BAIRRO NAZARÉ

Usuários de centro de saúde cobram atendimentos de ginecologia e psiquiatria

Sem profissionais desde 2017, unidade encaminha demandas da população para centros de saúde próximos

quarta-feira, 6 Novembro, 2019 - 15:30

Foto: Bernardo Dias/CMBH

Dezessete mil pessoas. Este número, maior que a população de algumas cidades brasileiras, é a quantidade de pessoas que estão na área de abrangência do Centro de Saúde Nazaré, localizado no bairro de mesmo nome, na Região Nordeste da cidade. Embora a quantidade seja considerável, há dois anos a unidade já não conta com atendimentos médicos especializados de ginecologia e psiquiatria, e as demandas são encaminhadas para outras unidades, ou supridas por meio de parceria. Nesta quarta-feira (6/11), a Comissão de Saúde e Saneamento esteve no local para verificar as condições estruturais do prédio, bem como para ouvir as demandas da população e dos trabalhadores do Centro de Saúde.  A solicitação para a visita foi iniciativa do vereador Edmar Branco (Avante) e participaram da agenda a gerente da saúde da unidade, Danielle Dias, a técnica da Diretoria de Saúde Nordeste (DRES/NE), Fernanda Miranda, a presidente da Comissão de Saúde, Sebastiana Ribeiro, além de moradores dos bairros abrangidos pela unidade.

Estrutura, serviços e segurança

Obra conquistada pela comunidade no Orçamento Participativo, o Centro de Saúde Nazaré foi inaugurado no ano de 2008. Equipada com 14 consultórios, e estruturado em dois andares, a unidade possui salas de coleta, observação, eletrocardiograma, zoonoses, farmácia, consultório dentário, sala de atividades e área com cozinha e despensa reservada aos funcionários.

A unidade trabalha com cinco equipes do Programa de Saúde da Família (PSF). Cada equipe é composta por um generalista; um enfermeiro; um auxiliar de enfermagem e cinco ou seis agentes comunitários de saúde (ACS). Cada equipe do PSF acompanha entre 4 mil a 4,5 mil pessoas. No centro de saúde são ofertados ainda os seis serviços que integram o Núcleo de Assistência à Família (NASF): fonoaudiologia; terapia ocupacional; nutricionista; fisioterapia, psicologia e farmácia.

Segundo a gerente Danielle, cerca de 500 pessoas são atendidas diariamente na unidade. A quantidade de gente é uma preocupação para a coordenação que hoje conta apenas com a Patrulha SUS para realizar a segurança da unidade, que não possui mais porteiro e equipe de programa “Posso Ajudar”. Na Patrulha, cada dois Guardas Municipais, cobrem uma rota, que inclui seis centros de saúde. Eles ficam de 30 a 40 minutos em cada unidade, na parte na manhã e da tarde. “Temos os números de celulares deles e whatsapps, mas o ideal seria o serviço fixo, em tempo integral”, contou a gerente, lembrando que no último mês de agosto houve um caso de ameaça verbal de um paciente em relação a um médico.

Falta de médicos e alta vulnerabilidade

O desafio da violência no entorno pode ser dos fatores que vem dificultando o preenchimento das vagas de médico ginecologista e psiquiatra no Centro de Saúde Nazaré. Sem conseguir contratar estes profissionais, desde o ano de 2017, as demandas por psiquiatra são encaminhadas para outras unidades da região (Centros de Saúde Goiânia e Vila Maria) e a procura por consultas ginecológicas são parcialmente atendidas pelas parcerias com as Faculdades Ciências Médicas e Unifenas. “Todas as segundas, das 13h às 17h, uma professora e um estagiário da Unifenas atendem consultas agendadas aqui mesmo na unidade, e também encaminhamos casos para atendimento na Ciências Médicas”, contou Danielle, lembrando que o serviço não atende a totalidade da demanda e que existe uma fila de espera.

O Centro de Saúde Nazaré está localizado em uma área de altíssima vulnerabilidade social (Classe D) – são quatro classes A, B, C, D - e mesmo com o Abono Fixação oferecido pela Prefeitura a unidade não tem conseguido contratar os profissionais. Segundo a gerente, por terem ficado em aberto por muito tempo, as vagas foram fechadas pela Prefeitura, e agora novo processo para contratação está sob análise da Secretaria Municipal de Saúde.

Equipe é destaque

Mas se os médicos que faltam são uma queixa da população, por outro lado, os que estão lá recebem apenas elogios da comunidade. Desde enfermeiros, auxiliares, clínicos, equipe da odontologia e mesmo as equipes de ACS’s que estão nas ruas, todos têm uma avaliação muito positiva dos usuários e da Comissão Local de Saúde.

Maria das Dores dos Santos é moradora no Bairro Vista do Sol, e há cerca de seis meses o marido precisou fazer uma cirurgia de hérnia inguinal. O procedimento foi feito pelo SUS mesmo, no Hospital São José, porém, todo o acompanhamento pós-cirúrgico foi feito no Centro de Saúde Nazaré. “Fomos recebidos por uma equipe maravilhosa, tivemos todo o atendimento e atenção. Ficamos preocupados, porque era uma cirurgia, mas só temos que agradecer”, contou Maria.

O vereador Edmar Branco (Avante) aproveitou o momento para lembrar que os elogios, a atuação e a participação da comunidade, por meio da Comissão Local de Saúde são muito importantes, em especial, neste momento de ataque pelo qual o SUS vem passando, com o não repasse de verbas por parte dos governos estadual e federal. “O papel do vereador é este, de garantir a voz de vocês, porque quem faz é a Prefeitura, mas juntos a gente consegue chegar lá, mais fortes, pra dizer o que é a prioridade para a comunidade”, destacou o parlamentar.

Branco ainda se comprometeu a encaminhar à PBH ofícios sobre a contratação dos profissionais de ginecologia e psiquiatria, e um requerimento à Comissão sobre a questão dos uniformes do ACS’s, que também foi uma demanda apresentada durante a visita.

Superintendência de Comunicação Institucional

Visita técnica para verificar as condições de operação do Centro de Saúde Nazaré - Comissão de Saúde e Saneamento