PREVENÇÃO

Vacinação contra HPV nas escolas municipais está prevista para o 2º semestre

Vereadores e PBH discutiram opções de aplicação da vacina; são duas doses com intervalo de 6 meses

terça-feira, 18 Julho, 2023 - 17:45
três mulheres reunidas, sentadas à mesa.

Foto Karoline Barreto/CMBH

As barreiras logísticas, operacionais e familiares para o retorno das ações para a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) nas escolas municipais foram debatidas em audiência pública da Comissão de Mulheres, nesta terça-feira (18/7).  Solicitada por Marcela Trópia (Novo), a reunião abordou a programação vacinal da Prefeitura de Belo Horizonte em 2022 e 2023, em especial em crianças de idade escolar, com foco vacina contra o HPV, que garante proteção contra quatro tipos de vírus humano antes do início da vida sexual, no público de 9 a 14 anos. Representantes das Secretarias Municipais de Saúde (SMSA) e de Educação (Smed) relataram as dificuldades enfrentadas para a retomada do cronograma vacinal no ambiente educacional com a melhoria dos números da pandemia de covid-19, que absorveu recursos do Município nos anos 2020 e 2021 devido à intensidade com que atingiu a população em geral. Representantes da SMSA disseram que a vacinação de HPV está prevista, mas a pasta está focada na atualização vacinal de crianças de até 6 anos. A logística de aplicação das duas doses da HPV, que devem ter um espaço de seis meses entre elas, a resistência de alguns pais em autorizar a vacinação dos filhos e a falta de pessoal para cumprir demandas nas escolas foram problemas apontados pela PBH. Marcela Trópia solicitou informações para uma futura alocação de recursos via emenda impositiva, além de sugerir parceria com as ligas universitárias para um mutirão de vacinação, a ser realizado em 2023 ou 2024. 

Imunização nas interrompida na pandemia
 
Trópia disse que o tema da audiência foi sugerido por uma eleitora obstetra que tem percebido o aumento de incidência de HPV nas consultas. A parlamentar disse que, ao solicitar informações sobre essa vacina ao Município, foi informada de que ela foi descontinuada durante a pandemia. Ela acrescentou ser importante discutir o tema na Comissão de Mulheres porque a incidência da doença é mais grave no gênero feminino, podendo acarretar câncer no colo do útero, o segundo de maior incidência entre as mulheres, além de verrugas genitais. A vereadora disse que, embora a vacina esteja disponível nos centros de saúde, ela não é oferecida atualmente nas escolas municipais, e questionou como ela e seus colegas podem contribuir para a melhoria desse cenário. 
 
“A vacinação contra o HPV e outras doenças foi interrompida em 2020 e 2021em função da pandemia de coronavírus”, afirmou Fabiana Regis, gerente do clima escolar e representante da Secretaria Municipal de Educação. Ela contou que vacinas contra doenças diversas, voltadas para crianças de 0 a 14 anos, foram retomadas em 2022, e que, nesse ano, a Prefeitura está realizado a atualização vacinal infantil, que prevê a inclusão contra o HPV.

Autorização dos pais e equipe disponível

A coordenadora técnica de Imunização da SMSA, Gisele Lúcia Nacur, mostrou a estrutura vacinal de Belo Horizonte, que inclui 152 centros de saúde, 159 salas de vacina próprias, 10 unidades conveniadas e 433 clínicas privadas de vacinação. Segundo ela, em 2022, com o declínio da incidência de coronavírus, houve retomada do protocolo contra o HPV, com a aplicação de 3.758 doses, 60% delas em meninas. A coordenadora também explicou que a vacinação contra o HPV nas Escolas Municipais de Educação Infantil (Emeis) é muito importante e depende de fatores como autorização dos pais e a disponibilidade de equipes volantes. 
 
Marcela Trópia disse que emendas impositivas podem contribuir com recursos para a realização de ações como essas, mencionando o mutirão oftamológico realizado em 2021. Além do recurso citado, a parlamentar perguntou como poderia contribuir, questionando sobre o calendário de vacinação e poderando que seria melhor a primeira dose da vacina contra HPV ser ministrada no início do ano letivo, uma vez que ela inclui duas doses com intervalo de seis meses entre elas. Ela também pediu uma previsão de vacinação contra o HPV em 2023. 
 
A assessora de Vigilância em Saúde da SMSA, Jandira Lemos, disse que contribuições para a contratação de equipes de vacinação são bem-vindas, uma vez que os profissionais estão empenhados nas vacinações de influenza e meningite, e que o calendário vacinal se encontra no site do Ministério da Saúde, que inclui a vacina contra HPV. Ela acrescentou que as unidades de saúde estão aplicando vacinas das 7h às 19h, e que está sendo avaliada a abertura durante um sábado por mês para aumentar a cobertura em geral. Lemos explicou que muitos pais resistem à vacinação contra o HPV devido a falsas informações de que o imunizante seria um estímulo ao início da vida sexual. “Queremos proteger os adolescentes para que não desenvolvam cânceres”, defendeu, acrescentando que recursos provenientes de emendas impositivas podem contribuir com a vacinação nas escolas.
 
Gisele Lúcia Nacur disse que atualmente a média de cobertura vacinal em geral está baixa, em torno de 70%, porque a pandemia de coronavírus gerou um desgaste na população. A coordenadora técnica de Imunização afirmou que uma das possibilidades de ajuda seria o investimento em equipes volantes permanentes, para atender demandas nas escolas e nas empresas de construção civil. 

Parceria com universidades para mutirão
 
Marcela Trópia disse haver uma percepção de descontinuidade da política, e sugeriu que fosse feita uma parceria com as ligas universitárias para um mutirão de vacinação, o que pode estimular a adesão. A parlamentar disse compreender que o recurso essencial das vacinas seja voltado para as crianças de até 5 anos, mas que é importante não deixar em descoberta a vacinação contra o HPV. Ela acrescentou que a presença de uma equipe jovem nas escolas pode estimular a vacinação. Jandira Lemos, Vigilância em Saúde, recebeu a sugestão e disse que as universidades têm atuado internamente, e que a UNA irá implementar uma sala de vacinação permanente via convênio com o Município. "Vamos trabalhar o ano que vem pela parceria com as ligas universitárias. Acredito muito da parceria entre educação e saúde”, concluiu Marcela, dizendo que irá fazer propostas para 2024. 
 
Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para discutir a importância do retorno das ações para a vacinação do HPV nas escolas municipais, bem como a inclusão no calendário vacinal de rotina pela PBH-23ª Reunião Ordinária: Comissão de Mulheres