Destinação de cadáveres para treinamento de cães farejadores em foco na sexta (30)
Tema faz parte de PL que visa regulamentar doações de segmentos humanos para adestramento de cães que atuam na segurança pública

Foto: William Delfino/CMBH
Quando aconteceu o rompimento da barragem de Brumadinho em 2019, o trabalho de cães farejadores foi essencial para a localização de vítimas que haviam desaparecido na lama de rejeitos. No Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais (CBMMG), os cães bombeiros passam por um treinamento específico que os habilita para atuar nas missões de busca. Com objetivo de discutir formas de refinar o adestramento desses animais, a Comissão de Administração Pública e Segurança Pública realiza nesta sexta (30/5) uma audiência pública no Plenário Camil Caram, às 14h. O requerente, Sargento Jalyson (PL), esclarece que o objetivo é debater um projeto de lei, de sua autoria, que trata da destinação de segmentos amputados e de cadáveres humanos para fins de treinamento de cães farejadores que atuam em operações de busca, resgate e salvamento por órgãos de segurança pública. A discussão pode ser acompanhada presencialmente ou pelo portal e canal do YouTube da Câmara.
Ferramentas essenciais
Segundo o CBM-MG, o faro e a audição aguçados são elementos que fazem os cães diferenciados para o trabalho de busca em situações de desastres. Em ocorrências como vítimas perdidas em matas, soterradas ou presas em escombros, a celeridade na localização da vítima é fator fundamental para se preservar a vida. Quando comparados à capacidade canina, a visão e a audição humana, que são os principais sentidos utilizados em uma busca, são muito limitados. De acordo com a instituição, um cachorro bem treinado consegue detectar o odor de vítimas, carregado pelo vento, a mais de 300 m de distância.
Sargento Jalyson argumenta que, atualmente, o treinamento desses animais ainda se apoia majoritariamente em simulacros sintéticos e, embora estas simulações representem importante etapa pedagógica, elas não reproduzem com a fidelidade necessária as variáveis olfativas encontradas em operações reais.
“Nesse contexto, tem-se que a utilização de material biológico humano doado — segmentos amputados e cadáveres consignados para pesquisa e ensino — acrescenta dimensão prática insubstituível ao adestramento canino”, justifica o vereador.
O parlamentar acrescenta que a vivência sensorial proporcionada, sob supervisão ética e sanitariamente regulamentada, “resultaria em cães mais precisos e operadores mais confiantes”.
Regulamentação
A proposta deve estabelecer critérios de acondicionamento e descarte, e garantir o treinamento adequado dos animais. O parlamentar afirma que a prática já é adotada por instituições de referência internacional, mantendo rigorosos protocolos de biossegurança e respeito à dignidade humana. Ele destaca que o CBM-MG possui estrutura técnica qualificada para receber e manejar esse tipo de material, por meio do Batalhão de Emergências Ambientais e Resposta a Desastres (Bemad).
Para participar da discussão, foram convidados o deputado federal Pedro Aihara (PRD), militares do Bemad e a delegada de Polícia Civil Maria Alice Faria.
Superintendência de Comunicação Institucional