CONJUNTO ARQUITETÔNICO

Em audiência, secretário afirma que Pampulha não perderá chancela de patrimônio

Moradores questionaram legislação permissiva para uso da região e morosidade nas ações de limpeza da Lagoa

terça-feira, 16 Abril, 2019 - 16:00

Foto: Divulgação CMBH

As ações realizadas pela Prefeitura de Belo Horizonte para a manutenção do título de Patrimônio Mundial Natural e Cultural concedido ao Conjunto Moderno da Pampulha pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) foram tema de audiência pública externa realizada pela Comissão de Administração da Câmara de BH, nesta terça-feira (16/4), no Museu de Arte da Pampulha. Requerida pelo vereador Léo Burguês de Castro (PSL) com a finalidade de discutir os desafios e perspectivas do governo municipal relacionados à preservação do Complexo da Pampulha, a reunião contou com a participação de secretários municipais, representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), de empresários e de moradores da região.

De acordo com o secretário Municipal de Cultura, Juca Ferreira, não há nenhum perigo da Pampulha perder a condição de patrimônio, já que todas as medidas acordadas estão sendo encaminhadas. “Estamos trabalhando no sentido de qualificar a região de forma transparente, discutindo com a cidade e seus moradores”. Para ele, essa chancela de patrimônio representa um processo amplo de cooperação e estímulo para proteção dos bens.

Segundo a presidente da Fundação Municipal de Cultura, Fabíola Moulin, dentre os compromissos assumidos com a Unesco que já foram concluídos estão: a restauração da Casa do Baile, dos jardins de Burle Max, da sinalização interpretativa e indicativa e o desassoreamento da Lagoa com retirada de 800 mil m³ de resíduos. Já entre os que estão em andamento estão: a restauração do Museu de Arte e da Praça Dino Barbieri, demolição de um anexo do Iate Clube e coleta e interceptação, em toda bacia hidrográfica da Lagoa da Pampulha, de ligação clandestina de esgoto.

Com relação à interceptação realizada pela Copasa, o secretário de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão, ressaltou que a empresa já alcançou 96,5% da Bacia da Lagoa da Pampulha, que possui cerca de 10 mil hectares de extensão e percorre vasta área de difícil monitoramento. Valadão explica que a expectativa é que a água alcance a qualidade “classe 3”, definida pelo Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que permite a utilização para esportes náuticos, sem contato direto com a água, e pesca. “No mês passado, três dos cinco itens avaliados já atingiram esta classe”. O secretário ainda destacou o trabalho constante da Prefeitura em retirar as 10 toneladas de lixo diárias da Lagoa.

De acordo com a presidente do Iphan, Michele Arroyo, apesar da Copasa realizar obras de captação de esgoto até então inexistentes, o trabalho de monitoramento e convencimento das pessoas em ligar a rede privada das residências na rede pública é fundamental. Arroyo também destaca outro quesito do título de patrimônio que é a questão da visibilidade do Complexo, hoje comprometida por um anexo construído na área do Iate Tênis Clube. Sobre essa questão, o secretário Municipal de Planejamento, Orçamento e Finanças, André Reis, explica que a demolição da área construída que descaracteriza o projeto original está em negociação, e que deve ser resolvida até dezembro deste ano. Segundo Reis, são necessários R$2,5 milhões para demolição e integração à orla, e que esse montante deverá ser pago com recursos próprios ou por meio de ações pendentes junto ao Ministério Público.  

A presidente do Iphan ainda ressalta que o entorno da Pampulha também deve ter a atenção do Executivo, assim como do Legislativo. “É preciso estar atento às leis que contribuem com o adensamento descontrolado e a verticalização da Pampulha. Deve haver uma parceria entre os poderes para barrar isso”. Nesse sentido, Léo Burguês garante que a Câmara de BH vem agindo com responsabilidade com relação a essas questões, o que inclui a garantia da proteção da região no novo Plano Diretor em tramitação na Casa.

Insatisfação

Apesar de reconhecerem algumas ações realizadas pela PBH para a manutenção do Complexo da Pampulha, o público presente demonstrou insatisfação com questões antigas que não foram resolvidas e com o mau aproveitamento da região pelos produtores e participantes de eventos e também por empresários. Alguns exemplos dos questionamentos levantados foram: o licenciamento flexível de inúmeros eventos e de empreendimentos comerciais e imobiliários, que trazem impactos negativos para a região; a morosidade das ações voltadas para a manutenção dos equipamentos e melhoria da qualidade da água da Lagoa e o mau aproveitamento de importantes edifícios como, por exemplo, a Casa do Baile, considerado Centro de Referência de Arquitetura de Minas Gerais, mas hoje usado com mais frequência apenas como bar.

O vereador Gabriel (PHS) também fez uma série de apontamentos aos secretários sobre a qualidade dos serviços executados. Alguns deles, relacionados à manutenção dos jardins de Burle Marx e das Praças Dalva Simão e Dino Barbiere. “Não considero como meta cumprida, pois achei os jardins bem maltratados. Nunca os vi tão feios. Também vi que colocaram a Praça Dalva Simão como concluída, mas ela está em péssimo estado. Sobre a Praça Dino Barbiere, qual é o próximo passo, uma vez que já foram gastos com ela R$7 milhões?”. O vereador também abordou a questão do acervo do Museu que estaria alocado em local inadequado e questionou sobre a falta de prazo para a limpeza da Lagoa da Pampulha.

Como encaminhamento da audiência, o vereador Léo Burguês afirmou que irá realizar requerimentos de visitas técnicas aos locais apontados para que as situações alertadas sejam verificadas pela comissão.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para discutir os desafios e perspectivas da Prefeitura de Belo Horizonte, relativos à Pampulha Patrimônio da Humanidade - Comissão de Administração Pública