CULTURA
Câmara realiza VI Simpósio Raça, Cor e Etnia

quarta-feira, 24 Setembro, 2008 - 21:00


“No meu país, ao longo da história, pudemos observar diversas empreitadas civilizatórias com o intuito de fazer com que os negros abandonassem as ações dos comuns de sua raça”, explicou a palestrante Odete Semedo. “Durante muito tempo, fomos obrigados a renegar nossos costumes para que pudéssemos ser considerados pessoas educadas, civilizadas e com capacidade de raciocínio”, afirmou.
Natural de Guiné Bissau, Odete é licenciada em Línguas e Literaturas Modernas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (FCSH/UNL). Durante o debate, ela apresentou o projeto Falas di Panus (Vozes dos Panos), que resgata e explica o simbolismo dos panos usados pelos africanos em Guiné-Bissau. Lá, as pessoas confeccionam panos cujas estampas e feitios têm significado, e são utilizados em diversas ocasiões, como casamentos, festas, cerimônias fúnebres, entre outras.
A educadora infantil Débora Barbosa Franca falou sobre a importância de alimentar a auto-estima das crianças através do resgate de histórias e fatos reais. “Muitas vezes, a criança negra se sente diminuída por não ter onde se espelhar. Nos contos de fadas, raramente encontramos uma princesa negra. Meu trabalho é mostrar às crianças que existiram reis e rainhas negros com histórias fascinantes, bem aqui, no país delas”, disse.
Em seu projeto, “As Belas Histórias dos Reis da África no Brasil”, desenvolvido na Unidade Municipal de Educação Infantil (UMEI) Granja de Freitas, Débora fala às crianças sobre o congado, Chico Rei e Chica da Silva. Além disso, trabalha com eles a sensibilidade para a arte, utilizando obras de Portinari.
“Crescemos numa sociedade em que as próprias escolas não criaram o hábito de intensificar a discussão sobre a questão do negro no Brasil e seu acesso à educação”, comentou a gerente de Coordenação da Educação Infantil da Secretaria Municipal de BH, Mayrce da Silva Freitas. Ela ressaltou a importância dos trabalhos de combate ao preconceito racial e de resgate das culturas africana e brasileira.
Também participou do debate o músico Carlinhos de Oxossi, fundador do Grupo Fala Tambor, que faz leituras e criações de músicas, ritmos e danças a partir da influência cultural africana no Brasil.
O projeto Raça Cor e Etnia é promovido pela Escola do Legislativo da Câmara Municipal de Belo Horizonte, em parceria com a Pontifícia Universidade Católica (PUC-Minas) e Núcleo de Relações Étnico-Raciais e Gêneros da Secretaria Municipal de Educação de Belo Horizonte (SMED-PBH).
Informações na Superintendência de Comunicação Institucional (3555-1105/3555-1216).