Comissão discutirá impacto da covid-19 para as desigualdades de gênero em BH
O assunto será debatido em audiência pública, na próxima sexta-feira (28/5), às 10h, no Plenário Helvécio Arantes
Foto: Cláudio Rabelo / CMBH
A pandemia impacta de forma heterogênea as pessoas conforme o gênero, a classe ou a etnia. Embora qualquer pessoa tenha chances de ser contaminada com o vírus, aspectos sociais somados a essas diferenças podem explicar por qual motivo determinados grupos estão mais expostos à covid-19 e/ou possuem acesso restrito a serviços essenciais de saúde. Entre as dificuldades enfrentadas por mulheres no pandemia está o acúmulo de responsabilidades e atribuições domésticas, a sobrecarga da maternidade, as cobranças do mercado de trabalho e da sociedade. Diante desse contexto, a Comissão de Mulheres vai realizar audiência pública no dia 28 de maio, às 10h, para discutir “o impacto da covid-19 para as desigualdades de gênero”. O encontro foi agendado em reunião nesta sexta-feira (21/5).
Solicitante da audiência, a vereadora Duda Salabert (PDT) afirma que as políticas públicas de enfrentamento à covid-19 não consideram gênero, nem tampouco suas interseções com outras variáveis como raça, negligenciando a vida das mulheres. No que se refere, por exemplo, às responsabilidades das mulheres no âmbito familiar, a parlamentar destaca a importância da priorização da vacinação de mães lactantes no atual contexto.
Ambiente doméstico
A pesquisadora em Saúde Coletiva do Instituto René Rachou/Fiocruz Minas e membro do Centro de Estudos sobre Comportamento Político do Departamento de Ciências Políticas da UFMG, Mariela Rocha, responderá, na audiência, de que forma a pandemia impacta a vida das mulheres em relação aos demais membros da sociedade, já que, segundo o relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o número de feminicídios aumentou de 2019 para 2021, sem contar os casos de espancamentos (1,6 milhão, segundo o Data Folha de novembro de 2019 a 2020). Outro ponto a ser questionado é se há pesquisas sobre o aumento de sintomas depressivos, durante a pandemia, em mulheres.
Já à pesquisadora em Antropologia Social da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e da Rede Covid-19 Humanidade do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paloma Porto, será indagado se a convidada acredita que a população feminina é mais afetada em decorrência da sobrecarga mental nesse período de pandemia; e se houve aumento da taxa de desemprego de mulheres durante o atual contexto.
De Isabela Nogueira Soares da Cunha, representante do grupo de mulheres com filhos Padecendo no Paraíso, se quer saber como se avalia a situação de mães que não possuem rede apoio e precisam trabalhar nesse cenário de pandemia; quais as maiores reclamações de mães e o que pode ser feito para amenizar esses problemas. Também serão pedidos à convidada dados sobre empregabilidade, discriminação e violência sofrida por mães. Outra pergunta a ser feita é como a Prefeitura pode apoiar e ser parceira das mães nesse momento de crise sanitária.
Indígenas
Avelin Buniacá Kambiwé, do Comitê Mineiro de Apoio às causas indígenas, irá falar sobre a realidade das indígenas aldeadas e não aldeadas em relação ao acolhimento (saúde, educação e auxílio governamental) da sociedade e da Prefeitura. Além disso, de acordo com a realidade vivida pelas indígenas em BH, irá falar como a PBH pode apoiar, acolher e prestar serviços essenciais. Relembrando foto de uma menina Yanomami debilitada, numa rede, na comunidade Maimasi na floresta amazônica, em Roraima, amplamente divulgada pelos veículos de comunicação, evidenciando a falta de assistência a indígenas no país, será questionado se essa é, também, uma realidade em Belo Horizonte e o que a Prefeitura pode fazer para auxiliar a comunidade indígena.
Travestis e Transexuais
Bruna Benevides, da Associação Nacional de Travestis e Transexuais será indagada, por sua vez, se existem dados sobre o número de mortes de travestis e mulheres trans antes e durante a pandemia. Também serão solicitadas informações sobre a situação desse grupo, privado de liberdade nesse momento; e sobre necessidades urgentes para essas pessoas no atual contexto. Também pretende-se obter dados relativos ao aumento ou redução do índice de violência; e sobre desabrigados.
Ações da BH
À secretária municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Maíra da Cunha Colares, será questionado o que tem sido feito para amenizar a condição de mulheres em situação de vulnerabilidade durante o atual contexto; que projetos existem hoje, tendo por objetivo apoiar o público feminino que passa por dificuldades (desemprego, violência e falta de acesso à saúde); e onde essas mulheres podem procurar ajuda. Serão, ainda, requisitadas informações sobre o número de casos de violência contra a mulher em BH; sobre quais eram os dados em relação à violência contra as mulheres e feminicídios antes e durante a pandemia; e sobre números relativos ao índice de desemprego de mulheres nesse momento.
Participaram remotamente da reunião as vereadores Iza Lourença (Psol), que presidiu o encontro, Macaé Evaristo (PT), Fernanda Pereira Altoé (Novo) e Professora Marli (PP).
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Instituicional