Sinais sonoros em escolas podem ser substituídos por músicas em benefício de alunos autistas
PL busca trazer mais conforto para alunos com TEA que tenham sensibilidade aguçada

Os tradicionais sinais sonoros em instituições de ensino públicas e privadas podem deixar de existir caso seja aprovado o Projeto de Lei 720/2023. A Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo aprovou, nesta quarta-feira (20/3), parecer favorável ao Substitutivo-Emenda 1 ao texto original, que prevê a substituição de sinais sonoros por musicais, que não gerem incômodo sensorial ou risco de pânico em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O projeto ainda precisa passar por mais duas comissões antes da votação definitiva em Plenário. A comissão também emitiu pareceres favoráveis ao PL 780/2023, que cria o Programa Capoeira nas Escolas, e ao PL 825/23, que propõe a utilização de textos bíblicos como recurso paradidático nas escolas.
O PL 720/2023, de autoria de Bruno Miranda (PDT), propõe a substituição gradativa dos sinais sonoros utilizados nos estabelecimentos das redes pública e privada por sinais musicais adequados às pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), evitando que sejam submetidos a incômodos sensoriais ou risco de pânico. De acordo com o texto, a substituição será feita à medida da necessidade de reposição do equipamento. A Comissão de Legislação e Justiça (CLJ) apresentou Substitutivo-Emenda 1, retirando a obrigação de a Secretaria Municipal de Educação fiscalizar a aplicação da medida e propondo alteração da Lei Municipal de Inclusão (Lei 11.416/2022), de forma que a norma faça parte de um único diploma legal, em vez de resultar em lei esparsa sobre o tema.
Segundo a relatora, Professora Marli (PP), a medida, sensível e inclusiva, demonstra uma preocupação legítima com a inclusão e o bem-estar das pessoas com TEA no ambiente escolar. “A introdução de sinais musicais que não causem desconforto exacerbado é uma estratégia que pode contribuir significativamente para criar um ambiente mais acolhedor e acessível para esses alunos”, afirmou.
A emenda que ainda será submetida às Comissões de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor e de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana antes de poder ser incluída na pauta para votação definitiva. Para ser aprovado, o texto precisa de 21 votos favoráveis no Plenário.
Capoeira nas escolas
Tramitando em 1º turno, o PL 780/2023 , assinado pelas vereadoras Cida Falabella (Psol) e Iza Lourença (Psol), cria o Programa Capoeira nas Escolas, voltado ao incentivo da prática e do aprendizado sobre esse esporte, que faz parte do patrimônio histórico e cultural afro-brasileiros. Segundo as autoras, “o humanismo é a raiz da capoeira. Ela educa, ensina o respeito, dá sentido à mente e ao corpo, cria auto-estima nos seus praticantes - dá sentido à vida do seu povo". Cida Falabella defendeu o projeto alegando que se trata de uma educação antirracista e de grande tradição.
Ao concordar com as parlamentares em sua relatoria, Álvaro Damião (União) afirmou que a capoeira, reconhecida internacionalmente como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco, representa a resistência dos povos africanos escravizados no Brasil, além de ser uma manifestação artística que promove valores como respeito, autoestima e integração social.
Antes de ser votada em Plenário, no 1º turno, a proposição será apreciada nas Comissões de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor e de Administração Pública. Para ser aprovado, o texto precisa do voto afirmativo da maioria dos presentes em votação simbólica.
Leitura bíblica
Ainda durante a reunião, o colegiado acatou o parecer favorável ao PL 825/2023, que dispõe sobre a leitura bíblica como recurso paradidático nas escolas públicas e particulares. Segundo o texto, as histórias bíblicas utilizadas deverão auxiliar os projetos escolares de ensino correlatos nas áreas de história, literatura, ensino religioso, artes e filosofia, bem como outras atividades pedagógicas complementares pertinentes. Ainda de acordo com a proposição, a liberdade religiosa está garantida, uma vez que nenhum aluno poderá ser obrigado a participar das atividades propostas. Flávia Borja (PP), autora do PL, afirma que, além de ser um livro cristão, a bíblia é um livro histórico com descrições precisas de um tempo longínquo.
Em sua relatoria, Professora Marli destacou que, ao utilizar a bíblia como recurso paradidático, as escolas têm a oportunidade de enriquecer o processo de ensino-aprendizagem, explorando não apenas aspectos religiosos, mas também literários, históricos, geográficos e arqueológicos presentes nos textos bíblicos. Isso pode contribuir para uma educação mais abrangente e interdisciplinar.
O texto agora vai passar pela Comissão de Direitos Humanos, Habitação, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor antes de ser submetido ao Plenário, em 1º turno, quando estará sujeito ao voto da maioria dos presentes.
Superintendência de Comunicação Institucional