Conselho de governança colaborativa pode vir a ser realidade em BH
Projeto conta com o apoio de mais de 50 entidades que pretendem convergir esforços para o desenvolvimento da capital
Foto: Bernardo Dias/CMBH
Pensar o futuro da cidade e colaborar para os planos de desenvolvimento econômico, social e urbano: esta é a proposta do projeto do Conselho de Desenvolvimento Econômico, Sustentável e Estratégico (Codese), um instrumento de governança colaborativa, sem vínculo político, que busca reunir diversos atores da sociedade com vistas a convergir esforços para solucionar problemas de interesse coletivo. A proposta foi apresentada, nesta terça-feira (19/10), pelos representantes do Codese, Silvio Barros e Elvis Gaia, ao vereador Braulio Lara (Novo), que representava a presidente Nely Aquino (Podemos) no evento.
A proposta de criação de um conselho de desenvolvimento colaborativo já obteve êxito em Maringá, Brasília (DF), Manaus e Goiânia e chega agora em Belo Horizonte, onde, de acordo com Elvis Gaia, mais de 50 entidades - como CDL, Sebrae, Fecomércio, Sinduscon, Fiemg, Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura e Sociedade Mineira de Engenheiros - já aprovaram a ideia. “Essas instituições entenderam a necessidade de organizar o crescimento da cidade, de discutirmos juntos o futuro de BH”, afirmou.
Para Silvio Barros, o desenvolvimento e o crescimento da cidade devem ser projetados levando-se em consideração a vontade dos munícipes, não devendo tais temas ficar à mercê de gestões administrativas. Ele considera inapropriado que, a cada gestão, os rumos da cidade sejam alterados, “de acordo com ideologias políticas ou pessoais”.
Planejamento de longo prazo
Ex-prefeito de Maringá, onde o projeto foi implantado com sucesso, Silvio Barros defende que as cidades sejam planejadas em longo prazo, por meio de um projeto de futuro comum, construído de forma compartilhada, apoiado em uma governança de rede, participativa e formada por lideranças locais de diferentes segmentos e setores. Em sua apresentação, Silvio explicou que existem inúmeros problemas urgentes a serem resolvidos pelo poder público municipal, o que acaba inibindo o planejamento de políticas de longo prazo. Nesse cenário, o ex-prefeito fez a defesa de que a colaboração de um órgão externo e plural pode melhorar a gestão e a qualidade de vida na cidade. “Se essa gestão puder ser aperfeiçoada continuamente no sentido de atender às expectativas dos cidadãos, teremos uma cidade cada vez melhor, com indicadores de qualidade cada vez mais elevados, que vão refletir positivamente na vida do cidadão”, afirma.
Segundo ele, para alcançar um nível de excelência é preciso convergir energia, investimentos e esforços do Executivo, Legislativo, empresariado e sociedade no sentido de implantar projetos de interesse coletivo que tragam benefícios para todos. “Não dá para fazer um projeto de cidade a cada nova gestão. É preciso tempo para avaliar políticas e colher frutos e, por isso, temos que pensar o desenvolvimento da cidade independente da gestão”, alega. Barros afirmou que a governança colaborativa possibilita que a sociedade contribua com a Prefeitura para a solução de problemas apontados pelo próprio Executivo.
Ao criticar a descontinuidade recorrente de projetos a cada nova gestão, Silvio explicou que a proposta não é engessar as ações do poder público, mas construir um projeto que indique a direção na qual a sociedade pretende crescer, possibilitando que o gestor persiga metas para atender tais expectativas. “Os projetos sugeridos representarão as demandas da sociedade e deverão ser incorporados a cada gestão”, disse.
Foco no futuro
Questionado por Braulio sobre a concorrência que mais um conselho poderia provocar, Silvio foi taxativo. “O Codese tem foco no futuro”. Segundo ele, os conselhos existentes, além de serem totalmente segmentados, trabalham focados nos problemas já existentes. “Já o Codese usa o presente como base para um diagnóstico e pensa o futuro da cidade de forma global. As câmaras temáticas vão atuar de forma a convergir soluções. Desta forma, é possível planejar espaços de lazer que vão beneficiar não só a área de esporte, mas também de educação, saúde, assistência", afirmou destacando que não há possibilidade de concorrência entre os conselhos.
A presidente do Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (Secovi-MG), Cassia Ximenes, acredita que em breve o projeto poderá ser implantado em BH e que “juntos poderemos construir os melhores projetos para a cidade. Mais que uma governança colaborativa, temos que ter uma governança inteligente”. Ela concordou que é preciso fazer um diagnóstico para entender os principais problemas da cidade e construir soluções com a participação da sociedade, dos órgãos e entidades.
Propostas para o Hipercentro
A falta de propostas para o Hipercentro da cidade pautou a fala da diretora da Associação dos Comerciantes do Hipercentro, Jacqueline Bacha. Segundo ela, problemas com a manutenção de vias e praças, precariedade na limpeza urbana e grande número de pessoas em situação de rua, provocaram o esvaziamento da região. “Precisamos de um planejamento para recuperação da região central de BH e minha expectativa é de que o Codese possa trazer um futuro melhor”, afirmou a diretora da Associação Comercial do Hipercentro.
Ao encerrar a reunião, Braulio Lara salientou a necessidade de engajamento da sociedade para tirar as ideias do papel. “Espero que as pessoas entendam a importância de pressionar o poder público e de participar na construção de soluções que vão melhorar a vida na cidade”, finalizou.
Superintendência de Comunicação Institucional