Na posse de vereadores mirins, relatos sobre a vivência da política
Referência nacional em educação para a cidadania, projeto celebra dez anos. Ex-participantes deram testemunhos sobre a experiência
Foto: Roberto Eleutério/CMBH
Os 45 novos vereadores mirins tomaram posse na 10ª Legislatura do projeto Câmara Mirim na tarde desta quarta-feira (3/5), no auditório do Centro de Referência da Juventude, na Praça da Estação. Na solenidade, que contou com a presença do presidente da Câmara de BH, vereador Henrique Braga (PSDB), estudantes eleitos em dez escolas municipais e no Centro Pedagógico da UFMG fizeram o juramento e assinaram o livro de posse, prestigiados por professores, colegas e familiares. Em seguida, participantes desta e de outras edições se pronunciaram sobre a experiência, que completa 10 anos em 2017.
Alunos do terceiro ciclo do ensino fundamental, os vereadores mirins foram eleitos após a realização de campanhas, nas quais apresentaram propostas de melhorias voltadas à escola e à comunidade para obter o voto dos colegas. Eleitos no dia 11 de abril, com direito a cadastramento de eleitores, mesários escolhidos na própria instituição e urnas eletrônicas oficiais, eles representarão cada escola durante as atividades da 10ª edição do Câmara Mirim. A iniciativa da Escola do Legislativo da Câmara de BH, em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais (TRE-MG) e Centro Pedagógico da UFMG, já se tornou uma referência nacional em educação para a cidadania, inspirando iniciativas semelhantes em diversas cidades do país.
Henrique Braga parabenizou a todos pelo sucesso do projeto, que completa 10 anos em 2017. O presidente do Legislativo elogiou cada um dos 377 estudantes que já desempenharam o cargo em todas as edições, nas quais elegeram prioridades, debateram e propuseram soluções para os problemas de suas comunidades e escolas, na qualidade de seus representantes. “O aprendizado, o conhecimento sobre os poderes e o exercício da verdadeira cidadania os acompanharão por toda a vida, formando agentes transformadores da sociedade”, comemorou Braga, garantindo o apreço e o apoio incondicional da Casa ao projeto, cujo legado será a ampliação e a qualificação do acompanhamento, participação e interferência na vida política da cidade, do estado e do país por seus jovens cidadãos.
Número de meninas é ressaltado
A juíza Roberta Rocha Fonseca, que representou o TRE-MG, falou sobre a importância do projeto e “o avivamento da esperança no Brasil” neste momento de descrença. Para ela, a promoção da conscientização e participação política dos jovens se reflete em cada ação e em seu dia a dia. “Chega de pensar o Brasil como o país do futuro; é preciso fazer o Brasil de hoje”, reforçou. Citando Aristóteles, ela lembrou aos jovens vereadores que o homem é um animal político, e que a participação de cada um não deve se limitar apenas à escolha, mas também a acompanhar e cobrar dos representantes, que têm o dever de atuar no interesse de seus representados. A alta participação feminina no parlamento mirim, inclusive na posição de presidentes e vice-presidentes, também foi destacada pela juíza, segundo a qual o Brasil ainda ocupa o 153º lugar no ranking de mulheres na política, atrás até do Afeganistão.
Também elogiando o projeto e todos os envolvidos, a secretária municipal de Educação, Ângela Dalben, ressaltou a relevância das ações educativas, em todos os níveis e em todas as idades, lamentando as deficiências ainda existentes na rede pública. A gestora mencionou o projeto Orçamento Participativo da Criança e do Adolescente (OPCA), no qual os estudantes estabelecem prioridades e definem a destinação de R$ 20 mil, repassados pela prefeitura às suas escolas, e sugeriu uma possível articulação entre as duas iniciativas.
O diretor do Centro Pedagógico da UFMG, Santer Matos, e o gerente da Escola do Legislativo da CMBH, Marcelo Mendicino, destacaram a importância da função desempenhada pelos jovens parlamentares e celebraram o sucesso dos 10 anos do projeto.
Evolução política e pessoal
Além da exibição de vídeos mostrando atividades realizadas nas escolas participantes e uma reconstituição dos 10 anos do projeto Câmara Mirim, os presentes ouviram depoimentos de participantes de edições anteriores e de alunos eleitos para a legislatura atual. A vereadora mirim mais votada em 2017, Indra Geovanna Ramalho, a presidente e a vice-presidente da 9ª Legislatura, Rebeca Patrícia e Gabriela Sampaio, reforçaram a importância do projeto em sua formação política e cidadã, que se reflete na vida fora da Câmara e da escola, despertando uma nova forma de ver e, especialmente, de participar da política. Muitos revelaram a mudança de percepção da política, de uma “coisa chata e formal” para um assunto presente na vida de todos, no dia a dia de suas comunidades, da cidade e do país, contando que passaram a acompanhá-la de forma muito mais consciente.
Além da conscientização e mobilização política e cidadã geradas pela participação no projeto, eles salientaram progressos pessoais como a perda de timidez e inibição, a descoberta de novos amigos e interesses, melhor capacidade de expressão e aprendizado da escuta, do diálogo e do debate.
Atividades previstas
Após a participação em palestras e oficinas sobre a organização dos poderes, o processo legislativo e qualidades de oratória, e a posse oficial no cargo, no decorrer do ano os participantes passam a desempenhar as funções de vereadores mirins: uma vez por mês, se encontrarão na Câmara de BH para discutir e buscar soluções para os problemas de suas escolas e de suas comunidades. Observando as devidas regras e procedimentos, eles elegem os integrantes das comissões temáticas, simulam reuniões e audiências públicas e ao final elaboram, discutem e votam propostas em reunião plenária. Os textos aprovados são encaminhados à Comissão de Participação Popular do Legislativo Municipal, que pode vir a transformá-los em proposições (projetos de lei ou indicações) de sua autoria.
Superintendência de Comunicação Institucional
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