendizagem, colocando as crianças em salas que os afastam da própria realidade”, lembrou o educador.

Para debater com Tião Rocha, foi convidado o jornalista e escritor Maurício Lara, colunista do jornal Estado de Minas. Ele também trabalhou nos jornais Hoje Em Dia e Jornal do Brasil, além de lecionar na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. (PUC-Minas). “É uma preocupação corrente a de se construir uma educação de qualidade. Talvez Tião Rocha possa nos ajudar muito, a partir do trabalho que ele desenvolve no Vale do Jequitinhonha”, afirmou.

Os professores questionaram sobre o desafio de se trabalhar com poucos recursos e conquistar um resultado que, de fato, possa transformar a vida do aluno. A cada pergunta, Tião Rocha respondia indicando um caminho possível: “Toda cidade possui pontos luminosos. Se juntarmos todos esses pontos, teremos um feixe de luz, um potencial de transformação”, explicou.

A intenção do ciclo de debates é sensibilizar a sociedade e mostrar que melhorar a educação é responsabilidade de todos, uma vez que o ensino ruim compromete o desenvolvimento do País. “Não me baseio no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para fazer o meu trabalho. Prefiro o ‘IPDH’, que é o Índice Potencial de Desenvolvimento Humano, onde olho o lado ‘meio cheio’ do copo”, disse Tião Martins.