Quase mil moradores da Ocupação Liberdade, no Barreiro, sofrem com falta de água encanada
Residente no local há sete anos, comunidade enfrenta falta de água para higiene pessoal, para cozinhar e até para beber
Foto: Bernardo Dias/CMBH
Mais de 200 famílias que moram numa área denominada Ocupação Liberdade, no Bairro Bonsucesso, na Região do Barreiro, sofrem com o abastecimento precário de água. “Chega até a um mês a falta d’água em casa. Falta água pra beber, pra cozinhar e pra tomar banho”, reclama a moradora Adriana Maria da Silva, de 38 anos, que vive num barraco com o marido e dois filhos. Por iniciativa da vereadora Bella Gonçalves (PSOL), a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor realizou, nesta quinta-feira (14/11), uma visita técnica ao local com o objetivo de cobrar a regularização do fornecimento de água para todos os moradores da ocupação.
Segundo a vereadora, a visita é o início de um processo de lutas para conseguir superar as dificuldades de uma comunidade que não é devidamente atendida pelo poder público. “E este é o momento para fazer o problema visível. Não ter água é uma violação dos direitos do cidadão”, afirmou. E não é só a falta de água que aflige os moradores. Eles também reclamam da falta de acesso ou acesso precário a outros serviços públicos como energia elétrica, correio, transporte, saúde e educação. Entretanto, é frequente a atuação dos profissionais da saúde e da educação na comunidade, com crianças matriculadas em escolas da região e registradas no posto de saúde mais próximo.
Para Bella Gonçalves, a Ocupação Liberdade, que existe há sete anos, já é um “território consolidado “e não tem nenhum cadastramento da Prefeitura para definir corretamente o número de pessoas e de construções existentes”. O único levantamento existente foi feito, há algum tempo, pelo coletivo Brigadas Populares que cadastrou 80 famílias na Ocupação Liberdade. “Atualmente tem muito mais e existe mais de uma família ocupando o mesmo imóvel”, garante a militante do coletivo, Michele Reis. As intervenções existentes e que proporcionam um mínimo de conforto para os moradores foram feitas pela própria comunidade: pequenos trechos de calçamento, nomenclatura de ruas e numeração de casas, pontos de captação de água, são alguns exemplos.
Estrutura é antiga, segundo Copasa
O gerente do Distrito Regional BH/Sudeste da Copasa, Ronaldo Serpa, disse que o problema de abastecimento na Ocupação Liberdade se deve ao fato de que o sistema dimensionado para atender toda a região foi feito há mais de 20 anos e a água passa por duas etapas de bombeamento para chegar até ao local ou próximo dele. “Não estamos segurando água. A realidade atual é muito diferente de quando o sistema foi projetado”. Segundo ele, no curto prazo não tem como resolver o problema. “Temos que ter autorização para resolver o problema do abastecimento regular. Um fórum de debates é o início do processo”, justificou.
O analista sócio ambiental da Copasa / BH-Sudeste, Cristiano Abdanur, disse que é preciso a comunidade se organizar “para nos dar o aval institucional para resolver o problema. A cidade é viva e nós estamos o tempo todo atuando em algum ponto”, concluiu. A intervenção do morador André Luis Santana, técnico em telecomunicações, praticamente fechou a discussão: “Essa conversa é para um deserto e não para uma capital rica como Belo Horizonte. A gente mora na Capital ou no deserto?”
Também participou da visita o engenheiro Fernando Zanetti, também do Distrito Regional BH/ Sudeste da Copasa.
Superintendência de Comunicação Institucional