Complexo minerário no Taquaril, que causaria devastação, é alvo de questionamento
Localizado na Serra do Curral, empreendimento da Tamisa está em fase de licenciamento ambiental
Foto: Ernandes Ferreira/CMBH
Pedido de informação aprovado pela Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, nesta terça-feira (6/4), traz de novo ao debate um empreendimento que já gerou discussão: o Complexo Minerário Serra do Taquaril, localizado na Serra do Curral (Região Centro-sul de Belo Horizonte). Autora da solicitação, Duda Salabert (PDT) explicou que há cinco unidades de conservação (UC) em Belo Horizonte num raio de até 3km do empreendimento e, por meio de 32 perguntas direcionadas à secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, Marília Carvalho de Melo, solicita dados e documentos comprobatórios do processo de licenciamento ambiental (em andamento) do empreendimento, pertencente à Taquaril Mineração S/A (Tamisa).
No documento, a parlamentar afirma que na área do empreendimento estão localizadas as unidades de conservação RPPN Minas Tênis Clube, Parque Estadual Floresta da Baleia, Parque Municipal das Mangabeiras, Parque Municipal Paredão da Serra do Curral e Parque Municipal Forte Lauderdale. Professor Juliano Lopes (PTC) parabenizou a colega pelo trabalho. Ele também contou que, no passado, na mesma comissão, houve problemas com o licenciamento da área e o grupo conseguiu barrar o empreendimento, “e agora já vem essa empresa de novo na tentativa de exploração de minério ali naquele lugar tão nobre, tão precioso”.
Audiência e abaixo-assinado
Uma audiência pública sobre o licenciamento, marcada para 25 de março e pedida pela Superintendência de Projetos Prioritários (Suppri) da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), foi suspensa por recomendação do Ministério Público de Minas Gerais, devido a problemas enfrentados para a plena participação popular por meio virtual, e à implantação da fase roxa no enfrenamento à pandemia.
Ambientalistas do Movimento Serra do Curral postaram abaixo-assinado pedindo às prefeituras locais e aos governos estadual e federal a suspensão imediata de quaisquer empreendimentos que causem significativo impacto ambiental à Serra do Curral, além de ações efetivas de recuperação ambiental das áreas degradadas. No manifesto, eles explicam que, se o empreendimento Complexo Minerário Serra do Taquaril for aprovado, significará a retirada de mais de um bilhão de toneladas de minério de ferro, “numa região cercada por nascentes e locais de recarga de água”. Também afirmam que, ao norte do Complexo Minerário, está o bairro Taquaril, a ser impactado diretamente com a poeira e o barulho da atividade, inclusive com a previsão de explosões que podem causar danos às casas.
Além disso, Estudo de Impacto Ambiental (EIA) apresentado pela empresa afirmaria que a instalação do empreendimento gerará impactos negativos de alta significância sobre a fauna e flora. Poderá, ainda, haver sérias consequências para o abastecimento público, pois o Complexo Taquaril se localizará na Bacia do Alto Rio das Velhas, da qual depende a captação de Bela Fama (Copasa), em Nova Lima, responsável pelo abastecimento de cerca de 70% da população da capital e de 40% da RMBH. O EIA teria afirmado que o empreendimento cruzará duas vezes com a adutora da Copasa e há preocupação de que as explosões na cava possam abalar as estruturas do túnel, parcialmente aberto. Além disso, ele poderá receber detritos químicos da atividade, prejudicando a qualidade da água. Por fim, poderá haver interferência sobre a recarga do aquífero Cauê, formação geológica que é o principal reservatório de água subterrânea de todo o Quadrilátero Ferrífero.
Participaram da reunião, remotamente, os vereadores Ciro Pereira (PTB), Duda Salabert, Marcos Crispim (PSC), Professor Juliano Lopes e Wanderley Porto (Patri).
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional