MUSEU DE ARTE DA PAMPULHA

Vereadores constatam descaso com acervo cultural e memória de BH

Audiência pública será realizada no próximo dia 15, para buscar soluções para a situação dos museus da capital

terça-feira, 9 Maio, 2017 - 16:45

Foto: Rafa Aguiar/CMBH

Com o objetivo de verificar as condições do acervo do Museu de Arte da Pampulha (MAP), após denúncias recebidas de que o equipamento estaria em estado de abandono e má gestão, com número reduzido de exposições e usado para festas e eventos, a Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo realizou visita técnica ao local, nesta terça-feira (9/5). Coautores do requerimento para a atividade, os vereadores Pedro Patrus (PT) e Arnaldo Godoy (PT) puderam constatar que obras importantes do museu não estão expostas e não estão ao alcance da população, descumprindo sua função como espaço para a memória e preservação das artes visuais.

O MAP faz parte do Complexo Moderno da Pampulha, que ganhou o título de Patrimônio Cultural da Humanidade em julho do ano passado, graças a título concedido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco). Segundo o gestor do museu, Carlos Henrique Bicalho, há pelo menos 10 anos o MAP vem sofrendo com a falta de atualização de repasses de recursos e, “de um tempo pra cá, com cortes radicais do orçamento que chegam a 150%”.

Dono de um acervo imensurável, o MAP possui hoje parte dele armazenado em um galpão de transporte que pertencente à PBH, como também no Mercado Distrital Santa Tereza, por falta de condições estruturais adequadas. A técnica em conservação da Fundação Municipal de Cultura (FMC), Luciana Bonadio, denunciou que existe uma obra de arte armazenada nestes espaços que foi completamente danificada e vai ter que ser incinerada. “Outras obras que também foram danificadas nestes espaços e são passíveis de reconstrução não poderão ser feitas porque faltam recursos”, desabafou Bonadio.

Para Cida Falabella (Psol), ainda falta muito no município para que as políticas públicas de cultura possam avançar. “Danos ao patrimônio material e imaterial da cidade nem chegam ao conhecimento do público e isto é muito triste”, afirmou. Godoy se mostrou indignado ao afirmar que esta situação caracteriza “uma política de desmonte da memória da história de Belo Horizonte".

Perspectivas

O diretor do Conjunto Moderno da Pampulha, Gustavo Mendicino, lembrou que o MAP, referência em arte contemporânea no Brasil, vai completar 60 anos em 2017. “O museu está passando por um período entre exposições e, assim que a gente conseguir efetivá-las, bem como a programação dos 60 anos, vamos estar plenamente exercendo suas funções, usando o auditório e os espaços para eventos culturais e promovendo a visitação”. Mendicino afirmou que o processo de preservação e restauração é um trabalho diário e contínuo, e garantiu que os gestores culturais estão sempre em busca de soluções para que os trabalhos caminhem da melhor maneira possível.

Para o vereador Pedro Patrus, “é extremamente triste vermos que o único museu público de arte da nossa cidade está largado às traças. Depois da visita, ainda é mais urgente discutirmos sobre o problema do museu, um espaço que deu sustentação para tornar a região da Pampulha um Patrimônio da Humanidade”.

Segundo os parlamentares, para evitar que o poder público continue a exercer uma política de não valorização aos acervos, às memórias e aos museus da capital, audiência pública será realizada pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo no próximo dia 15 de maio, com a finalidade de debater, questionar e prestar esclarecimentos a respeito da situação dos equipamentos culturais de Belo Horizonte.

Superintendência de Comunicação Institucional

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