Morte de garoto atropelado por ônibus foi discutida em audiência
Advogado pede que vereadores requeiram informações sobre o caso. Parlamentares criticam empresa concessionária responsável pelo ônibus
Foto: Abraão Bruck / CMBH
No dia 24 de novembro, Guilherme Marlon Lisboa Muniz, uma criança de 1 ano e 11 meses foi morta ao ser atropelada por um ônibus do sistema de transporte coletivo de Belo Horizonte. O fato aconteceu na Rua Padre Paulo Rególio, no Bairro Céu Azul, após sua mãe, que o carregava no colo, ter ficado com o pé agarrado na porta do veículo enquanto desembarcava. Nesse momento, o menino acabou sendo arremessado ao asfalto e o veículo onde estava acabou passando por cima da criança. O garoto não resistiu aos ferimentos e morreu ainda no local. Já a mãe foi arrastada pelo ônibus por alguns metros até o motorista perceber o que ocorria e parar o veículo. Ela sofreu escoriações. O acontecimento foi tratado em audiência pública da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Transporte e Sistema Viário, nesta quinta-feira (5/12), por requerimento da presidenta da Câmara Municipal, Nely Aquino (PRTB). Durante a reunião, solicitada para a obtenção de esclarecimentos sobre a morte de Guilherme, o advogado da família da criança pediu aos vereadores que apresentem requerimentos cobrando informações que ajudem a elucidar o caso. Os parlamentares se prontificaram a auxiliar na apuração dos fatos. A BHTrans foi convidada, mas não compareceu.
O representante legal da família de Guilherme, o advogado Daniel Igor Mendonça, solicitou aos vereadores que requeiram o registro de vídeo da câmera do ônibus que gravou o momento em que os fatos ocorreram no dia 24 de novembro. Ele também quer que sejam solicitadas informações sobre a manutenção preventiva e corretiva do veículo; o treinamento dado aos motoristas quanto ao embarque e desembarque de passageiros; e os procedimentos internos que a empresa concessionária do ônibus onde estava Guilherme vem tomando para a apuração dos fatos. A família da criança falecida também quer informações sobre o seguro a que teria direito.
Apuração dos fatos
José Renato Lance Mucida, representante da empresa de ônibus Viação Jardins, responsável pelo veículo que atropelou Guilherme, afirmou que o sofrimento da família do garoto não passa despercebido. Ele também disse que as imagens da câmera do ônibus onde estava a criança no dia de sua morte já estão com a Polícia Civil. Ainda segundo ele, os veículos da concessionária recebem a devida manutenção, e os funcionários da empresa o treinamento adequado.
O advogado também afirmou que a empresa de ônibus tentou contato com a família de Guilherme, tendo conseguido falar com uma tia da criança. De acordo com ele, a partir desse contato, a empresa forneceu um veículo para levar a família ao velório do menino. Após esse fato, ainda segundo José Renato Lance Mucida, a empresa não mais conseguiu contatar a família de Guilherme.
Já a representante do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH) declarou que a empresa de ônibus responsável pela linha 608, onde estava Guilherme no momento da tragédia, seguiu de maneira adequada todas as recomendações devidas.
A presidenta da Câmara Municipal, Nely Aquino, afirmou estar “muito insatisfeita” com os posicionamentos apresentados na audiência pelo SetraBH e pela empresa de ônibus no caso de Guilherme e sua família. Ela também colocou a Câmara Municipal de Belo Horizonte à disposição dos familiares do garoto.
O 2º vice-presidente da Câmara, Jair Di Gregório (PP), reclamou da manutenção dos ônibus do sistema de transporte coletivo de Belo Horizonte, qualificando-a como “péssima”. Ele também afirmou que trabalhará para que todo o necessário para a elucidação dos fatos ocorra.
Dor na família
O avô de Guilherme, ao falar em nome da família, reclamou da falta de assistência da empresa concessionária de ônibus, do SetraBH e da BHTrans após a morte do garoto. Ele ainda classificou o acontecimento não como acidente, mas como assassinato. Ele explicou que a pessoa com quem a empresa de ônibus diz ter feito contato não é parente de Guilherme, mas uma vizinha. Ele afirmou que ainda aguarda respostas adequadas sobre o caso por parte dos responsáveis. A avó de Guilherme, muito emocionada com a perda do neto, afirmou que ele deixa muitas saudades. “Ele era minha vida”, disse em referência à criança.
Trocadores
O vereador Gilson Reis (PCdoB) defendeu a volta dos trocadores ao transporte coletivo da capital. O ônibus em que estava Guilherme no dia de sua morte não contava com este profissional, uma vez que era domingo, data em que a legislação dispensa a presença do agente de bordo. Para o parlamentar, a ausência de trocadores nos ônibus de BH tem causado diversos problemas a usuários e sido fator gerador de acidentes. Ele defendeu que os projetos de lei que tratam da obrigatoriedade deste profissional nos coletivos da capital sejam anunciados para votação em Plenário. Além do próprio Reis, que é autor de um projeto sobre o tema que tramita na Casa desde 2016, há outras proposições com objetivo semelhante, como o PL 175/17, que é de autoria dos vereadores Carlos Henrique (PMN), Elvis Côrtes (PHS) e Jair Di Gregório.
Di Gregório lembrou que no dia 12 de dezembro, às 9h30, ocorrerá uma audiência pública, oriunda de um requerimento de sua autoria, no Plenário Helvécio Arantes, para discutir os desdobramentos dos acidentes no transporte público de passageiros, os quais podem ter ocorrido em decorrência da ausência dos agentes de bordo.
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional