MOBILIDADE URBANA

Vereadores mirins defendem redução nas tarifas e respeito ao pedestre

Estudantes denunciaram abuso das grandes empresas de ônibus

quarta-feira, 18 Maio, 2016 - 00:00
Estudantes denunciaram abuso das grandes empresas de ônibus - Foto: Rafa Aguiar

Estudantes denunciaram abuso das grandes empresas de ônibus - Foto: Rafa Aguiar

Tarifas mais justas no transporte coletivo, atenção ao pedestre, instalação de ciclovias e mudança de postura no trânsito pautaram as discussões dos jovens vereadores do projeto Câmara Mirim na tarde desta quarta-feira (18/5). Em audiência pública simulada pela Comissão Mirim de Mobilidade Urbana, os estudantes debateram com representantes das grandes empresas de ônibus e argumentaram a necessidade de valorização do transporte público e do fomento a formas alternativas de mobilidade na capital, como o uso das bicicletas. Antes da reunião, os vereadores mirins acompanharam duas palestras apresentadas pela equipe de consultoria legislativa da Câmara e pela BHTrans, orientando sobre o funcionamento de uma audiência pública real e a mobilidade urbana em Belo Horizonte.

“Vocês não têm ideia do que esse trânsito da cidade tem causado para os nossos jovens. Eu lido diariamente com as consequências dele”, alertou a médica Elisa Serena, plantonista no Pronto-Socorro do Hospital João XXII (interpretada pela servidora convidada Kátia Aparecida Silva, chefe da Seção Odontológica). “Os acidentes de trânsito estão entre as principais causas de morte no país. Cuidar da saúde é cuidar da segurança das pessoas”, destacou Serena, defendendo a redução dos limites de velocidade nas vias urbanas. A médica lembrou um caso de sucesso na cidade de São Paulo, em que a mudança dos limites de 60 km para 50 km reduziu o número de acidentes em mais de 30%. Os estudantes apoiaram a médica, defendendo que a redução da velocidade ocasiona a diminuição dos acidentes oferecendo assim maior fluidez ao trânsito.

Para os representantes das empresas de ônibus concessionárias, a mudança não soou benéfica. De acordo com o empresário Enrico Lucrácio (interpretado pelo servidor Marcelo Sebastião, da Escola do Legislativo), seria incoerente acreditar que andar mais devagar permitiria um trânsito mais fluido. Lucrácio defendeu ainda o aumento nos valores nas tarifas de ônibus, argumentando que são compatíveis com os custos das empresas. “Vocês ficam chorando migalhas para pagar as passagens e defendendo a tarifa zero. Se for custeada pelo Município, vocês vão pagar de toda forma, por meio de impostos”, completou o empresário, afirmando que não anda de ônibus porque dirige uma BMW.

O posicionamento do empresário perturbou os estudantes, que argumentaram a necessidade de encarar o transporte coletivo como política pública, que deve atender a todos. Conforme os estudantes, além de atender àqueles que não têm condições de ter carros, o serviço de ônibus oferece à cidade uma forma de mobilidade mais adequada que o carro particular, com menos veículos e melhor fluxo. Representando o Movimento Tarifas Justas, o líder Justino Social (interpretado pelo servidor convidado Marcelo Adriano, da Seção de Compras), referendou o posicionamento dos estudantes, defendendo a adequação dos valores das passagens à realidade dos usuários.

Também Bruna Bike e Paula Pedestre (interpretadas pelas próprias vereadoras mirins) entraram no debate, defendendo que o poder público dê mais atenção ao transporte alternativo e à segurança do pedestre. “Nós somos todos pedestres. E é preciso lutar pelos nossos direitos”, defendeu a vereadora mirim Letícia Pedroso, presidente da Comissão Mirim de Mobilidade Urbana. A parlamentar parabenizou a atuação de seus colegas, que propuseram a formação de uma nova cultura no trânsito.

Formação cidadã

“O que interpretamos aqui é uma situação caricata, mas é importante porque esses jovens vão encontrar pela frente pessoas com discursos muito similares. É importante para que estudem os temas e busquem argumentos para defender o que acreditam”, explicou Marcelo Sebastião, servidor da Escola do Legislativo.

Realizado anualmente, desde 2008, o projeto Câmara Mirim recebe alunos do 3º ciclo do ensino fundamental de dez escolas públicas municipais e do Centro Pedagógico da UFMG, na faixa dos 12 aos 14 anos. A cada edição, 45 estudantes são eleitos pelos colegas para ocupar o cargo de vereador mirim. Desenvolvido pela Escola do Legislativo da Câmara Municipal, em parceria com a Escola Judiciária do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e a Secretaria Municipal de Educação, o projeto busca aproximar as crianças e os adolescentes do processo democrático e estimular seu envolvimento na vida política da cidade e das suas comunidades.

Ao longo do ano, os 45 pequenos vereadores eleitos se encontram mensalmente na Câmara Municipal, onde aprendem sobre cidadania, participação política e atuação do parlamento. Eles têm também a oportunidade de participar de audiências públicas simuladas e de discutir e votar, no plenário da Câmara, projetos elaborados por eles mesmos. As 10 propostas mais votadas são encaminhadas para a Comissão de Participação Popular (CPP) da Câmara Municipal que, após análise de viabilidade, poderá apresentá-las, em nome do colegiado, para tramitação no Legislativo Municipal como projetos de lei ou indicações. Em novembro ocorre o encerramento do projeto com a entrega simbólica das 10 proposições escolhidas à CPP e a diplomação dos vereadores mirins, com a presença dos demais alunos das onze escolas participantes.

Superintendência de Comunicação Institucional