Reunião discute barreiras à expansão do transporte sobre trilhos
“BH vive um colapso no trânsito: as ruas estão entupidas de carros e atravessar a cidade usando o transporte coletivo é uma verdadeira aventura”. A crítica ao comprometimento da mobilidade urbana na capital foi feita pela vereadora Neusinha Santos (PT) ao questionar a morosidade dos governos em relação à expansão do metrô. Em reunião com autoridades e especialistas da área, no dia 21 de setembro, na Câmara Municipal, usuários do transporte coletivo cobraram investimentos para ampliação dos trens urbanos.
O metrô de Belo Horizonte – linha 1 (Eldorado-Venda Nova) – atende por dia 170 mil passageiros, menos de 10% da demanda da cidade. A proposta de ampliação da linha atual e de implantação das linhas 2 (Hospitais/Barreiro) e 3 (Pampulha/Savassi), de acordo com a Prefeitura, já foi apresentada ao Ministério das Cidades, mas o governo federal ainda não garantiu os recursos, cerca de R$ 3 bilhões.
Segundo o secretário adjunto municipal de Planejamento, Orçamento e Informação, Márcio Duarte, o metrô está contemplado no planejamento estratégico elaborado pela Prefeitura, que tem defendido a inclusão das obras de ampliação no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2).
Arranjo institucional
A questão, entretanto, dependeria de um novo arranjo institucional que permitisse a regionalização da gestão do metrô. “Só com a transferência da gestão da União para o Estado e o Município seria possível garantir o aporte de recursos necessários por meio de uma parceria público-privada”, explicou o diretor-presidente da BHTrans, Ramon Victor César.
Na avaliação do diretor regional da Associação Nacional de Transportes Públicos, Ricardo Mendanha, além da necessidade de novo arranjo institucional, o metrô de BH esbarra em outros dois dificultadores: o alto custo das obras e a implantação a longo prazo.
“O metrô é extremamente caro, chega a custar dez vezes mais que outros sistemas de transporte. Tem também a demora na conclusão das obras, que podem levar em média cinco ou seis anos – fato que acaba desestimulando os governos”, comentou Mendanha.
O abandono do metrô por parte dos governos foi criticado pelo representante do Movimento Pró-Metrô, Alfenir Furtado. Com vistas a resultados mais imediatos, segundo ele, os governos acabam adiando esse projeto e adotando outras soluções. “Sonhamos com um cidade melhor. O povo de BH quer o metrô”, defendeu Alfenir.
A vereadora Neusinha Santos defendeu a mobilização, em âmbito nacional, de políticos, técnicos e população, através da criação de comitês, para sensibilizar o governo federal sobre a urgência do metrô em Belo Horizonte.
Transporte Rápido de Ônibus
Com a possibilidade de ampliação do metrô da capital para a Copa do Mundo de 2014 praticamente descartada, a Prefeitura decidiu adotar soluções alternativas para o problema da mobilidade, como o BRT (Transporte Rápido por Ônibus).
Com previsão de conclusão para 2013 e recursos de R$ 1,5 bilhão, o sistema será implantado em três corredores de trânsito (Av. Cristiano Machado; Av. Antônio Carlos/Av. Pedro I; Av. Pedro II/Av. Carlos Luz) e prevê redução dos tempos de embarque e desembarque de passageiros, mais segurança e conforto aos usuários.
Contudo, conforme reconheceu o próprio secretário adjunto municipal de Planejamento, Orçamento e Informação, o BRT traz avanços, mas “não é solução a médio e longo prazo”. Nesse sentido, a opção pelo sistema foi questionada pela vereadora Neusinha Santos. Segundo a parlamentar, o metrô deveria ser prioridade: “Desde 1996, há catorze anos, quando foi definido o Plano Diretor do Município, a população de Belo Horizonte já colocava o metrô em primeiro lugar”.
O diretor regional da Associação Nacional de Transportes Públicos argumentou que “o BRT não é um dificultador para o metrô”, mas um sistema complementar. A idéia foi reforçada pelo diretor-presidente da BHTrans que defende uma “rede multimodal integrada”, com diferentes soluções que atuem em conjunto em favor da mobilidade urbana.
Ouça o debate da Rádio Itatiaia do dia 31/07-sobre Transporte e Mobilidade Urbana em BH
Responsável pela informação: Superintendência de Comunicação Institucional
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