ORDEM NA CASA

Parlamentares vão cobrar conclusão de obras e limpeza regular no Cemitério da Paz

Nova gestão quer resolver antigos problemas gerenciais que permitiram práticas irregulares na necrópole

quarta-feira, 24 Maio, 2017 - 12:45

Foto: Rafa Aguiar/ CMBH

Obras inacabadas, falta de vigilância e pouco controle gerencial sobre o funcionamento de rotina da unidade estariam criando um clima de insegurança aos usuários e favorecendo práticas irregulares dentro do Cemitério da Paz. As denúncias foram apresentadas pela nova gestão da Fundação Municipal de Parques, responsável pelas quatro necrópoles públicas da capital. Em visita técnica da Comissão de Administração Pública ao Cemitério da Paz, na manhã desta quarta-feira (24/5), os atuais gestores da unidade apresentaram os novos procedimentos implantados para inibir práticas de corrupção e descaracterização da necrópole. Os parlamentares verificaram a situação de uma obra inacabada na unidade, avaliando os riscos e prejuízos ocasionados. Será enviado oficio à Prefeitura cobrando soluções.

Serviços não autorizados

Uma das maiores necrópoles públicas da cidade, com cerca de 300mil m², o Cemitério da Paz realiza, em média, 415 sepultamentos por mês, mas estaria enfrentando diversos problemas que podem colocar em risco o atendimento adequado à população. De acordo com as denúncias apresentadas, os próprios funcionários da unidade, durante o sepultamento, estariam oferecendo serviços paralelos aos familiares dos mortos. Entre as práticas mais comuns estão a construção de lápides verticais, a criação de pequenos desníveis e recuos nas margens do jazigo e a plantação de flores sobre ele. Os funcionários estariam cobrando valores próximos de R$ 70 para realizar cada um dos serviços.

No entanto, idealizada como um cemitério parque, a necrópole deve manter certo padrão estético e estrutural, não apenas para garantir os direitos de todos os usuários, mas também para zelar pela saúde do terreno e do ambiente próximo ao cemitério. Diretor administrativo de parques e necrópoles, Wellington Corrêa explicou que o padrão estabelecido prevê o alinhamento do gramado, como um parque, limitando a identificação dos jazigos a placas horizontais sobre o chão. A criação de recuos no entorno dos jazigos reduziria o espaço disponível para os demais usuários, além de gerar impactos na absorção da chuva. O gestor destacou os riscos de contaminação trazidos pelas flores e outras variações de grama plantadas no local, destacando que, mesmo as flores plásticas geram riscos, como o acúmulo de água de chuva e fertilização de mosquitos transmissores de doenças.

Outras denúncias apresentadas por usuários indicaram a possível articulação entre funcionários do cemitério e funerárias particulares, na tentativa de redirecionar os familiares dos mortos ao serviço privado. Representando também a Fundação de Parques, responsável pela gerência de cemitérios, Saulo Amaral explicou que as denúncias estão sendo apuradas, todas as intervenções irregulares feitas nos jazigos estão sendo desfeitas e que novas rotinas estão sendo implementadas para garantir o pleno atendimento aos cidadãos.

Obras inacabadas

Iniciada em 2015, a obra de revitalização do Cemitério da Paz previa a construção de 12 salas de velórios, dois estacionamentos, uma lanchonete e uma nova sede administrativa – com almoxarifado, depósito, recepção e vestiários para funcionários. No entanto, após 96% de obra concluída, as intervenções foram interrompidas e seguem paralisadas há quase um ano. Engenheira civil da Fundação de Parques, Marcela Ferreira contou que a interrupção da obra coincidiu com o período em a prefeitura demitiu dezenas de vigilantes que atendiam as instituições públicas. Diante da falta de segurança, a sede já construída foi completamente saqueada, tendo sido retirados, inclusive, o cabeamento de eletricidade e as portas das salas e banheiros.

Autor do requerimento para a visita, o vereador Cláudio da Drogaria Duarte (PMN) afirmou que enviará ofício à Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap), solicitando esclarecimentos sobre a interrupção da obra e as previsões de nova licitação para conclusão do serviço.

O parlamentar destacou ainda o grande risco de contaminação e os impactos da presença de uma Unidade de Recebimento de Pequenos Volumes (URPV) em área contígua ao cemitério, próxima a uma Unidade Municipal de Educação Infantil (Umei). O local foi fiscalizado durante a visita, onde foi percebida a presença de pneus e outros rejeitos que são queimados rotineiramente por moradores da região. O vereador afirmou que acionará o secretário municipal de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão, para instalação de um muro entre a URPV e o cemitério, buscando adequar a estrutura e reduzir os impactos locais.

“Percebemos que a nova gestão tem implementado um novo padrão”, reconheceu Duarte, destacando o serviço de capina e limpeza que está sendo feito na unidade. “Mas é preciso que a limpeza seja regular. Vamos cobrar um serviço de manutenção”, afirmou o parlamentar, defendendo a importância de se normatizar os procedimentos para evitar a descaracterização da unidade.

Superintendência de Comunicação Institucional

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