Vizinhos dos parques na Nordeste cobram revitalização e reativação
Depredação, assaltos, mortes e outros crimes têm ocupado os espaços abandonados pelo poder público
Foto: Abraão Bruck/Câmara de BH
Implantado em 1996, em uma área de aproximadamente 57 mil m², o Parque Escola Jardim Belmonte (bairro homônimo) era referência para os moradores da região, oferecendo atividades de educação, cultura e esportes, até sua completa desativação em dezembro de 2015, quando foi alvo de incêndio criminoso. Em visita da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana ao local, na tarde desta segunda-feira (20/2), moradores cobraram a recuperação do espaço e a reativação das atividades. O colegiado também visitou o Parque Municipal Professor Guilherme Lage (Bairro São Paulo), onde a situação é ainda mais grave, estando o local controlado por ações de tráfico e exposto a diversas formas de violência.
Belmonte
Mato alto, lagoa assoreada, ruínas das edificações incendiadas e árvores caídas ilustram o cenário visto, atualmente, no Parque Escola Jardim Belmonte. A área, que já chegou a receber 600 pessoas, diariamente, para atividades esportivas e culturais, está abandonada há mais de um ano. Moradores do Bairro Jardim Belmonte afirmaram que, em razão da desocupação do parque pelas atividades da prefeitura, que incluíam uma unidade da Escola Integrada, Academia da Cidade, Orquestra de Flautas (curso de musicalização) e grupos de escoteiros mirins, o espaço, hoje, deu lugar a usuários de drogas e esconderijos para criminosos. A comunidade destacou que tem medo de ir ao local e lamentou a demora na recuperação das edificações danificadas e na reativação das atividades.
Presidente da Fundação Municipal de Parques, Sérgio Augusto Domingues, que está assumindo o posto este ano, garantiu que vai buscar acelerar a reativação do parque. O gestor destacou que a fundação precisa de recursos para reconstruir as edificações destruídas pelo fogo e estabelecer parcerias junto aos demais órgãos do governo que garantam a segurança do patrimônio e das pessoas que frequentam o parque.
“Já fizemos a revitalização de um dos imóveis no ano passado, com o apoio dos moradores, mas perdemos todo o investimento pela ausência das instituições de segurança pública”, lamentou o servidor Robson Machado, integrante do corpo técnico da fundação. Os moradores acreditam que a demora na reativação das atividades dentro das edificações permitiu que a unidade fosse saqueada. Foram roubadas as novas portas, telhas e janelas instaladas na construção onde funcionava a Academia da Cidade.
Perspectivas
A Fundação de Parques explica que está contando com recursos da Copasa para atuar na revitalização do parque. De acordo com o órgão, a Copasa realizou intervenções no Córrego Gorduras (localizado no entorno), que teriam impactado no manejo do parque. Diante do fato, foi negociada com a empresa uma série de ações como compensação pelo dano. Além disso, a Copasa desenvolve no local o Programa de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD), que já prevê melhorias no espaço.
Dentre as intervenções negociadas estão o cercamento do terreno, a instalação de guaritas nos dois portões e a construção de sarjeta ao redor de todo o parque. As obras devem ser iniciadas ainda no 1º semestre de 2017.
“A gente não pode jogar a responsabilidade de recuperação do parque para a Copasa. Ela deve oferecer as contrapartidas devidas, mas o poder público é que precisa assumir suas responsabilidades e retomar as atividades”, alertou o vereador Edmar Branco (PTdoB), autor do requerimento para as visitas. O parlamentar garantiu que vai acompanhar as ações e cobrar celeridade na recuperação do parque.
Parque Guilherme Lage
Mobilizado a partir de denúncias de moradores e usuários, o vereador Edmar Branco visitou também o Parque Municipal Professor Guilherme Lage, onde o cenário é ainda pior. Com uma imensa área verde de aproximadamente 120 mil m², o parque está instalado em uma região bastante adensada, tendo casas em todo seu entorno. Tendo sido bastante usado pela comunidade até o final dos anos 1990, o local hoje está abandonado.
O limite inferior do parque é aberto e se conecta a um campo de várzea disponível à comunidade, no entanto, conforme depoimentos de vários moradores e funcionários, o local é absolutamente perigoso e tem afastado os usuários. No final do ano passado, foi encontrado o corpo de uma mulher morta em uma das lagoas do parque. A área de acero da mata, que funciona como uma espécie de isolamento em caso de incêndio e deveria estar limpa, tem sido usada como depósito de lixo e ponto para tráfico e uso de entorpecentes.
“A comunidade não usa o parque porque tem medo. Tem pessoas fazendo um mau uso do espaço. Mas elas não precisam de polícia, precisam é de assistência social”, alertou o morador Elvis Márcio, liderança local. “Muita gente é assaltada aqui, até mesmo os funcionários do parque. O ambiente gera insegurança aos moradores. A ociosidade permite à criminalidade tomar conta”, completou o Elvis, destacando que o parque já não oferece condições mínimas de permanência, não tendo sanitários, nem bebedouros, ou mesmo manutenção nas árvores (muitas estão caídas).
A Fundação de Parques destacou a dificuldade em garantir a segurança do local sem o apoio das instituições públicas responsáveis. O órgão também explicou que está trabalhando com uma equipe bastante reduzida e baixo orçamento. Exemplo disso, seria a impossibilidade de fazer podas de árvores, uma vez que tem apenas duas serras e as duas estão estragadas.
Demais parques
O roteiro original, aprovado pela comissão, prevê a fiscalização de todos os parques públicos municipais da Regional Nordeste, incluindo, portanto, o Parque Municipal Professor Marcos Mazzoni, conhecido como Parque da Cidade Nova (Rua Dep. Bernardino de Sena Figueiredo, 1022, Bairro Cidade Nova); o Parque da Matinha (Rua Leôncio Chagas, 350 - Bairro União); o Parque Municipal Renato Azeredo (Av. José Cleto, entre os números 152 e 300, Bairro Palmares); o Parque Ismael de Oliveira Fábregas (Rua Horta Barbosa, 1014, Bairro Nova Floresta); o Parque Orlando de Carvalho Silveira (Rua Juruá, 860, Bairro da Graça) e o Parque Fernão Dias (Rua Neide, 33, Bairro Fernão Dias). Por falta de tempo hábil para a visita no mesmo dia, essas unidades devem ser fiscalizadas futuramente.
Superintendência de Comunicação Institucional