LAGOA DA PAMPULHA
Poluição do cartão-postal domina discussão em reunião sobre saneamento
Especialistas questionaram valores gastos na limpeza do espelho d’água e ressaltaram necessidade de novas soluções para o problema
quarta-feira, 16 Abril, 2025 - 20:00

Foto: Vinicius Quaresma/CMBH
A situação do principal cartão-postal de Belo Horizonte, a Lagoa da Pampulha, foi o assunto mais discutido durante audiência pública realizada nesta quarta-feira (16/4), para tratar de saneamento básico na cidade. Questões como a poluição das águas e a diminuição do volume da lagoa, assim como os gastos milionários e possíveis soluções para os problemas que se arrastam há anos, foram destacadas por vereadores e especialistas convidados. Autor do requerimento à Comissão de Saúde e Saneamento, Uner Augusto (PL) salientou a importância do assunto e disse que a discussão não se encerraria ali. “Eu me comprometo em marcar uma audiência para tratar especificamente sobre a questão da Lagoa da Pampulha”, afirmou. Também foram apresentados dados relacionados ao abastecimento de água, tratamento de esgoto, manejo de resíduos sólidos e drenagem urbana da capital.
Para Uner Augusto, a reunião serviu para identificar desafios e propor soluções efetivas para a melhoria do sistema de saneamento em Belo Horizonte, “bem como trazer propostas inovadoras para a resolução de problemas já conhecidos pela população”. O especialista em meio ambiente Gilberto Henrique Horta de Carvalho lembrou de quando nadava na Lagoa da Pampulha com seu avô. “O saneamento é um problema nacional e que exige priorização”, ressaltou. Ex-secretário executivo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais, Hildebrando Canabrava Rodrigues Neto recordou que o espelho d’água já diminuiu 40% e o volume de água, 50%. “O Parque Ecológico da Pampulha foi criado em uma área assoreada”, falou.
Falta de gestão
O vereador Pablo Almeida (PL) apresentou reportagens sobre a situação da Lagoa da Pampulha ao longo dos anos. “Em 2022, um levantamento mostrava que já haviam sido gastos mais de R$1,4 bilhão na lagoa e não vemos nenhum resultado prático. A situação caótica não é fruto da falta de dinheiro, mas da falta de compromisso, de gestão e de vergonha na cara”, disse. Filipe Bicalho, gerente de Manutenção Eletromecânica de Esgoto da Copasa, sublinhou que a lagoa ainda sofre com esgoto que é jogado diretamente nas águas, sem tratamento. “Cerca de 95% do que chega ali é tratado, mas esses 5% fazem muita diferença”, disse. O principal problema seriam os chamados imóveis factíveis, que já têm esgoto à disposição mas não estão ligados à rede, seja por desconhecimento, pelo proprietário não querer pagar taxas ou pelo responsável se negar a realizar obras necessárias.
Exemplo do Rio Pinheiros
Diretora técnica da empresa ChartWater para a América do Sul, a engenheira civil Paula Vilela contou sobre a experiência de despoluição do Rio Pinheiros, em São Paulo. Segundo ela, durante anos os administradores públicos locais tentaram fazer a limpeza do rio, que corta uma das áreas mais valorizadas da capital paulista. O método usado foi a flotação, em que partículas são suspensas na superfície da água e posteriormente removidas. “Assim como na Pampulha, foram gastos milhões de reais ao longo dos anos e a melhoria observada foi muito pequena”, disse.
Paula Vilela afirmou, no entanto, que desde 2021, com a utilização de um método desenvolvido pela companhia americana, os resultados têm sido animadores. “Nós injetamos uma alta concentração de oxigênio na água e conseguimos acelerar a limpeza que a natureza demoraria anos para fazer. Não usamos produtos químicos, gastamos pouca energia e conseguimos revitalizar o ecossistema aquático de forma sustentável”, contou. De acordo com ela, essa mesma tecnologia está sendo usada no Rio Joana, no Rio de Janeiro, e poderia ser bem sucedida caso fosse utilizada na Lagoa da Pampulha.
Raio-x do saneamento em BH
Representante da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, Carlota Alves apresentou dados sobre o saneamento básico na cidade. Segundo ela, dos 700 km de córregos da cidade, 200 são canalizados, 200 estão em leito aberto na malha urbana e 300 são localizados em áreas de proteção ambiental. Toda a população belo-horizontina é atendida pelo abastecimento de água. São atendidos por coleta de esgoto 95,5% dos moradores e com coleta de lixo domiciliar, 96%. “São valores muito altos de atendimento, ainda mais se compararmos com índices do estado e do Brasil”, afirmou.
Superintendência de Comunicação Institucional