Fim de benefícios fiscais das empresas de ônibus é aprovado em 2º turno
Também foi votado em definitivo maior rigor para concessão do serviço de transporte. PLs são resultados da CPI da BHTrans

Obtiveram aval definitivo do Plenário nesta sexta-feira (12/11) dois projetos de lei de autoria parlamentar determinando a revogação de benefícios fiscais concedidos em 2013 e 2014 às concessionárias do transporte coletivo em BH e o impedimento da participação de empresas que possuam dívidas tributárias ou trabalhistas na licitação do serviço. De acordo com a justificativa dos autores, as isenções tinham o objetivo de viabilizar a redução da tarifa, uma das mais caras do país, o que nunca aconteceu. Os lucros aumentados pelo não pagamento do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN) e da Taxa de Gerenciamento Operacional (CGO), que impactaram a arrecadação do Município, também não foram revertidos em melhorias na qualidade do serviço e atendimento das demandas da população. Ainda durante a reunião desta sexta, PL que institui subsídios obrigatórios aos blocos caricatos teve votação suspensa a pedido do autor, Léo (PSL), que decidiu esclarecer dúvidas dos parlamentares que se manifestaram contra a aprovação. No pinga-fogo, o presidente da CPI da Covid, Professor Juliano Lopes (Agir), criticou a reação do prefeito Alexandre Kalil ao relatório final da CPI, que pede seu indiciamento.
O PL 197/2021 propõe a revogação da Lei 10.638/2013, de autoria do ex-prefeito Marcio Lacerda, que isentou as concessionárias do pagamento do ISSQN, e da Lei 10.728/2014, que suspendeu a cobrança da CGO de 2% da receita das empresas, que cobria as despesas do Município com a regulação e fiscalização do serviço. Na discussão do PL em 1º turno foi informado que, com a concessão dos benefícios, a Prefeitura deixou de arrecadar R$ 302 milhões, que poderiam ter sido usados em prol da população da cidade. O projeto é assinado por Gabriel (sem partido), que presidiu a CPI da BHTrans, pela vice Bella Gonçalves (Psol), pelo relator Reinaldo Gomes Preto Sacolão (MDB), pelos titulares Wanderley Porto (Patri), Professor Claudiney Dulim (Avante), Braulio Lara (Novo) e Rubão (PP) e por outros nove parlamentares: Álvaro Damião (DEM), Henrique Braga (PSDB), Iza Lourença (Psol), Jorge Santos (Republicanos), Marcos Crispim (PSC), Nely Aquino (Pode), Professor Juliano Lopes (Agir), Professora Marli (PP) e Wilsinho da Tabu (PP).
O PL 198/2021, de autoria dos membros da CPI da BHTrans, condiciona a participação em licitações para concessão do serviço à apresentação de documentação relativa à habilitação jurídica, qualificação técnica e econômico-financeira, regularidade fiscal e trabalhista de cada uma das integrantes de consórcios ou outras organizações empresariais concorrentes; a exigência valerá durante toda a vigência do contrato.
Wanderley Porto, membro titular da CPI e um dos signatários do PL, elogiou o trabalho sério e independente do grupo e protestou contra as “muitas mentiras que foram levantadas nos últimos dias acerca da proposta; alguns chegaram a dizer que a medida vai causar o aumento da passagem”, relatou. Refutando a afirmação, ele lembrou que as isenções nunca entraram no cálculo das tarifas nem resultaram em sua redução, beneficiando apenas as empresas. De acordo com o vereador, cabe ao Legislativo corrigir esse equívoco: “Todos os setores pagam esse imposto; por que essas empresas que vêm lesando a população por todos esses anos não deveriam pagar?” protestou. Submetido à votação nominal, o Projeto obteve 37 votos a favor e nenhum contra. O segundo PL, em votação simbólica, foi aprovado com apenas duas manifestações contrárias, de Fernanda Pereira Alltoé (Novo) - que aponta inconstitucionalidade em dispositivos que invadem competência exclusiva da União – e da colega Marcela Trópia (Novo).
Blocos caricatos
A votação do PL 1035/2020, de Léo, que apresenta medidas para incentivar e garantir a participação dos blocos caricatos nos desfiles de Carnaval oficialmente promovidos pela PBH, foi suspensa a pedido do autor. Diante da possibilidade da não aprovação em 1º turno, que impediria a apreciação das emendas que aperfeiçoam e corrigem problemas do texto e a ampliação do debate sobre o assunto, Léo decidiu conversar antes com cada um dos colegas que se posicionou contra as medidas propostas para esclarecer dúvidas e entendimentos equivocados, e solicitou o artigo 155 do Regimento, que suspende a votação do projeto até que seja devolvido pelo solicitante.
CPI da Covid-19
Na segunda etapa da reunião, conhecida como pinga-fogo, em que os parlamentares comentam assuntos da cidade e se pronunciam sobre temas que considerem relevantes, o único a usar a palavra foi Professor Juliano Lopes, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito que investigou a gestão da pandemia e a aplicação de recursos pela Prefeitura (CPI da Covid-19). O vereador criticou a reação do prefeito Alexandre Kalil, que chamou de “ridículo” o relatório final aprovado ontem (11/11) no qual é pedido seu indiciamento. Lopes retribuiu o adjetivo: “Ridículo é ele, que emprestou R$ 201 milhões às empresas de ônibus para serem pago em 80 parcelas sem juros e pediu R$ 100 milhões à Caixa para pagar com juros”. O parlamentar exigiu respeito à função fiscalizador do Legislativo, afirmando que a CPI fez sua parte e agora cabe ao Ministério Público a avaliação e decisão sobre as irregularidades apuradas: “Quem não deve não teme!”.
Assista ao vídeo da reunião na íntegra.
Superintendência de Comunicação Institucional