MOBILIDADE URBANA

Criação de pista exclusiva para motos está em estudo na Prefeitura

Em audiência pública sobre motofaixas em BH, foram cobradas segurança no trânsito e mais atenção aos motociclistas 

 

quinta-feira, 10 Abril, 2025 - 19:15
Vereadores e convidados no Plenário Helvécio Arantes

Foto: Cláudio Rabelo/CMBH

Vereadores se reuniram com motociclistas e autoridades nesta quinta-feira (10/4), para uma audiência pública realizada pela Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços. O objetivo era debater a respeito da inclusão de faixas exclusivas para motos na cidade. Braulio Lara (Novo), requerente da discussão, argumentou que "o modelo de mobilidade já funciona em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo" e essa era uma oportunidade de ouvir sugestões para as vias em que deverão ser instaladas as primeiras motofaixas da cidade. Ele destacou que já existe reserva orçamentária prevista para essa intervenção em 2025, inclusive de emenda impositiva de sua autoria, que destina R$500 mil para esse fim. Convidados explicaram que a mudança é necessária para aumentar a segurança não só dos pilotos, mas de todos que interagem no trânsito em Belo Horizonte. Representante da Prefeitura disse que é desejo do prefeito implantar as motofaixas e que estão sendo feitos estudos de viabilidade. A previsão é de que até julho deste ano exista um projeto pronto para a efetiva implantação.

Segurança no trânsito

Um dos pontos mais destacados durante a reunião foi a questão da segurança. Braulio Lara disse que os acidentes de trânsito na cidade só vêm aumentando e que alguma coisa precisa ser feita. As vias exclusivas para motos são uma forma de melhorar a situação, deixando motociclistas mais seguros. O parlamentar citou a cidade de São Paulo como um exemplo bem sucedido, dizendo que nos locais onde foram implantadas as motofaixas o número de intercorrências diminuiu

A subsecretária de Operações de Transporte e Trânsito da Superintendência de Mobilidade (Sumob), Jussara Bellavinha, apontou que 75% das vítimas de acidentes de trânsito em Belo Horizonte são motociclistas. A representante da secretaria declarou que o problema é “uma epidemia na cidade” e que a quantidade de atropelamento por motos é outro dado preocupante. A convidada também utilizou o exemplo de São Paulo, ressaltando a intensa campanha de conscientização e educação no trânsito que o município fez juntamente à inclusão das faixas exclusivas, afirmando que isso precisa ser replicado em Belo Horizonte.

Sargento Jalyson (PL), que já foi mototaxista e utiliza motocicleta como transporte, contou que já sofreu dois acidentes por causa de negligência de terceiros no trânsito. Ele afirmou que protocolou um projeto de lei para criação do Dia do Motociclista, com a intenção de que na data sejam realizadas ações preventivas de conscientização no trânsito. Lucas Ganem (Pode) concordou com as afirmações dos colegas. "Ou vamos investir em precaução ou em aparatos para a saúde pública”, declarou.

Falta espaço

Jussara Bellavinha reiterou que é uma vontade do atual prefeito a implantação das motofaixas e que estão sendo feitos estudos sobre onde essas vias podem ser instaladas. A convidada ponderou, no entanto, que um dos principais desafios é o espaço para implantar as novas faixas. Segundo ela, retirar uma faixa de carros não é opção, porque causaria mais transtornos ao tráfego de BH. A solução seria a retirada de estacionamentos, redução de canteiros centrais e remanejo de árvores, e que isso demanda discussão e tempo. De acordo com a subsecretária, duas das avenidas com mais ocorrências de acidentes, por exemplo, a Cristiano Machado e a Antônio Carlos, não comportariam as motofaixas. 

Braulio afirmou que entende as questões técnicas e que sugere que as intervenções comecem nos lugares em que já existem os corredores de moto. O vereador acentuou que as pessoas já transitam entre duas faixas e os outros motoristas entendem que têm de deixar o espaço livre, principalmente em vias com grande retenção. A demanda é que esse locais, que já são espontaneamente criados, sejam demarcados. Ele citou como exemplo as avenidas Nossa Senhora do Carmo e a Amazonas, além do Anel Rodoviário, que deve ser municipalizado e poderá ser reformado.

Ederson Júnior, conhecido como “Júnior Motoboy”, também sugeriu a criação de uma motofaixa em um trecho da Avenida Tereza Cristina. Para ele, "em lugares onde haja estreitamento da via, que seja sinalizada a interrupção da faixa". Além disso, o motociclista disse que seria interessante, mesmo em vias que não possam ter a motofaixa, que seja criado pelo menos um trecho exclusivo que chegue até o motobox (área logo antes dos semáforos que são exclusivas para motos). A representante da prefeitura disse que levará a sugestão para ser avaliada.

Os presentes também fizeram críticas relacionadas às ciclovias, apontando que muitas delas foram introduzidas no lugar de faixa de carros, como aconteceu na Avenida Afonso Pena. “Vocês acham espaço para ciclofaixa, mas não acham para motocicleta”, disse Jéssica Magalhães, que faz parte de um coletivo de mulheres motociclistas. Júnior Motoboy argumentou que as faixas para bicicleta poderiam ser feitas nas calçadas, deixando espaço para as motos e que, portanto, a justificativa da falta de espaço não se mantém.

Em resposta, Jussara Bellavinha disse que, ao contrário das motofaixas, que não são previstas nas leis de trânsito, as ciclovias fazem parte do Plano Diretor da Cidade. Segundo ela, o plano segue uma linha de pensamento que busca diminuir a poluição, incentivando o uso das bicicletas.

Alternativas

Alguns dos convidados citaram exemplos de outros municípios. Pedro Ivo, do moto clube Original Niners, destacou que na cidade de Vitória (ES), os pilotos compartilham as faixas exclusivas com os ônibus, e que essa poderia ser uma opção. Frederico Barbeiros corroborou a fala do colega, dizendo que na sua região frenquentemente ocorrem engarrafamentos, enquanto a linha do MOVE está vazia. Segundo ele, o espaço está sendo mal utilizado e poderia ser uma opção.

A representante da Sumob se disse surpresa com o fato relatado em relação ao compartilhamento de pistas entre ônibus e motocicletas, porque nas cidades em que a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) autorizou as motofaixas, uma das condições é que elas não sejam feitas ao lado das faixas de ônibus. A razão é de que isso representaria um risco de segurança para os motociclistas, diante da diferença de tamanhos entre os veículos.

Transparência

A subsecretária da Sumob afirmou que existe a previsão de que o projeto de implantação das motofaixas esteja pronto até julho deste ano, e que as reservas orçamentárias para esse fim sejam executadas até o final de 2025. Braulio Lara pediu para que o processo de estudo técnico e criação do projeto seja compartilhado mais claramente. O vereador reforçou que a transparência é importantíssima para que todos entendam o que está sendo feito e para que a Câmara possa auxiliar no que for preciso. “O que a gente quer é que a coisa avance. Não tem como recuar, a motofaixa veio para ficar”, reiterou o parlamentar

Assista aqui à reunião completa.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública - Finalidade: debater o modelo de mobilidade que já funciona em capitais como Rio de Janeiro e São Paulo - 10ª Reunião Ordinária - Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços