AUDIÊNCIA PÚBLICA

Pandemia impacta diferentemente mulheres, mães, indígenas, travestis e transexuais

Sobrecarga doméstica e desemprego afetam desigualmente as pessoas conforme o gênero. Assunto estará em pauta na sexta-feira (28/5)

quarta-feira, 26 Maio, 2021 - 16:30

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

A maneira como pandemia de coronavírus afeta as mulheres cisgênero e transgênero, indígenas ou travestis é o tema da audiência pública que discutirá o impacto da covid-19 para as desigualdades de gênero nesta sexta-feira (28/5), às 10h, no Plenário Helvécio Arantes. Solicitado por Duda Salabert (PDT), o evento tem como convidados responsáveis por implementar políticas públicas no municípios, pesquisadores e representantes das categorias mencionadas. A reunião será realizada de forma remota e a população pode participar do debate enviando perguntas, comentários e sugestões por meio de formulário eletrônico  disponível no Portal CMBH.

Na solicitação, Duda explica que a pandemia da covid-19 impacta de forma diferenciada pessoas de diferentes gêneros em um cenário de acúmulo de atribuições de cuidado e responsabilidades no âmbito familiar, com trabalho doméstico feminino e mudanças no mercado de trabalho. Além da sobrecarga materna e outros assuntos que podem impactar a saúde mental da mulher, foi abordado o debate sobre a priorização da vacinação de mães lactantes. 

Tendo em vista abordar o impacto diferencial da covid-19 nas mulheres consideradas em suas pluralidades, foram convidadas a secretária municipal de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania, Maíra  da Cunha Pinto Colares;  a pesquisadora do Programa de Pós- Graduação em Saúde Coletiva do Instituto René Rachou/Fiocruz Minas e do Departamento de Ciência Política da UFMG, Mariela Rocha; a pesquisadora do Programa de Pós-Doutorado em Antropologia Social da UFRGS e da Rede Covid-19 Humanidades do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, Paloma Porto; a integrante do Comitê Mineiro de Apoio às Causas Indígenas, Avelin Buniacá Kambiwá; a integrante da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), Bruna Benevides; e a representante do grupo de mulheres com filhos “Padecendo no Paraíso”, Isabela Nogueira Soares da Cunha.  

Na solicitação da audiência foram feitos questionamentos a cada convidada conforme sua área de atuação no cenário da pandemia de coronavírus. Questões sobre os projetos existentes da Prefeitura que visam apoiar o público feminino que passa por desemprego, violência e falta de acesso à saúde, sobre um possível aumento desemprego e sobre a presença de sintomas depressivos em mulheres, além da realidade das indígenas em relação ao acolhimento da sociedade e Prefeitura, foram feitas. O requerimento também inclui o pedido de dados sobre o desemprego e o número de casos de violência contra a mulher em Belo Horizonte. Foram feitas, ainda, perguntas sobre a situação das travestis e mulheres trans privadas de liberdade, as necessidades urgentes desse grupo e se o índice de violência contra ele aumentou. 

Mulheres e mães

Pesquisa realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica (IBGE) que aponta que cerca de 7 milhões de mulheres ficaram desempregadas no início da pandemia no Brasil, 2 milhões a mais do que o número de homens sem emprego. 

A matéria jornalística “Falar das mães”, publicada por Alice de Souza no portal Lunetas em março desse ano, tem depoimentos que mostram que, após um ano de pandemia, “mulheres deixaram seus empregos para cuidar da casa e dos filhos” e que “no Brasil, a taxa de mulheres no mercado de trabalho é a menor dos últimos 30 anos”.

O texto cita uma pesquisa da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS) sobre “Saúde mental de mulheres com filhos crianças e adolescentes durante a pandemia de covid-19”, com dados preocupantes. Ela contabilizou que 83,82% das mães sentiram maior sobrecarga em cuidar dos filhos durante a pandemia;  25,18% delas apresentaram sintomas depressivos; 26,76% apresentaram sintomas de ansiedade; 22,63% apresentaram sintomas de estresse e 39,05% apresentaram sintomas de estresse pós-traumáticos. Os fatores associados a sintomas depressivos foram ficar desempregada durante a pandemia, sentir-se mais sobrecarregada no cuidado com os filhos e tomar medicamentos de uso contínuo. 

Ele propõe que a ideia da jornada tripla que já recai sobre as mães “se transformou em uma jornada contínua na pandemia, um trabalho que só cessa durante o sono (ou nem isso) e não é remunerado”. E cita o depoimento de Thais Fabris, que pondera que “algumas mulheres de classes A e B conseguiram não dispensar a babá ou empregada doméstica, enquanto para as de classe C e D isso é impossível. Enquanto umas deixaram de comprar delivery e roupa, outras deixaram de comprar comida”.

O impacto da covid-19 para as mulheres cis e transgênero e das mães serão abordadas na audiência em conjunto com as indígenas, travestis e transexuais. 

Superintendência de Comunicação Institucional