MEIO AMBIENTE

Secretário confirma reabertura de Parque Lagoa do Nado para terça (3/12)

Especialistas alertam que rompimento de barragens de mineração poderia interromper abastecimento de água em BH

segunda-feira, 2 Dezembro, 2024 - 18:30
Skatista em pista de skate do Parque Lagoa do Nado

Foto: Adão de Souza/ PBH

O Parque Lagoa do Nado irá reabrir nesta terça-feira (3/12), de maneira parcial, segundo o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Leandro César Pereira. A informação foi passada durante audiência pública realizada nesta segunda (2/12), pela Comissão de Meio Ambiente, Defesa dos Animais e Política Urbana. A reunião foi realizada a requerimento das bancadas do PV, PT e Psol para discutir a segurança das barragens de Belo Horizonte, especialmente a do Parque Lagoa do Nado, após o rompimento ocorrido no dia 13 de novembro. Segundo o secretário, a Prefeitura criou uma Comissão de Sindicância para investigar as causas do rompimento e notificou o Ministério Público para apurar o caso. Wagner Ferreira (PV), que presidiu a reunião, informou que na sexta-feira (6/12), os vereadores farão uma visita técnica ao Parque Lagoa do Nado, às 10h, para verificar a situação do local.

Durante a audiência, moradores do entorno e lideranças denunciaram a falta de informações a respeito do andamento das obras. “Estamos nos sentindo invisíveis. Não recebemos nenhuma informação do poder público. Queremos saber se teremos nossa barragem de volta, se a fauna e a flora serão recuperadas. E quando”, disse Angélica de Barros, da rede de vizinhos do Itapoã.

Negligência

Para Margareth Ferraz Trindade, do Movimento Salve a Mata do Planalto, precisa haver uma responsabilização. “Em 2019 e em 2021, a Prefeitura foi alertada em relação aos riscos de rompimento. E há dois meses um funcionário do parque avisou que estavam ocorrendo infiltrações. Mas a Prefeitura dizia que estava tudo normal. Não é culpa da chuva, é negligência, tragédia anunciada”, afirmou.

Sobre os relatórios que alertavam quanto aos riscos, o secretário municipal de Obras e Infraestrutura afirma que houve uma leitura equivocada. “O barramento tem mais de 80 anos e o que o relatório dizia é que ele não estava em conformidade com as normas atuais, por isso teria que haver uma readequação”, explicou.

Investigação e reconstrução

Leandro disse que a Prefeitura tem dois eixos de atuação: investigação e reconstrução. No que concerne à investigação, foi criada uma Comissão de Sindicância para apurar as causas do rompimento. Uma possível causa pode estar na retirada de uma estrutura que faz o controle do nível de água em períodos de seca, o que ocorreu poucos dias antes. Outra ação foi o encaminhamento do relatório elaborado pelos engenheiros da Prefeitura para apuração do Ministério Público Estadual.

Sobre o outro eixo de atuação, o secretário explicou que, até o final deste ano, está sendo definida a modalidade de contratação para realização das obras, que devem ter início no primeiro semestre de 2025. A reabertura do parque, prevista para esta semana, ocorrerá nas áreas de playground, academia a céu aberto, quadras de peteca, de tênis e poliesportiva, pista de skate, praça do sol, além do Centro de Referência da Cultura Popular e Tradicional (CRCP). A área da barragem estará isolada para segurança dos visitantes. Ele informou, ainda, que será disponibilizado um número de telefone da Regional Pampulha e será designado um servidor para informar à população sobre o andamento das obras.

Risco de desabastecimento

O médico sanitarista, ambientalista, escritor e professor universitário Apolo Heringer Lisboa defendeu que, "em relação às causas dos desastres ambientais, a chuva é apenas uma gota d'água”. Segundo Apolo, não é possível pensar o meio ambiente considerando apenas bairros ou municípios. “A lógica ambiental é diferente. É uma questão macro e sistêmica”, disse. De acordo com o especialista, é preciso dar a devida importância às bacias hidrográficas como viabilizadoras de abastecimento alimentar de qualidade, de desenvolvimento econômico, lazer e transporte. “A indústria e o agronegócio estão retirando água subterrânea e isso está prejudicando muito a vazão dos rios”, denunciou.

Sandoval de Souza, do Observatório de Barragens da UFMG, alertou para a situação crítica de muitas barragens de mineração em Minas Gerais. “Há possibilidade de rompimentos em série, ou seja, uma barragem se rompendo e levando ao rompimento de outra”, alertou. A depender do tipo de barragem e da localização, o rompimento pode levar, inclusive, ao desabastecimento de água para a Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH). “A minha sugestão é que Câmara realize uma audiência pública e chame a Copasa, pois ela tem o dever de resguardar os mananciais de Belo Horizonte.”

Encaminhamentos

O vereador Wagner Ferreira destacou que a audiência foi a segunda ação promovida pela Câmara a fim de fiscalizar o ocorrido no Parque Lagoa do Nado. “Fizemos pedidos de informação à Prefeitura e as respostas, assim que forem enviadas, serão disponibilizadas em nosso site para a população. Também faremos uma visita técnica nesta sexta-feira, para a qual convido moradores da região e cidadãos interessados em participar”, disse.

Assista à íntegra da reunião.

Superintendência de Comunicação Social

Audiência pública - Finalidade: Discutir a segurança das barragens de Belo Horizonte, notadamente a do Parque Municipal Fazenda Lagoa do Nado. Há solicitação de elaboração de Nota Técnica.