SEMINÁRIO

Enfermagem enfrenta sobrecarga e protocolos defasados na atenção primária

Vereador Edmar Branco (PCdoB) prometeu criação de frente parlamentar e requerimento à PBH para mudanças de protocolos de saúde

segunda-feira, 19 Maio, 2025 - 18:45
Membros da mesa de debate do seminário de enfermagem estão assentados no Plenário Amintas de Barros; acima deles está um telão com um slide

Foto: Tatiana Francisca/CMBH

Em seminário sobre a atuação dos profissionais de enfermagem no Sistema Único de Saúde da capital mineira (SUS-BH), realizado na Câmara Municipal nesta segunda-feira (19/5), Edmar Branco (PCdoB) prometeu mobilizar colegas vereadores para a criação de uma frente parlamentar da enfermagem e dos técnicos e auxiliares de enfermagem. O objetivo é debater de maneira contínua as demandas apresentadas pela classe para melhoria da saúde dos moradores da capital e também das condições de trabalho dos profissionais. O seminário, requerido pelo parlamentar, foi realizado pela Comissão de Saúde e Saneamento e focou, na parte da tarde, nos desafios da atenção primária – o primeiro contato do paciente com o SUS, realizado nos centros de saúde –, como a sobrecarga das equipes e a necessidade de atualização de protocolos municipais.

Defesa dos profissionais

Para Edmar Branco, a criação da frente parlamentar representa “cuidar de quem cuida da saúde de Belo Horizonte”. De acordo com ele, a iniciativa tem previsão de ser formalizada até o dia 10 de junho

A representante dos profissionais de urgência e emergência, Érika de Oliveira Santos, avaliou que a frente pode dar voz aos enfermeiros no Poder Legislativo.

“Uma frente parlamentar para termos um espaço onde a gente constrói as nossas demandas. Estamos de novo reescrevendo a história da enfermagem”, afirmou Érika Santos.

Desafios do atendimento

De acordo com a palestrante Cibele Faria, enfermeira do Centro de Saúde Vila Maria - João Vital, a atenção primária atende um volume muito grande de pacientes diariamente, que corresponde a “um Mineirão cheio e mais dois terços”. O trabalho tem atuação fundamental das equipes de enfermagem, que representam um dos maiores contingentes profissionais da área. Para Cibele, a atuação sistematizada dos enfermeiros, dentro de um núcleo de trabalho bem estruturado, é essencial para a qualidade da assistência prestada pelo SUS.

Contudo, a diferença entre o que os protocolos ditam e a realidade possível nos equipamentos de saúde foi destacada pelos participantes do evento. A enfermeira especialista Mislene Persilva, que ministrou palestra sobre cuidados com pacientes portadores de feridas, defendeu que, ainda que as unidades de saúde consigam ter todos os insumos necessários, é necessário avaliar o contexto de vida de cada paciente, que pode não ter condições de prosseguir com tratamentos de última geração, que envolvem custos mais altos.

Mislene ainda falou da importância das equipes terem disponibilidade para atender os pacientes de maneira completa, dando todas as orientações necessárias para que as condições não se agravem. A ferida que não recebe cuidados adequados, por exemplo, pode levar até à amputação do membro acometido.

“O enfermeiro está tendo esse tempo de fazer uma consulta de, no mínimo, uma hora? Uma anamnese criteriosa, saber as comorbidades prévias, fazer o curativo complexo?”, questionou Mislene Persilva.

Mudança de protocolos

Os enfermeiros presentes ainda chamaram atenção para a existência de protocolos desatualizados, como documentos que não são revisados há quase 20 anos ou que não condizem com a realidade de sobrecarga das equipes nos centros de saúde. 

Enfermeira do Samu de Belo Horizonte, Sabrina ressaltou o excesso de pacientes em situação de urgência nos centros de saúde, que ocupam o tempo de atuação dos profissionais em lugar dos atendimentos programados. Pelas regras atuais, o posto deve estar sempre de portas abertas em vez de encaminhar os pacientes para unidades de pronto atendimento ou hospitais. “A prevenção e promoção de saúde ficam prejudicadas”, defendeu.

Respondendo ao pedido do enfermeiro Thales Comini, representante dos trabalhadores de urgência e emergência, Edmar Branco assegurou que vai solicitar à Comissão de Saúde e Saneamento o envio de um ofício à Prefeitura de BH a fim de atualizar protocolos municipais de atendimento que necessitam de revisão.

Superintendência de Comunicação Institucional

Seminário - Finalidade: Discutir o tema: "Atenção Primária e Urgência e Emergência: desafios e atuação crítica da enfermagem em Belo Horizonte".