Diego Sanches é o entrevistado da semana em videocast
Vereador do Solidariedade fala de seus primeiros meses na Casa, em especial de sua atuação em prol das pessoas com TEA

Foto: Cláudio Rabelo/CMBH
O vereador Diego Sanches (Solidariedade) percebeu um movimento estranho em suas redes sociais na segunda quinzena do mês de agosto. O goleiro Cássio Ramos, do Cruzeiro, havia postado um desabafo sobre a dificuldade de matricular sua filha de 7 anos em escolas de Belo Horizonte. A menina foi diagnosticada com Transtorno do Espectro Autista (TEA) e é acompanhada por um profissional especializado desde os 2 anos. Até aquele momento, no entanto, nenhuma instituição havia aceitado o acompanhante terapêutico. “Várias pessoas se depararam com o caso e me marcaram nas postagens”, lembra Diego, que tem forte atuação na promoção e proteção dos direitos de pessoas com TEA e no suporte às famílias atípicas. Em entrevista videocast Câmara em Foco, o parlamentar conta que a escolha por esses temas foi motivada por sua própria experiência como tio de um rapaz atípico. “O caso do Cássio demonstra que os desafios, os obstáculos, não estão na esfera da classe social. Quem tem no seu âmbito familiar uma pessoa com Transtorno do Espectro Autista naturalmente será um militante, porque as violações de direitos, a falta de conscientização e os preconceitos são muitos”, diz. No programa, Diego fala sobre suas propostas para esse público, de sua atividade na Comissão Especial de Estudo Águas Pluviais e Prevenção de Riscos, e na Comissão de Orçamento e Finanças, da qual é vice-presidente.
Garantia de assistência terapêutica nas escolas
Para que casos como o da filha do goleiro Cássio não ocorram mais em Belo Horizonte, Diego Sanches apresentou, juntamente com Dra. Michelly Siqueira (PRD) e Sargento Jalyson (PL), o Projeto de Lei (PL) 489/2025, que assegura às pessoas com deficiência o direito ao ingresso e permanência de acompanhante terapêutico, em tempo integral, nas instituições de ensino públicas, conveniadas e privadas de Belo Horizonte. “E para quem não tem condições de custear esse profissional, será permitido o acompanhamento de um cuidador, daquela pessoa mais próxima, desde que direcionada ou encaminhada por um médico”, afirma. A proposta aguarda parecer da Comissão de Legislação e Justiça (CLJ).
Vacinação em domicílio
Outro projeto de autoria de Diego Sanches voltado ao bem-estar das famílias atípicas é o que institui o programa de vacinação domiciliar para pessoas com TEA (PL 93/2025). A proposta tramita em 1º turno e, entre os benefícios pretendidos, está a redução de estresse e de crises sensoriais e comportamentais.
“Imagine que você seja de uma família atípica e vá levar seu filho ou seu neto ao posto de saúde. A rotina pode parecer simples para uma família típica, mas quem tem TEA, uma simples imunização pode ser quase uma 'rotina de guerra'. Então, a ideia é que o profissional vá até a casa dessa família atípica fazer a vacinação no seu reduto de paz”, conta Diego.
Para ele, se aprovada, a lei será capaz de dar um pouco de acolhimento e dignidade não só à pessoa com TEA, mas para sua família. “É um cuidado essencial com quem tem de se desdobrar para poder cumprir uma rotina teoricamente comum e de extrema importância para a saúde, que é a imunização”, fala.
Passe livre nos ônibus
Durante o bate-papo, Diego Sanches lembra o que o motivou a apresentar o PL 106/2025, que garante passe livre nos ônibus municipais a mães e pais atípicos ou tutores e cuidadores de pessoas com TEA. Atualmente, a legislação garante a gratuidade apenas para acompanhantes de pessoas com deficiência. “Eu conheço mães que vão levar o filho na escola e não conseguem retornar para casa”, conta. Segundo ele, o custo da passagem, de quase R$ 6, torna o deslocamento inviável.
“Ela precisa retornar para casa para descansar, tomar um banho, tomar uma água, se alimentar; ou seja, se recuperar novamente de forma física e psicológica para buscar o seu filho novamente. E só para esse retorno para casa e depois a volta para a escola, nós estamos falando de aproximadamente R$ 12 por dia. Isso não dá nem para uma família de classe média, ainda mais para uma família que está em situação de vulnerabilidade e hipervulnerabilidade”, afirma.
Para Diego, estender a gratuidade para a mãe atípica poder utilizar o transporte sem pagar, mesmo na ausência do filho, seria importante não apenas para casos assim, mas para evitar situações em que o responsável tem de levá-lo em compromissos só para garantir o passe livre. “Em uma conversa com o secretário municipal de Assistência Social, ele mesmo me disse que essa não era uma proposta utópica e que tem lógica”, conta.
Enchentes e prevenção de riscos
Diego Sanches explica que a situação vivenciada em um dos bairros em que ele atua o fez entrar na Comissão Especial de Estudo Águas Pluviais e Prevenção de Riscos, criada este ano para discutir ações de prevenção de enchentes e inundações na cidade. Segundo ele, o bairro Santa Terezinha, na Regional Pampulha, sofre há anos com as chuvas. “Nós fizemos uma visita técnica ali e em diversos outros locais. No final, vamos encaminhar um relatório ao prefeito Álvaro Damião, dando nosso parecer sobre o que precisa ser feito nesses locais”, diz.
“O nosso trabalho é cobrar, fiscalizar e fazer com que inclusive parte do orçamento do nosso município seja destinado para a execução dessas obras. É lamentável que em uma cidade como Belo Horizonte existam bairros como o Santa Terezinha, em que há anos as pessoas perdem seus patrimônios. Eu disse àquela comunidade que eu não vou arredar o pé de lá enquanto não encontrarmos uma solução plausível para aqueles moradores”, afirma.
Orçamento e Finanças
Vice-presidente da Comissão de Orçamento e Finanças Públicas, Diego já acertou com o atual presidente, Leonardo Ângelo (Cidadania), de assumir o posto no ano que vem. Logo em seu primeiro ano na Câmara Municipal, ele tomou para si uma tarefa fundamental, como relator das sugestões populares ao Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO). Este ano, o Legislativo recebeu 224 sugestões, um número muito superior ao do ano passado, quando foram enviadas 30 sugestões.
“Orçamento não se faz sem a participação popular. Nós tivemos essa grata surpresa da participação ativa da população e ficamos muito satisfeitos com o trabalho de publicizar, de pedir à população por meio dos conselhos para participarem ativamente”, diz Diego.
Ele afirma que o número expressivo serve, também, para balizar o trabalho como representante do belo-horizontino. “Nós começamos a identificar onde o calo está doendo mais, onde está o anseio da sociedade, para administrarmos um orçamento que, óbvio, é limitado.”
Superintendência de Comunicação Institucional