ESPORTE E LAZER

Usuários denunciam insegurança em complexo esportivo no Urucuia

Vereador que solicitou a visita vai requerer presença da Guarda Municipal e troca de lâmpadas no local

sexta-feira, 26 Maio, 2017 - 15:30
Vereador Juliano Lopes e Coordenador da Regional Barreiro, Walmir Mattos

Foto: Rafa Aguiar/CMBH

Ocupando um amplo espaço no Bairro Urucuia, no Barreiro, o Complexo Esportivo José Calegário de Cristo possui campo de futebol de várzea, quadra poliesportiva coberta, pista de caminhada e aparelhos de ginástica da Academia da Cidade. Motivado por denúncias de funcionários e usuários, vistoria no local promovida nesta sexta (26/5) pela Comissão de Educação, Ciência, Tecnologia, Cultura, Desporto, Lazer e Turismo verificou os problemas apontados, que vêm afastando a comunidade de seu principal espaço de lazer e prática esportiva. Requerente da visita, Juliano Lopes (PTC) anunciou que irá solicitar medidas imediatas por parte da prefeitura, no intuito de garantir a continuação das atividades.

Abandono e criminalidade

Aparelhos de ginástica depredados, bebedouro arrancado da parede, buracos no alambrado do campo de futebol e mais da metade das lâmpadas da quadra quebradas. Os muros e as paredes da quadra e do prédio que abriga as salas dos professores da Academia da Cidade e equipamentos utilizados para avaliação física e prática de exercícios estão cobertos de pichações, externa e internamente, conferindo um aspecto de sujeira e abandono. Também foram denunciadas a falta de iluminação e a presença constante de usuários de drogas no local, que promoveriam brigas e cenas de sexo explícito em plena luz do dia, além de armazenar drogas em forros e telhados do complexo. 

Durante a visita, a comissão ainda tomou conhecimento da extensa lista de ocorrências já registradas no local, como vandalismo, tentativas de arrombamentos e furtos de equipamentos, diversos alunos e frequentadores do espaço já foram vítimas de roubos e assaltos na entrada e saída do complexo, e até mesmo em seu interior; queixas de assédio a alunas da academia também foram relatadas. O local funciona das 7h às 22h, mas os muros e a guarita na entrada não são suficientes para evitar as invasões. Os porteiros, que ficam sozinhos no local, são expostos a todo tipo de intimidações pelos delinquentes, que também utilizam árvores próximas ou furos no alambrado para adentrar o complexo.

Um terraço anexo à quadra poliesportiva, também utilizado para atividades da academia por ser arejado e sombreado pela manhã, segundo os funcionários, encontra-se ocupado por usuários de álcool e drogas, que espantam os frequentadores. O mato alto que tomava toda a extensão da pista de caminhada e os arredores do prédio e da quadra foi capinado recentemente, de acordo com eles, após a realização de um abaixo-assinado, encaminhado à Administração Regional por moradores e alunos da Academia da Cidade.

Ausência da Guarda Municipal

Conforme o vereador Juliano Lopes (PTC), ex-árbitro de futebol e fundador do programa de atividades físicas Vida Ativa naquele espaço, as depredações e outros crimes voltaram a ocorrer no local após a retirada dos dois agentes da Guarda Municipal que atuavam no complexo esportivo. Funcionários e representantes de times de futebol amador que acompanharam a visita afirmaram que a insegurança no local, onde já fora registrado até mesmo um homicídio, tinha sido bastante reduzida com a presença constante da Guarda, o que voltou a atrair moradores para se exercitar, caminhar, frequentar a Academia da Cidade ou promover eventos festivos. O próprio vereador relatou ter sido vítima de ameaças, já na época em que iniciou suas atividades no espaço.

Até mesmo as atividades realizadas no complexo pelo projeto Escola Integral de uma escola municipal da região, segundo os funcionários, já teriam deixado de utilizar o espaço devido aos transtornos e aos riscos trazidos pelos criminosos após a saída da Guarda Municipal.

Segundo os usuários do complexo esportivo, a remoção dos guardas deste e de outros equipamentos públicos municipais trouxe insegurança à população; segundo Lopes, além da insuficiência do efetivo gerada pela falta de novos concursos, os guardas vêm sendo desviados de sua função original, que é a de proteger o patrimônio municipal. “Centros de saúde, escolas, parques, vários equipamentos estão sem vigilância e a população é quem sofre as consequências”, criticou o parlamentar, citando como exemplo o destacamento de agentes para atuar dentro dos coletivos. “A função de prover segurança ao passageiro é das empresas de ônibus, que já recebem muito dinheiro do município”, afirmou.

Gestores acompanharam visita

O gerente de Engenharia e Projetos da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer, Zaner de Araújo Abreu, e o coordenador da Regional Barreiro, Walmir Anselmo Mattos, que acompanharam a visita, comprometeram-se a encaminhar as demandas mais urgentes, referentes à troca de refletores e lâmpadas quebradas e recolocação do bebedouro, até hoje não reposto após quatro meses de sua depredação. A falta de hidratação prejudica diretamente as atividades, além de pôr em risco a saúde dos praticantes de exercícios físicos. Cientes do problema, que afeta diversos equipamentos da cidade, eles lamentaram que a solução não esteja elencada entre as prioridades imediatas da prefeitura, às voltas com a crise financeira que atinge o país. Segundo eles, reparar e pintar esses espaços muitas vezes se compara a “enxugar gelo”, já que os imóveis e mobiliários reformados ou repostos voltam a ser pichados e depredados.

Em relação à Polícia Militar, representada na visita técnica pelo Tenente Madureira, do 41º Batalhão, responsável pelo policiamento da região, Juliano Lopes compreende que a vigilância do local não é obrigação da instituição, subordinada ao Governo do Estado, que já enfrenta déficit de efetivo e de recursos para o desempenho de suas múltiplas tarefas. Mesmo assim, ele informou que irá solicitar ao comando local que policiais circulem na parte externa e interna do local pelo menos uma vez ao dia, preferencialmente durante as atividades da academia, intimidando os desordeiros e proporcionando maior sensação de segurança aos usuários do complexo.

Praticantes de esportes e uma das diretoras da Sociedade Irmão das Crianças (Sicra), que mantém uma creche conveniada com a PBH na vizinhança, também acompanharam a atividade, confirmando os problemas relatados e reforçando as reivindicações da comunidade.

Encaminhamentos

De acordo com Juliano Lopes, o retorno dos Guardas Municipais aos equipamentos públicos municipais já foi objeto de uma petição ao prefeito, assinada por ele e outros 16 vereadores. Ao final da visita, ele informou a apresentação de novos requerimentos, a serem aprovados na próxima reunião da comissão, formalizando as indicações e reivindicações dos usuários e servidores do complexo para encaminhamento aos órgãos competentes. Ressaltando que o prefeito Alexandre Kalil já está ciente dos problemas enfrentados por servidores e usuários dos locais onde não há mais a presença da Guarda, o parlamentar destacou a necessidade de uma revisão da política municipal de segurança pública.

Serão solicitados, além da ronda diária da PM e da volta dos agentes fixos da Guarda Municipal durante todo o horário de funcionamento, a recolocação imediata do bebedouro e reparo da iluminação da quadra. O vereador recomendou ainda uma ativa mobilização do poder público e lideranças comunitárias junto aos moradores, na busca de conscientizar sobre a importância da preservação dos espaços comuns de lazer e esporte, tão relevantes para a saúde e a qualidade de vida das famílias belo-horizontinas.

Superintendência de Comunicação Institucional