Donos de food trucks cobram melhores condições de trabalho no Mineirão

Empreendedores de food trucks relataram as dificuldades enfrentadas para trabalhar nos eventos que acontecem no estádio Mineirão. A viabilidade dos espaços destinados aos veículos e a abordagem da fiscalização realizada pela Guarda Civil Municipal de BH e pela Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) foram os principais pontos levantados na audiência pública realizada nesta segunda-feira (14/7) pela Comissão de Mobilidade Urbana, Indústria, Comércio e Serviços. Wagner Ferreira (PV), solicitante do encontro, afirmou que fará uma visita técnica ao estádio para que os empreendedores possam sugerir mudanças e entender o trabalho dos órgãos de segurança. Representantes do Executivo municipal afirmaram que está sendo construído um plano operacional para o estádio, e as intervenções ocorrerão "em breve".

Reclamações

Segundo Wagner Ferreira, o debate foi motivado por reclamações que ele teria recebido dos empreendedores de food truck, após um fim de semana de "grandes eventos" na Região da Pampulha, e que o objetivo da reunião seria estabelecer o diálogo entre os envolvidos, buscando um consenso. "O objetivo é esclarecer para todos o papel da Prefeitura de Belo Horizonte através dos seus órgãos, os direitos e deveres de cada um nesses dias de evento, e como a gente pode chegar num consenso, num alinhamento, de forma que a cidade esteja organizada e que as pessoas possam trazer o sustento para suas famílias”, disse o parlamentar.

Localização inviável

As entidades ligadas aos empreendedores destacaram que as vagas destinadas aos veículos não são viáveis para a comercialização. Representante da Associação de Food Trucks de Belo Horizonte (Asfocar), Sirlene Simão relatou que trabalha no entorno do Mineirão há 10 anos e que sempre teve problemas com "pouco espaço" para trabalhar. Sirlene pediu a ampliação dos locais de acesso, mas destacou que as vagas precisam ser viáveis.

“Queremos mais espaço; sabemos dos nossos direitos e dos nossos deveres, estamos fazendo o máximo para estar andando correto com a lei, mas está demais. Se não pode parar na porta do Mineirão, dê acesso próximo, dê acesso às ruas laterais, onde passa o público. Não adianta também ceder pra gente vagas em um lugar longe, que não tem público, onde não passa nada”, cobrou Sirlene.

O gerente da Ação Regional Noroeste-Pampulha da BHTrans, Anderson Leal, esclareceu que, em dias de jogo, o planejamento é feito de forma conjunta com a Guarda Municipal e com a PMMG, a fim de garantir mobilidade na chegada e na saída no estádio. Segundo Anderson, esse planejamento define as regras tanto para pontos de táxi quanto para para os food trucks, totalizando 100 vagas disponíveis em dias de evento.

Segurança

Também representando a Asfocar, Isabela Souza dos Reis destacou diferenças na abordagem da fiscalização dos food trucks e dos caixeiros (ambulantes). Isabela afirmou que os locais destinados aos carros ficam longe dos portões de acesso ao Mineirão, e que a justificativa seria a questão da segurança. Porém, segundo ela, os caixeiros ocupam os passeios sem respeitar as normas e não são fiscalizados. "A gente entende a questão da segurança, mas aí colocam os carros do outro lado da [Avenida Coronel] Oscar Paschoal, e coloca um gradil onde as pessoas não conseguem passar. E aí a gente não pode trabalhar próximo do Mineirão por questão de segurança, mas pode barraca em cima do passeio na frente do portão, pode churrasqueira em cima do passeio, pode botijão de gás. Então que segurança é essa? Não tem o mínimo de respeito pela categoria, e parece que é só com os carros de lanches", questionou Isabela.

A diretora de Fiscalização da Regional Pampulha, Rovena Porto, afirmou que a equipe segue a legislação vigente, mas reconheceu que a questão dos caixeiros é um desafio que demanda "novas conversas".

“Os caixeiros são um desafio para a gente trabalhar em torno do Mineirão. A gente fez uma conversa com eles, e eles podem vender bebida, mas isso que a Isabela mostrou, a maioria não pode mesmo. Só que eles também estão em uma construção. A gente tem feito uma batalha com as associações para que eles entendam que não podem um monte de coisas. Não é uma matemática fácil. Aqui a gente não está falando que 'está tudo certo' não; a gente sabe que não está, a gente não é omisso a isso”, disse Rovena.

Visita técnica ao Mineirão

Representantes da Subsecretaria de Fiscalização da PBH destacaram o trabalho intensivo de planejamento realizado no estádio Arena MRV, na Região Noroeste da capital, e os bons resultados apresentados. Eles também informaram aos empreendedores que o plano operacional para o Mineirão está sendo construído junto com os órgãos de segurança e de trânsito, e que a intervenção nesse estádio ocorrerá em breve. O supervisor do Departamento de Ordem Pública da Guarda Civil Municipal, Humberto Santos, também citou o trabalho feito na Arena em Contagem e afirmou entender a posição dos food trucks.

“A gente entende a questão dos food trucks. Precisa de um trabalho mais integrado, mais ajustado entre as instituições para que a gente possa, a partir de então, desenvolver um trabalho parecido [com o da Arena MRV] no Mineirão, para ajustar essas demandas que, de fato, têm atrapalhado tanto para área de segurança quanto para a comercialização dos próprios food trucks que têm um prejuízo considerável”, disse Humberto.

Wagner Ferreira confirmou a realização de uma visita técnica ao Mineirão em um dia de jogo para que os empreendedores possam sugerir os melhores locais para disponibilização das vagas para os food trucks, além de entender as questões relacionadas à segurança e mobilidade. Para essa visita, o parlamentar disse que serão convidados representantes dos órgãos da Prefeitura de BH envolvidos no planejamento, além da Polícia Militar de Minas Gerais.

Superintendência de Comunicação Institucional