Vereadores questionam liberação de bebidas para a Copa
Um das propostas é ouvir população sobre o tema
Em audiência pública realizada nesta segunda-feira (2/4) pela Comissão de Legislação e Justiça, vereadores e representantes do Poder Público e de entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) debateram a possibilidade de liberação da venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol durante a Copa do Mundo de 2014. Entre os argumentos favoráveis foi citada a necessidade de cumprir o compromisso assumido pelo Brasil junto à Fifa, enquanto os contrários alertaram para os riscos à segurança dos torcedores, relacionando o consumo de álcool à violência.
A exigência da liberação da venda de bebidas alcoólicas no interior dos estádios partiu da Fifa, entidade promotora da Copa do Mundo. A venda já é proibida em algumas das 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. A Lei Geral da Copa, aprovada na Câmara dos Deputados no mês passado, delegou a decisão sobre o assunto aos estados e municípios. “Uma vez que os deputados abriram essa possibilidade, queremos ouvir a população de BH. Ganharíamos muito em termos de imagem internacional, como um país com instituições consolidadas que ouve sua população”, destacou o vereador Joel Moreira Filho (PTC), autor do requerimento da audiência pública.
O parlamentar disse que é contrário à liberação da venda das bebidas alcóolicas durante os jogos já que, segundo ele, seu consumo potencializaria comportamentos violentos. “Já assistimos a verdadeiros linchamentos em estádios e outros atos que as pessoas não cometeriam se não estivessem sob efeito do álcool”, ressaltou.
De acordo com Sérgio Santos Rodrigues, representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MG), caso a venda seja proibida o país correrá um sério risco de cair no descrédito internacional. “Os compromissos assumidos têm que ser cumpridos. Entendemos pela legalidade da aprovação da venda”, afirmou. Segundo o advogado, a tendência internacional é a de se transformar o esporte em um meio de entretenimento, em que os estádios tornam-se arenas multiuso de lazer que vai além dos jogos. “Não podemos ir na contramão dos outros países”, ressaltou.
Segurança
O vereador Heleno (PHS) disse temer a autorização da venda. “Não sei o que é pior: a repercussão negativa do não cumprimento do contrato com a Fifa ou a fragilidade da segurança dos torcedores”, questionou. O parlamentar citou a redução da violência entre as torcidas na Inglaterra após medidas como a proibição do álcool no interior e o entorno dos estádios.
A representante da gerência de Assistência Técnica da Secretaria de Estado da Saúde, Fátima Morelli, também se posicionou contra a liberação, alegando que as bebidas podem funcionar como catalisadoras de ações violentas. “O álcool não muda o comportamento de ninguém, mas sim atua como desinibidor de comportamento. A bebida pode disparar atitudes de pessoas que já têm predisposição a determinadas condutas”, explicou.
Já o gerente de Coordenação de Educação e Gestão da Informação da BHTrans, Humberto Paulino, lembrou que o álcool está presente em 50% das mortes no trânsito. “Mesmo que não haja álcool nos estádios, ele estará presente nas festas que ocorrerão”, ressaltou, ao destacar a importância de campanhas educativas sobre os riscos de se dirigir alcoolizado.
O vice-presidente da Administração de Estádios de Minas Gerais (Ademg), José Reinaldo Lima, disse que aguarda uma posição oficial do governo do Estado a respeito do tema. A vereadora Neusinha Santos (PT) sugeriu que a CMBH solicite à Assembleia Legislativa a realização de uma reunião especial para debater o assunto em âmbito estadual.
Também participaram da reunião os vereadores Geraldo Félix (PMDB) e Sérgio Fernando Pinho Tavares (PV), além do vice-presidente de Assuntos Políticos da Associação Mineira de Cronistas Esportivos (AMCE), Ronan Ramos de Oliveira.
Superintendência de Comunicação Institucional