Prorrogação do Auxílio BH a famílias vulneráveis será tema de audiência
Última parcela do benefício vai ser paga em maio. Situação de moradores de ocupação ameaçados de despejo vai ser apurada no local

Apesar do fim do estado de calamidade na saúde pública, os reflexos sociais e econômicos como o aumento do custo de vida e o desemprego continuam, e o fim do Programa Auxílio Belo Horizonte vai afetar especialmente as famílias mais vulneráveis. A importância de dar continuidade à concessão do benefício vai ser tema de debate público na próxima semana (dia 16 de maio) na Comissão de Direitos Humanos, Igualdade Racial e Defesa do Consumidor, que acolheu nesta segunda-feira (9/5) o requerimento da audiência. Na reunião, também foi aprovada visita técnica para verificar as condições de vida na Ocupação Vila Maria e o cadastramento das famílias ameaçadas de despejo em programas sociais. A Prefeitura será questionada sobre a existência de mapeamento sobre as casas de religiões de matriz africana na cidade. Finalizada a análise das emendas ao PL que impõe a afixação de placas informativas em obras, o texto está pronto para a votação definitiva do Plenário.
Requerimento da audiência pública, assinado pela presidente da comissão, Bella Gonçalves (Psol), a colega de partido Iza Lourença (Psol) e Pedro Patrus (PT), menciona a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad) divulgada no dia 29 de abril, que aponta o índice de desemprego de 11,1 % no primeiro trimestre de 2022, atingindo 11,949 milhões de pessoas, e a redução de 8,7% na renda média em relação ao mesmo período de 2021. Nesse cenário, segundo os vereadores, ações de apoio às famílias como o Programa Auxílio Belo Horizonte são essenciais para sua sobrevivência e segurança alimentar. “Em maio, será paga a última parcela do benefício, mas a fome não acabou”, alertou a vereadora.
Para debater estratégias de ampliação do programa, serão convidados para a audiência, marcada para o dia 16 de maio, às 13h30, os titulares das Secretarias Municipais de Assistência Social, Segurança Alimentar e Cidadania e de Planejamento, Orçamento e Gestão; Conselhos de Segurança Alimentar e Nutricional e de Assistência Social; Fóruns dos Trabalhadores e dos Usuários do Sistema Único de Assistência Social (Suas); Associação dos Catadores de Papel, Papelão e Material Reaproveitável (Asmare); Movimento Nacional da População em Situação de Rua; representantes dos Lavadores e Guardadores de Veículos e da Economia Popular Solidária; e líderes comunitários de vilas e ocupações da cidade.
Ocupação Vila Maria
Bella Gonçalves também requereu visita técnica à Ocupação Vila Maria, estabelecida desde janeiro ao lado da BR-262, no Bairro Betânia (Região Oeste da capital), com a finalidade de averiguar as condições de vida da comunidade, a ameaça de o despejo, o cadastramento das dezenas de famílias residentes no local e a projeção de sua inserção nas políticas de moradia e amparo social. Segundo a vereadora, a ação de reintegração de posse garante auxílio-aluguel até o reassentamento dos ocupantes com moradia consolidada na área e auxílio pecuniário de R$500 por seis meses aos demais ocupantes, desde que comprovada a vinculação da família à edificação. O conflito está sendo acompanhado e mediado pela Promotoria de Direitos Humanos e pela Defensoria Pública Especializada em Direitos Humanos, Coletivos e Socioambientais. Na Mesa de Diálogo e Negociação Permanente com Ocupações Urbanas e Rurais e outros Conflitos Socioambientais, a PBH e os moradores divergem sobre o número de famílias contempladas e a forma de realização do cadastro socioeconômico.
A visita será na próxima quinta-feira (12/5), a partir das 9h, e, além dos órgãos mencionados, deve ser acompanhada pela Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel); a Coordenadoria de Administração, a Diretoria Regional de Assistência Social e o Conselho Tutelar da Regional Oeste; e representantes da comunidade. O ponto de encontro dos participantes vai ser no fim da Rua Dois Mil Duzentos e Vinte e Sete, em frente ao pátio do Detran, onde começa a ocupação.
Religiões de matriz africana
Por solicitação de Macaé Evaristo (PT), será encaminhado pedido de informação à diretora de Reparação e Promoção da Igualdade Racial, Makota Kisandembu, questionando se a Prefeitura possui mapeamento das Casas de Religiões de Matriz Africana do município; se existe algum estudo técnico sobre a situação de irregularidade urbanística dessas casas; e se já foi realizado mapeamento das Guardas de Congado de Belo Horizonte. Em caso positivo, a documentação deve ser enviada à comissão juntamente com as respostas.
Intervenções em logradouro público
Concernente à defesa do consumidor, foi apreciado em 2º turno o PL 105/2021, de Wilsinho da Tabu (PP), que obriga a afixação de placas em todas as intervenções e interdições em logradouros públicos do município, contendo a motivação resumida da interdição e/ou intervenção; telefone e e-mail do órgão responsável; e-mail do responsável técnico pela interdição; e o prazo previsto para elaboração de projeto. O texto foi aprovado em 1º turno no Plenário por por 38 votos a 2 e recebeu seis emendas propondo acréscimos, alterações e supressões de dispositivos.
Miltinho CGE (PDT) emitiu parecer favorável ás Emendas 1 e 2 de Wesley (PP), que preveem o detalhamento das razões em interdição superior a 30 dias e prazo previsto para o fim, e inclusão do valor total da obra e data de seu inicio e término; à Emenda 3, do mesmo autor, que suprime a determinação de prazo para regulamentação da lei, que invade competência privativa do Executivo; 5, de Marcela Trópia (Novo), que inclui o prazo previsto para a conclusão da intervenção e/ou interdição; e 6, de Gabriel (sem partido), que altera a relação das informaçõs obrigatórias, incluindo o prazo referido na Emenda 5, exclui o contato do responsável técnico e os telefones da empresa e do órgão responsáveis pelo projeto e a execução, mantendo apenas o e-mail.
Recebeu parecer pela rejeição a Emenda 4, de Trópia, que suprime da placa as razões da interdição. No entendimento do relator, a supressão vai de encontro ao “direito do consumidor à adequada e eficaz prestação dos serviços públicos” previsto no Código de Defesa de Consumidor e o “direito a receber dos órgãos públicos informações de interesse particular, coletivo ou geral”, expresso na Constituição Federal. Encerrada a tramitação nas comissões, o texto e as emendas já podem ser incluídos na pauta do Plenário para votação definitiva.
Confira aqui os documentos em pauta e o resultado completo da reunião.
Superintendência de Comunicação Institucional