Moradores do Conjunto Esperança também sofrem com danos causados pelas águas
Local que teve ponte levada pelas chuvas recebeu visita da Comissão de Direitos Humanos na manhã desta quarta-feira (4/3)
Foto: Sidney Lopes/ CMBH
O Conjunto Esperança, na Região do Barreiro, é mais uma das comunidades a sofrerem com os danos causados pelas chuvas que se abateram sob a capital mineira. Cerca de 400 famílias moram na região e reclamam da dificuldade de transitar por ali após as chuvas recentes. Ruas sem pavimentação viraram lama e uma ponte que dá acesso à comunidade desmoronou na última noite. A Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor esteve na área na manhã desta quarta-feira (4/3). Segundo o vereador Pedro Patrus (PT), autor do requerimento da visita técnica, o objetivo foi levantar e entender as principais demandas das famílias para então tentar mediar soluções junto aos órgãos envolvidos.
Para a visita foram convidadas a Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) e a Coordenadoria de Atendimento Regional Barreiro, porém os órgãos não enviaram representantes.
Danos das chuvas
A Rua União é uma das principais da região e tem início no Conjunto Esperança indo até a Vila das Antenas. Sem pavimento asfáltico, parte da rua é de terra batida e outro trecho possui uma cobertura de concreto que os moradores mesmo se uniram para pagar pelo serviço. Neuza Freitas, que possui um lote na região, conta que a comunidade está ficando cada vez mais isolada. “Não temos serviços de coleta, gás e nenhum depósito entrega nada aqui porque a rua ficou intransitável”, desabafou.
A mesma queixa fez Dessiane dos Santos, moradora da vila há 6 anos. Ela contou que a situação se agravou com a intensidade das chuvas dos últimos dois meses. “A saída do bairro era pela ponte ou pelo parque (reserva ecológica). A ponte caiu praticamente toda, e a Prefeitura diz que irá fechar o parque, vamos ficar ilhados. Como vai ser para ir ao posto ou levar as crianças para a escola", indagou a moradora.
No momento da visita técnica, uma equipe da Companhia Urbanizadora e de Habitação de Belo Horizonte (Urbel) iniciava a recomposição de trecho da ponte que liga as duas vilas. A transposição, que já perdeu quase toda a sua sustentação, desmoronou com as chuvas da noite de ontem, interrompendo todo o trânsito no local. Para que a equipe pudesse passar e seguir com a visita, o operador de máquina da Urbel precisou espalhar algumas pedras e improvisar uma passagem. O vereador Hélio da Farmácia (PHS) esteve rapidamente no local e confirmou que a ligação das vilas é um desafio antigo do bairro.
Ocupação
E desafio mesmo vivem as cerca 400 famílias que vivem na região, pois a área que abrange o Conjunto Esperança e a Vila das Antenas é uma antiga ocupação que não possui serviços de água, energia ou esgotamento sanitário. O terreno que pertence à Cemig e à Prefeitura já sofreu remoções por parte da empresa, mas apenas cerca de 40% dos moradores foram reassentamentos.
Já o trecho do Município, delimitado por uma reserva ecológica, foi há alguns anos cercado pela Prefeitura, que em seguida deu iniciou ao cadastramento das famílias para a remoção. Segundo o técnico da Urbel, Antônio Carlos David, que acompanhava a obra da reconstituição da ponte, cerca de 60 famílias já foi reassentadas.
Para a moradora Joseane Cristina, que por duas vezes já ganhou na justiça ação de despejo impetrada pela Cemig, o poder público tem se eximido, deixando os moradores sem nenhuma resposta. “A PBH diz que o terreno não é dela, e não pode fazer nada. A Cemig vem e retira só parte das famílias, e a gente fica aqui, abandonado, sem resposta. Se não vai remover, então tem que regularizar”, salientou.
Para o vereador Pedro Patrus, a questão vivida pelas famílias é realmente delicada e necessita de acompanhamento. “Nós vamos ver as possibilidades e cobrar do prefeito. Sabemos que já teve algumas indenizações, e as ocupações voltaram a acontecer. Então é um problema da Prefeitura, porque se voltou a ocupar é porque não tem moradia para todo mundo. É o déficit habitacional da cidade que provoca essas ocupações, e que são legítimas”, declarou Patrus.
Como encaminhamento final foi acertado com os moradores que a Comissão irá buscar uma data para a realização de uma audiência pública, quando devem ser chamados todos os órgãos envolvidos (PBH, Urbel, Cemig, Copasa e Ministério Público). A Comissão também irá solicitar à Urbel o acesso ao cadastro de todos os moradores da região, além do pedido imediato do não fechamento da área de reserva ecológica, o que inviabilizaria uma das saídas do bairro.
Ficou acertado ainda o envio de um ofício à Cemig solicitando providências quanto às condições de uma antena de transmissão que ameaça cair sobre a casa de uma das moradoras.
Superintendência de Comunicação Institucional