CARNAVAL

Blocos cobram ampliação e antecipação dos repasses para realização do evento

GT fez entrega do relatório e sugeriu política pública permanente, fundo municipal para subsídio e arcabouço legislativo

quarta-feira, 13 Dezembro, 2023 - 16:00

Foto: Bernardo Dias/CMBH

Uma política pública estruturante e que fomente o carnaval durante todo o ano na cidade. Esta é a principal recomendação do relatório final apresentado pelo Grupo de Trabalho (GT) do Carnaval na Comissão de Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo. Em audiência pública realizada na manhã desta quarta-feira (13/12), parlamentares e coletivos que integram a folia em BH debateram apontamentos feitos no documento, dentre eles a criação de uma política pública permanente para o carnaval; a criação de fundo municipal para subsídio da folia e um arcabouço legislativo que regule a festa na cidade. Representantes das escolas de samba e blocos de rua cobraram a ampliação e antecipação dos repasses públicos feitos pela PBH às agremiações, falaram da necessidade de profissionalização do evento na cidade e pediram a cessão de espaços públicos não utilizados para a realização de ensaios dos blocos. Presente na audiência, o presidente da Belotur, Gilberto Castro, reconheceu que avanços precisam ser feitos, mas lembrou que a festa vem a cada ano se profissionalizando.

Política pública perene

Cida Falabella (Psol) foi a relatora do GT Carnaval de BH. O grupo, que nos últimos dois anos realizou dezenas de visitas técnicas, pedidos de informação e audiência pública para analisar as condições do carnaval em BH, apresentou relatório final em que defende a criação de uma política pública estruturante e que fomente o evento durante todo o ano na cidade.

Ao apresentar as principais conclusões do estudo, a relatora destacou que a ideia é que o GT permaneça em atividade. “Coletamos dados dos últimos 15 anos do carnaval na cidade e fizemos estudos sobre decretos e regulamentos no estado e no município. No documento, fazemos diversas recomendações e sugerimos a continuidade do GT para monitorar o Carnaval 2024 e, posteriormente, consolidar uma legislação que dê o arcabouço teórico e jurídico para a festa em BH”, afirmou.

Antecipação e renda o ano todo

O carnaval de BH movimenta cerca de R$ 720 milhões e leva às ruas mais de 1 milhão de pessoas em cada dia de folia. A festa que acontece em fevereiro envolve cerca de 20 mil trabalhadores e, segundo aponta o relatório, se bem estruturada, pode gerar renda o ano todo.

Tiene Margarete, da Escola de Samba Cidade Jardim, uma das mais tradicionais da cidade, acredita neste potencial, já que hoje as agremiações têm buscado a maior parte dos serviços, produtos e profissionais em outras partes do país. "Ficamos dez anos sem ter nada na cidade. Então, ainda temos que buscar muitas pessoas lá fora até que nossos profissionais se formem. Hoje, você não encontra tecido, não encontra pluma e o carnaval voltando, tudo isso volta”, declarou.

Que a movimentação proporcionada pela festa dure o ano todo foi a defesa feita também por Márcio Eustáquio, presidente da Liga das Escolas de Samba de BH. Segundo o dirigente, a antecipação, por exemplo, do subsídio que a Prefeitura faz às agremiações é uma forma de garantir não apenas que as escolas tenham melhores condições de negociar suas compras, mas que planejem o trabalho. "Em BH não temos onde comprar os insumos. Vamos para o Rio de Janeiro, São Paulo ou Espírito Santo. O que custava R$ 5 em março agora custa R$ 20. Assinamos o contrato (com a PBH) há três semanas e nos informaram que não há dinheiro para pagar tudo, que 40% será na próxima sexta-feira”, contou.

Ainda segundo Márcio Eustáquio, outro ponto importante é o estabelecimento de marcos que antecipem as etapas do carnaval. O dirigente lembrou que a empresa responsável pelos jurados que irão avaliar os desfiles ainda não foi definida e que uma licitação está marcada para ocorrer no próximo dia 27. “Estamos a 60 dias do carnaval. Isso mostra a gravidade do que as escolas vão ter que enfrentar”, lamentou.

Espaço e tradição

Outra demanda trazida pelas agremiações foi a de espaços para realização de ensaios dos blocos. Com queixas de que os ensaios estão sendo impedidos até mesmo antes das 22 horas, Gustavo Caetano, do Unidos do Queixinho, questionou a cessão de espaços por parte do poder público. “Por que a PBH não pode doar prédios públicos vazios para serem utilizados como espaços para ensaio, e esses blocos se tornarem agremiações culturais?”, indagou.

Os blocos caricatos, que são os pioneiros do carnaval em BH, também pediram maior atenção do poder público para manterem a tradição da folia na cidade. Juolisson Magabeira é presidente da Associação dos Blocos Caricatos de BH e se diz preocupado com a dimunição do número de grupos. “Ao contrário dos de rua, os caricatos vêm caindo. Já tivemos mais de 20 e hoje temos oito. Não é interessante para BH perder um bem cultural tão grande. O bloco caricato é uma cultura genuinamente de BH, mas não conseguiu retomar após o apagão da década de 1990. Então, pedimos um olhar especial da Prefeitura e da Câmara Municipal”, ressaltou, dizendo ainda que um projeto de lei que reconhece o bloco como bem cultural acabou arquivado pela Câmara Municipal, após votação de 2º turno.

Sobre as considerações, o presidente da Belotur, Gilberto Castro, reconheceu que avanços precisam ser feitos, mas disse que a festa vem a cada ano sendo aprimorada. O dirigente parabenizou o trabalho do grupo de parlamentares que integra o GT e disse que a orientação do prefeito é que as pastas trabalhem conjuntamente. “Há muita coisa o que melhorar, temos que tentar chegar antes sim. Mas temos que buscar parâmetros e soluções. Não é somente recurso. Não somos nós que escolhemos colocar poucos recursos. As dificuldades existem, mas estamos buscando construir soluções. Algumas cabem à Prefeitura, outras à Câmara Municipal e outras aos blocos”, ressaltou.

Superintendência de Comunicação Institucional

Audiência pública para debater o Relatório Final do Grupo de Trabalho do Carnaval - 43ª Reunião Ordinária - Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo