Pais e alunos de inclusão sofrem com falta de infraestrutura para acessibilidade
Em visita parlamentar, PBH e BHTrans garantiram faixa de pedestres, rebaixamento na calçada e vagas para pessoa com deficiência
Foto: Bernardo Dias/ CMBH
Instalada há mais de 70 anos, a Escola Estadual Padre Eustáquio passou a receber, nos últimos anos, um grande número de estudantes com deficiência (26 atualmente), mas não pôde contar com nenhuma obra de reforma para adaptação do espaço às necessidades das crianças. Educadores, gestores e pais de alunos têm denunciado o problema, pontuando que, para que as crianças cadeirantes desçam do 2º andar (salas de aula) para o térreo (pátio de recreio), por exemplo, é preciso que façam um longo percurso pela rua, do lado de fora da escola. A gravidade da situação foi analisada pela Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, em visita técnica ao local, na manhã desta sexta-feira (19/7). O vereador Carlos Henrique (PMN) afirmou que está em diálogo com o Governo do Estado para viabilizar a reforma interna na unidade. Para melhorias no acesso externo, a Regional Noroeste e a BHTrans garantiram implantação de faixa de pedestres, rebaixamento na calçada e duas vagas de estacionamento reservadas para pessoa com deficiência. A escola está localizada à Rua Cesário Alvim, nº 927, no Bairro Padre Eustáquio (Noroeste).
“Quando abre o semáforo ali na Rua Padre Eustáquio (principal via do bairro, com tráfego bastante intenso), os carros descem igual boiada, em alta velocidade”, alertou Carlos Henrique, chamando a atenção para o risco à segurança dos estudantes. “Precisamos de um redutor de velocidade aqui”, sugeriu o parlamentar, propondo a implantação de uma faixa de pedestres elevada antes da entrada da escola.
Degraus dentro e fora da escola
Mãe do jovem Mateus Henrique Andrade de Carvalho (11 anos), que é cadeirante e aluno da unidade, Valéria Gomes de Andrade explicou que, em dias letivos, a situação no local é caótica. As famílias que chegam para deixar os filhos de carro não encontram lugar para estacionar e ainda precisam carregar as cadeiras de rodas para superar o degrau na calçada.
Também o acesso principal ao interior da escola é exclusivamente via escadas. Diante disso, para viabilizar o trânsito das crianças cadeirantes, a Diretoria da escola adaptou uma passagem lateral, que parte do nível da rua e acessa o 2º andar da unidade, onde estão as salas de aula. No entanto, para que os alunos desçam ao térreo no horário do recreio, precisam voltar pela passagem lateral até a rua, descer pela calçada, e entrar novamente na escola usando o portão da garagem, que está em um nível intermediário. Ali, por iniciativa de um dos funcionários dos serviços gerais da escola, foi construída uma rampa (onde havia degraus), para que os alunos cadeirantes possam, então, descer ao térreo, onde está o pátio e o banheiro das crianças.
Valéria Gomes se emocionou ao lembrar que, apesar de simples, a rampinha permitiu que seu filho, hoje, participe do recreio e não fique isolado em sala de aula. A mãe contou que Mateus havia sido matriculado em outra escola, “que era 100% acessível, com rampa e elevador, mas a equipe de educadores não o acolheu”.
“Mesmo não tendo a estrutura adequada para acessibilidade, a E. E. Padre Eustáquio acolhe muito bem as nossas crianças”, elogiou Ione Aguiar, mãe da jovem Giovana Aguiar (9 anos), que tem um grau moderado do transtorno do autismo. No entanto, a reforma interna foi apresentada como uma urgência por todas as mães e gestores presentes. Além das rampas e elevadores para circulação das crianças com mobilidade reduzida, foi cobrada a reforma dos banheiros (que apresentam portas quebradas e enferrujadas) e a construção de um fraldário apropriado (atualmente, foi instalada uma maca, na sala da biblioteca, para troca de fraldas).
Carlos Henrique contou que está em diálogo com o Governo do Estado, junto ao vereador Mateus Simões (Novo), para aprovação de uma emenda que direcione R$ 450 mil para a reforma da unidade.
Intervenções da PBH
Para minimizar o problema, dentro das competências da Prefeitura Municipal e atendendo às reivindicações da comunidade escolar, o coordenador de Atendimento Regional Noroeste, Saulo Queiroz, e o técnico da BHTrans, Jomar Gomes, garantiram a elaboração de um projeto de mudanças na sinalização do local, que deve ser implementado no período de um mês.
As mudanças envolvem a reserva de duas vagas de estacionamento para pessoas com deficiência na porta da escola; o rebaixamento na calçada (rampa) em frente à passagem lateral utilizada pelas crianças cadeirantes e a faixa de pedestres elevada. A BHTrans explicou que a elevação na faixa é restrita a vias com circulação de mais de 600 pessoas por hora e vai estudar o fluxo no local.
Superintendência de Comunicação Institucional