Centro de convivência e escola, que dividem espaço, cobram respostas da PBH
Audiência pública debateu situação do Centro de Convivência São Paulo que hoje divide espaço com EM Francisco Bressane de Azevedo
Foto: Bernardo Dias/CMBH
“Nós acolhemos a Escola, mas fomos desacolhidos pelo poder público. Queremos explicações da Prefeitura e o direito a um lugar decente.” O chamado foi feito por Adriane Rodrigues, funcionária do Centro de Convivência São Paulo, durante audiência pública realizada nesta quinta-feira (29/6) pela Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor. Há cinco meses, o equipamento, que promove inserção social de pessoas com sofrimento mental, cedeu espaço para o funcionamento provisório da Escola Municipal Francisco Bressane de Azevedo, interditada por problemas estruturais. Usuários do centro de convivência e comunidade escolar esperavam respostas da PBH quanto ao período de reforma do prédio da escola e soluções para o bom funcionamento de ambas as unidades, mas o Município não enviou representantes para a reunião, apesar do convite às Secretarias Municipais de Saúde, de Educação e de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania.
A situação descrita pela trabalhadora ilustra bem as dificuldades que a comunidade do Bairro São Paulo está enfrentando ao buscar uma solução que atenda os usuários do serviço de convivência e os alunos da Escola Municipal Francisco Bressane. Embora já tenha sido objeto de debate na Câmara Municipal, e de reportagens no rádio e na TV, a Prefeitura Municipal não tem fornecido às coordenações das duas instituições informações concretas sobre o cronograma das obras e o prazo para o fim da interdição do prédio da escola. “Não sei quanto tempo permaneceremos lá (no Centro de Convivência). A Secretaria (de educação) falou em dois anos e meio, três anos, mas já se foram seis meses, e eles ainda estão em fase de diagnóstico”, contou Rosemary Canuto, diretora da escola.
Para o vereador Pedro Patrus (PT), autor do requerimento da audiência, o encontro vem para mostrar que o diálogo e a convivência é o caminho a ser percorrido para entender o que realmente aconteceu e o que pode ser feito a partir de agora. “Não é para colocar um contra o outro, tanto a escola como o centro de convivência sabem que estão todos do mesmo lado, buscando informação e solução”, destacou.
Sobre a ausência de representantes das secretarias municipais convidadas, o vereador Pedro Patrus diz considerar uma questão grave. “A não vinda da Prefeitura a esta audiência é uma afronta à Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor; uma afronta à Câmara Municipal e uma afronta, principalmente, a todos vocês que estão aqui hoje”, afirmou. O vereador lembrou ainda que a Comissão já esteve em uma visita técnica no local, e que a ausência de hoje deixa a todos sem respostas. “Quanto tempo irá durar esta interdição? Qual o cronograma das obras? Será que não existiam escolas na região que poderiam acolher estas crianças num ambiente escolar? Todas estas são perguntas que ficaram hoje sem resposta”, avaliou Patrus.
Restrição do espaço
Para os usuários e trabalhadores do Centro de Convivência São Paulo, a maior dificuldade tem sido em relação à desconstrução da rotina das atividades, e da restrição e descaracterização do espaço ambiental, além da construção de um muro interno que isolou alguns ambientes da unidade, como o pátio central e o estacionamento. “Apagaram nossas obras de arte. Destruíram nossa casa, nosso quintal, nosso bem estar”, relatou Adriane lembrando que os usuários não têm mais acesso a locais importantes para o processo terapêutico, como a praça central.
Para a diretoria e os pais de alunos da Escola Francisco Bressane, a transferência das cerca de 250 crianças para a área do Centro de Convivência também tem sido um desafio. Segundo a diretora Rosemary Canuto, embora a mudança tenha sido abrupta e cercada de insegurança, pois nos primeiros dias as crianças tinham que se assentar no chão, o Centro de Convivência acolheu muito bem a Escola. “São crianças que precisam de espaço, que gritam, cantam, que agitam o ambiente onde estão; mas como vizinhos gostaríamos de ser os melhores vizinhos do mundo”, relatou Rosemary lembrando que o dia a dia tem suas dificuldades.
Encaminhamentos
O vereador Arnaldo Godoy (PT) reforçou que o diálogo precisa continuar e que é preciso insistir na cobrança de uma posição da Prefeitura. “A PBH se omite e aí acontecem estas disputas. Temos que procurar do poder público que assuma a tarefa para a qual ele foi eleito. Não é para sair fora e deixar que a gente se machuque, para eles ficarem assistindo de camarote”, observou o parlamentar.
Como encaminhamentos da audiência, Pedro Patrus anunciou o envio de requerimentos solicitando uma visita técnica à Escola Municipal Francisco Bressane de Azevedo, bem como o envio de informações por parte da PBH quanto à situação e cronograma das obras. O vereador ainda anunciou que irá encaminhar pedido para a realização de uma reunião com representantes das três secretarias municipais, diretoria e comunidade escolar e usuários e trabalhadores do Centro de Convivência.
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional