ANIMAIS NAS RUAS

Ampliação da castração gratuita de cães e gatos para reduzir abandono é reivindicada

Parceria com universidades e emendas parlamentares podem ajudar a reduzir o número de animais abandonados

quarta-feira, 9 Junho, 2021 - 18:45
Cadela amamentando filhote em uma pequena cela

Foto: Andre Borges/Agência Brasília

Belo Horizonte conta com um Centro de Controle de Zoonoses e cinco Centros de Esterilização de Cães e Gatos, além de uma unidade itinerante - o castramóvel -  e  mesmo assim, não consegue atender a demanda pelo serviço gratuito de castração desses animais. Com as crias indesejadas, as situações de abandono se repetem e a pandemia aumentou ainda mais o número de animais desamparados nas ruas. Na tentativa de encontrar soluções para o problema que se configura como uma questão de saúde pública, a Comissão de Saúde e Saneamento realizou audiência pública, a pedido do vereador Léo (PSL), nesta quarta-feira (9/6). O diretor de Zoonoses da Secretaria Municipal de Saúde, Eduardo Gusmão, anunciou que já existe projeto de ampliação da segunda unidade do castramóvel e que os recursos para viabilização já estão empenhados. Já o deputado estadual Osvaldo Lopes garantiu que emendas parlamentares já foram disponibilizadas para a Prefeitura investir na saúde e no cuidado dos animais. Foi sugerido que a PBH firme parcerias com universidades, que já dispõem de certa estrutura de atendimento nos cursos de mediciana veterinária, para ampliar a oferta do serviço de castração. A audiência ainda abordou a necessidade de revitalização do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), localizado no Bairro São Bernardo.

Ampliação do serviço

Após fazer uma visita técnica ao Centro de Controle de Zoonoses, Léo identificou a necessidade de ampliação do canil e do solar. Ele também defendeu a maior oferta dos serviços de castração na cidade. José Ferreira  (PP) concordou que esta é uma demanda crescente pois, segundo ele, a comunidade tem muita dificuldade para acessar o serviço de castração e toda regional deveria oferecer o serviço para a população carente. “É preciso aumentar o número de castramóveis para  reduzir a quantidade de animais nas ruas. Nosso desafio é reduzir o tempo de espera na fila para castração”, afirmou.

Cláudio do Mundo Novo (PSD) foi enfático ao afirmar que o serviço deve ser ampliado para Venda Nova e Pampulha, onde, segundo ele, há muita demanda e pouca desistência de consultas. O vereador destacou a responsabilidade dos tutores que, mesmo com um tempo de espera longo, não deixam de levar o animal no dia da cirurgia. Miltinho CGE (PDT) informou que já existe ofício protocolado na Prefeitura solicitando a implantação do serviço em Venda Nova. “Também já entramos com pedido para  revitalização do CCZ e, em conversa com o prefeito, solicitei pessoalmente que o castramóvel fosse restabelecido” , declarou. Miltinho chamou atenção para o fato de que o abandono é um ato grave de maus tratos e que é preciso investir na educação das crianças para resolver o problema. 

Emendas parlamentares e parceria com universidades

Ao afirmar que a ampliação do castramóvel é uma demanda antiga, o deputado Osvaldo Lopes enfatizou a urgência de contemplar a comunidade carente e ponderou que as equipes existentes hoje não são suficientes para atender cerca de 50 mil animais abandonados na cidade. "Precisamos de mais castramóveis em BH”, defendeu Osvaldo, declarando que existem mais de R$ 3 milhões em emendas parlamentares destinadas a cuidar dos animais em Belo Horizonte. “As emendas parlamentares podem comprar veículos e insumos, mas não garantem a manutenção do serviço. O problema é que a Prefeitura não tem mão de obra nem recursos para contratar. As faculdades podem suprir essa falta de mão de obra e, voluntariamente, possibilitar que o atendimento seja feito nas comunidades pelos residentes com o devido acompanhamento dos professores”, sugeriu. 

O presidente do Conselho Municipal de Veterinária, Bruno Divino, endossou a sugestão do deputado de fazer parcerias com as universidades mas expôs sua preocupação ao afirmar que as unidades móveis podem colocar em risco a saúde dos animais. Bruno afirmou que seria mais assertivo usar a mão de obra e a estrutura das faculdades e que dessa forma tal parceria poderia resultar em cerca de 100 cirurgias por semana, levando em conta o número de instituições presentes na capital mineira. Para ele, é preciso investir na formação de novos profissionais, e o trabalho desenvolvido nas comunidades, sob supervisão, vai contribuir com a formação acadêmica dos alunos ao mesmo tempo que vai significar uma contrapartida por parte das universidades para a sociedade. Ele sugeriu que os parlamentares fizessem um projeto de lei para viabilizar essa contrapartida. 

Pouca oferta e muita demanda

Ao destacar a importância do tema para o meio ambiente, a saúde humana e a saúde animal, o diretor de Zoonoses, Eduardo Gusmão, admitiu  que o serviço de castração da cidade não atende a demanda. Gusmão chamou atenção para o absenteísmo elevado -  prática que prejudicava ainda mais o atendimento -  e afirmou que a estratégia adotada pelo município foi reduzir o prazo de marcação. “A agenda que antes era aberta possibilitava a marcação com até um ano de antecedência. Reduzimos o prazo para três meses e, agora, estamos marcando com um prazo máximo de 30 dias. Isso está otimizando nosso trabalho, evitando que as pessoas faltem no dia marcado para a cirurgia”, explicou. 

Ele fez uma retrospectiva sobre o programa de manejo reprodutivo adotado pelo Município, destacou que o serviço de castração é ofertado em cinco unidades físicas e uma unidade móvel e que foi somente a partir de 2011 que a demanda começou a ser maior que a oferta, quando surgiu o projeto piloto de uma unidade móvel. De acordo com ele, em 2012 o castramóvel passou a contar com uma equipe completa e a somar como unidade de atendimento. 

Léo concluiu que todos os participantes concordam com a necessidade de ampliação do serviço e, com a informação de que já existe dinheiro em caixa, questionou o diretor de Zoonoses sobre como essa ampliação deveria ser feita. Eduardo respondeu que já existe um projeto de ampliação de uma segunda unidade móvel com recursos assegurados. Ele concordou que uma parceria com as universidades é uma boa proposta que vai agregar tanto na formação de alunos quanto na sensibilização da população e possibilitar uma atuação conjunta e sinérgica. 

Confira a reunião na íntegra. 

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública - Finalidade: Discutir sobre o funcionamento e ampliação do castra móvel em Belo Horizonte e a situação do CCZ - 18ª Reunião Ordinária - Comissão de Saúde e Saneamento