GUARDADORES E LAVADORES

Categoria reivindica regulamentação, pontos de apoio e jaleco de identificação

Trabalhadores pediram o apoio da prefeitura e da Guarda Municipal para o credenciamento da atividade e o combate aos toreros

segunda-feira, 10 Julho, 2017 - 17:00
Em audiência, vereadores, BHTrans, lavadores e guardadores de carro discutem regulamentação de cadastramento da categoria

Foto: Rafa Aguiar / CMBH

Regulamentação do cadastramento, valorização da profissão, proteção contra a criminalidade, jaleco de identificação e pontos de água e energia nas ruas foram reivindicações apresentadas por lavadores e guardadores de veículos, em audiência pública da Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, nesta segunda-feira (10/7). De autoria do vereador Oswaldo Lopes (PHS), que requereu a audiência, foi protocolado na Câmara de BH projeto de lei que defende direitos da categoria. A proposta deve ser aprimorada após o debate.

“Temos direito ao trabalho e ao sustento digno da família. Também queremos dar uma resposta à sociedade, que fica temerosa com a abordagem dos toreros na porta de shows, por exemplo. Por isso, precisamos ser regulamentados, com local fixo, jaleco, tendo direito a ponto de água e energia, porque também somos vítimas do vandalismo”, relatou o presidente do Sindicato dos Lavadores, Guardadores e Manobristas de Carro (Sintralamac), Martim dos Santos.

Pedindo o apoio da prefeitura e da Guarda Municipal, o sindicalista informou que existem mais de 100 pontos de água nas ruas de BH, com autorização da PBH, para utilização dos guardadores, mas estes acabam pagando para outros utilizarem também. Quanto ao ponto de energia, destacou que ainda não é regulamentado por lei. No que se refere ao credenciamento, considera que a medida abre as portas do mercado de trabalho para esses profissionais.

Profissionais credenciados

O vice-presidente do Sindicato dos Lavadores, Guardadores e Manobristas de Carro (Sintralamac), Célio dos Santos, destacou, por sua vez, que existem quase 5 mil guardadores e lavadores ao todo na cidade, sendo 2 mil credenciados. De acordo com Santos, os guardadores de carro criam vínculo e são respeitados pelos moradores da região onde atuam. Ele cobrou da prefeitura que seja oferecido, novamente, curso de capacitação para a categoria, ministrado anteriormente, mostrando como prestar um bom atendimento ao cidadão.

O sindicalista apontou, ainda, a necessidade de credenciamento e uniforme para identificação desses trabalhadores. “Os jalecos possuem numeração, permitindo que as pessoas façam suas reclamações por telefone, pelo número 190, ou chamem a Guarda Municipal”, completou. Ele salientou, também, que a atividade do guardador de carro é um serviço voluntário, ou seja, o cliente colabora com o valor que lhe for conveniente.

Políticas públicas

O presidente da Associação de Lavadores e Guardadores de Carro de Minas Gerais (Ascoopertaimg), José Santil Agripino, questionou a falta de participação da classe em discussões da PBH relativas ao estacionamento rotativo na capital. Ele afirmou que, há mais de 60 anos, há lavadores de carro em Belo Horizonte, mas que não há políticas sociais voltadas para categoria.

Para o advogado do Sintralamac, Júlio César Gomes de Souza, com o crescimento da informalidade e a crise no país, a profissão deve ser devidamente legalizada, numa discussão conjunta entre a gestão pública e a comunidade, a fim de reduzir o índice de criminalidade e aumentar a segurança da população.

Segurança

Na audiência, o inspetor da Guarda Municipal de BH, Charles Alexandre Augusto, falou sobre ações que a corporação vem desenvolvendo para coibir ameaças, extorções, arrombamentos, furtos e roubos a veículos na cidade, principalmente em dias de eventos. De fevereiro a junho de 2017, em 56 jogos, 852 pessoas foram abordadas, das quais 29 foram presas por extorsão, furto ou roubo. Ele reforçou iniciativas voltadas à prevenção, repressão e ações sociais.

O gerente de Estacionamento e Logística Urbana da BHTrans, Sérgio Rocha, informou que desde 2009 a BHTrans não pode fazer autuações, mas que fiscaliza áreas de estacionamento, em parceria com a Guarda Municipal e a Polícia Militar. Destacou a importância de regulamentação da profissão, a fim de oferecer maior segurança, tanto à categoria quanto ao cidadão.

Cadastramento

A coordenadora da Regional Centro-Sul, Patrícia Furtado Ferreira Lage, destacou que a PBH pretende manter e aprimorar programa institucional voltado para a classe. Ela citou leis anteriores sobre o assunto, publicadas em 1975, 1993 e 1994, e decreto que regulamenta a profissão, informando, entretanto, que a legislação trata somente do lavador de carro. “Hoje, existem cerca de mil lavadores credenciados em BH, sendo que 300 procuraram o programa para renovar suas credenciais”, afirmou.

De acordo com o diretor administrativo dos Lavadores, Guardadores e Manobristas de Carro (Sintralamac), Kleber Lúcio de Brito, ao procurarem a prefeitura para renovar as licenças, eles são informados de que o programa está acabando e que devem procurar o sindicato. “Os lavadores de carro nem sequer foram citados no credenciamento para o ano que vem”, completou. O sindicalista destacou a importância do credenciamento para diferenciar a categoria dos toreros.

Encaminhamentos

Ao final da audiência, o vereador Oswaldo Lopes informou que será agendada reunião com a prefeitura e sindicatos, a fim de apresentar ao Executivo as reivindicações da categoria e retirar os toreros das ruas.

Também estiveram presentes os vereadores Pedro Patrus (PT) e Catatau da Itatiaia (PSDC).

Superintendência de Comunicação Institucional

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