AVALIAÇÃO DO EVENTO

Falta planejamento e organização no Carnaval de BH, segundo agremiações

Belotur apresentou dados favoráveis e destacou que o objetivo é aprimorar até se tornar o melhor carnaval do país

quarta-feira, 2 Agosto, 2023 - 14:30
imagem do pirulito da Praça Sete tomado por foliões, retirada da apresentação de Gilberto Castro, presidente da Belotur, na tela do computados.

Foto: Bernardo Dias/CMBH

O balanço do Carnaval 2023 de BH e as perspectivas para os próximos anos foram debatidos em audiência pública da Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo, nesta quarta-feira (2/8), a pedido de Marcela Trópia (Novo), Cida Falabella (Psol), Pedro Patrus (PT), Professor Juliano Lopes (Agir) e Professora Marli (PP). Segundo os participantes, a festa popular, retomada a partir de 2017, levou para as ruas da capital mineira mais de cinco milhões de foliões e precisa de planejamento para não perder suas características como diversidade, inclusão e pluralidade. Se por um lado o poder público destacou os avanços e melhorias na organização e infraestrutura ofertada, por outro os fazedores de cultura ressaltaram a necessidade de profissionalização e de investimento para garantir a sobrevivência das organizações e o sucesso do Carnaval. A construção de uma política pública que garanta sustentabilidade ao longo do ano foi uma das propostas apresentadas. 

Cida Falabella reafirmou o papel da Câmara Municipal na construção de políticas afirmativas que desenvolvam a cultura e preservem os saberes, além de destacar a importância do aperfeiçoamento dos mecanismos de participação e planejamento para manter as atividades ao longo do ano. Diante do número de empregos gerados e do volume de recursos envolvidos, Marcela Trópia afirmou que “BH podia ter uns três eventos deste durante o ano”. Já Pedro Patrus alertou que é preciso tratar questões importantes para a organização e reforçou a necessidade da retomada do Grupo de Trabalho (GT) do Carnaval.

Evolução das manifestações

O presidente da Belotur, Gilberto Castro, fez um panorama histórico e apresentou dados, com destaque para os legados que geram o sentimento de pertencimento e de amor pela cidade; o fomento ao turismo e à cultura; além do desenvolvimento econômico e a integração entre as políticas que perpassam a atividade. Ele lembrou que, em 2017, foram cadastrados 407 blocos de rua e quatro escolas de samba; que desde 2021 BH participa da Rede de Cidades do Carnaval; e que em 2023 a cidade conta com 540 blocos de rua cadastrados e dez escolas de samba. “Isso comprova o esforço da PBH para fomentar o carnaval”, pontuou.

Gilberto destacou o viés inclusivo e sustentável em sua apresentação. O presidente da Belotur citou os editais lançados em 2023, as ações inclusivas como foliônibus, que circulou pela cidade gratuitamente; intérpretes de libras e espaço prioritário para assistir aos desfiles; e as ações de sustentabilidade como plantio de mudas e apoio à coleta de resíduos. A integração nas áreas de segurança, mobilidade, limpeza urbana, saúde, fiscalização e cultura também foi apontada como ação fundamental para o sucesso da festa, na opinião de Gilberto. “A Belotur trabalha para ser o melhor carnaval do país e estamos colhendo os frutos, conforme mostram as pesquisas de satisfação realizadas com moradores de turistas", avaliou.

O gestor explicou que, apesar da repercussão positiva, o evento não contou com grandes patrocinadores e foi necessário um aporte por parte do poder público, que foi responsável, em 2023, por mais de R$16 milhões dos R$18,5 milhões investidos.  Ele informou que a Prefeitura já iniciou o planejamento do Carnaval 2024 e que fará uma consulta prévia para escutar a iniciativa privada. “Queremos entender o que está faltando para ter investimentos cada vez maiores no Carnaval e esperamos lançar o edital o mais breve possível”, disse. 

Integração Belotur e Secretaria Municipal de Cultura

A secretária municipal de Cultura, Eliane Parreira, assegurou que o objetivo é ampliar a atuação junto à Belotur para estruturar uma política pública que vigore o ano todo e perpasse todas as regiões da cidade. Ela apontou como prioridade a elaboração de um diagnóstico e a consolidação de dados para “entender onde há lacunas”.

Para alcançar o objetivo, a secretária afirmou que a Secretaria Municipal de Cultura pretende avançar em quatro eixos: memória, descentralização, ampliação dos editais de cultura, e participação de eventos na cidade. Ela revelou que estão em andamento dois inventários - um sobre o carnaval e um sobre o samba -, que vão identificar a festa popular como patrimônio cultural da cidade, além de planejamento de exposições e mostras sobre o tema. Para promover a descentralização das atividades em todos os territórios, a proposta é fortalecer os centros e equipamentos culturais nas nove regionais. Nessa mesma perspectiva, a SMC pretende inserir apresentações de escolas de samba e de blocos nas programações de grandes eventos e também nas atividades continuadas desenvolvidas em equipamentos públicos culturais e,  ainda, garantir em editais de fomento, a participação desses segmentos de forma a possibilitar a sustentabilidade ao longo do ano. 

Eliane Parreira lembrou que a Conferência Municipal de Cultura será realizada em setembro e sugeriu uma reunião para debater a presença efetiva dos grupos carnavalescos para incluir a temática na conferência.

Segurança

Representantes da PMMG e da Guarda Municipal de BH, responsáveis pela segurança dos eventos, apontaram a necessidade de planejamento na organização do carnaval. O Ten Cel Claudio assegurou que o carnaval de 2023 foi o mais seguro, com redução de 25% das ocorrências criminais. Ele destacou o aumento do efetivo nas ruas, a utilização de drones e de helicóptero, e a visibilidade de destacamentos como ferramentas para aumentar a sensação de segurança nas ruas. Ele contou que a disponibilização de um cartório de registros foi uma das propostas exitosas que deverá se repetir nos próximos anos. 

Falta de apoio

Presidente da Escola de Samba Cidade Jardim, Alexandre  Silva Costa, denunciou a falta de recursos e de planejamento para o carnaval de BH e assegurou que “escola de samba é resistência”. Denner Jackson e Tiene Dias, integrantes da agremiação, destacaram o trabalho social desenvolvido na comunidade e o “poder de salvar vidas que ele representa”. Eles também criticaram a falta de planejamento do poder público. “Estamos em agosto e ainda não sabemos como será o carnaval do ano que vem. Sem verba, o carnaval não acontece e não adianta liberar a verba em cima da hora”, finalizaram.

Representante do Bloco de Rua Então Brilha, Mariana Fonseca também criticou a falta de planejamento. “É um erro político, estratégico e econômico enorme não planejar e ainda tratar o carnaval como um produto turístico. É uma manifestação popular que precisa de proteção e investimento o ano todo”, disse. 

Ela concordou com Eliane Parreira quanto à necessidade de utilizar os equipamentos culturais como apoio para guardar acervos, ensaiar, fazer apresentações e movimentar a cultura durante o ano, mas lamentou a dificuldade de diálogo e de acesso. Mariana Fonseca pontuou que é preciso promover melhorias na área de segurança durante os eventos e estimular a profissionalização dos fazedores de cultura em BH. “Ao invés de trazer gente de fora, vamos capacitar o povo belo-horizontino e gerar renda aqui”, afirmou. 

Superintendência de Comunicação Institucional 

Audiência pública para fazer um balanço do Carnaval de Belo Horizonte do ano de 2023 - 25ª Reunião Ordinária - Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo