Abastecimento de remédios nas unidades públicas deve alcançar 90% em dezembro
A expectativa foi anunciada pela Prefeitura para a Regional Barreiro. Falta de pediatras nas unidades de saúde segue sem solução
Foto: Abraão Bruck/CMBH
Calculado atualmente em torno de 74%, o abastecimento de medicamentos nas unidades de saúde do Barreiro deve receber um novo aporte de recursos dos cofres municipais que permitirá a ampliação da cobertura para mais de 90% da demanda. A medida foi anunciada pela Secretaria Municipal de Saúde em resposta às reivindicações apresentadas por moradores e usuários dos centros de saúde e da unidade de pronto-atendimento (UPA) da região. A comunidade denunciou ainda a falta de médicos pediatras para atendimentos aos finais de semana, o que permanece sem solução. A situação foi debatida em audiência pública realizada pela Comissão de Saúde e Saneamento, na tarde desta quarta-feira (22/11), por requerimento do vereador Juliano Lopes (PTC).
Liderança comunitária local, José Márcio contou que tem recebido diversas denúncias de usuários dos centros de saúde e da UPA Barreiro acusando a falta de remédios nas farmácias. Em especial, foram cobradas a dipirona em gotas (analgésico e antitérmico) e a sinvastatina (controle de colesterol), que estão entre os medicamentos de maior demanda. De acordo com usuários, o desabastecimento estaria persistindo há mais de dois meses.
Diante das denúncias, o gerente da Farmácia Regional Barreiro, Sérgio Cardoso, reconheceu o déficit e garantiu que já existe um empenho da Prefeitura em solucionar o problema. O gestor esclareceu que o abastecimento está sendo normalizado e que um novo aporte de recursos deve permitir a ampliação da oferta de medicamentos, atingindo mais de 90% da demanda nos próximos 30 dias. Cardoso destacou que os recursos enviados pelo governo federal para o Sistema Único de Saúde (SUS) em BH não suprem toda a demanda, explicando que são recebidos cerca de R$ 25 milhões anuais, e, até o mês de outubro, já haviam sido investidos mais de R$ 30 milhões, complementados com recursos próprios do Município.
Falta de médicos pediatras
Morador do Bairro Bonsucesso e usuário do sistema público municipal de saúde, Benedito Mateus denunciou a falta de médicos pediatras para atendimento de urgência na UPA Barreiro aos finais de semana. O usuário contou que precisou levar sua filha à emergência após um quadro constante de “febre alta e princípio de convulsão”, mas encontrou uma placa afixada na porta da unidade, informando a suspensão do atendimento de pediatras. “Saúde não espera”, resumiu Mateus, lembrando que doenças não têm dia nem hora para aparecer, e que as crianças precisam ter atendimento garantido. De acordo com o morador, os atendentes da UPA o informaram que deveria buscar a unidade de saúde mais próxima em Ibirité, município vizinho.
Gerente de Urgência e Emergência da Secretaria Municipal de Saúde, a médica pediatra Susana Rates esclareceu que esse procedimento não é padrão. De acordo com a gestora, a secretaria recebe as escalas de todas as unidades na véspera do final de semana e, em caso de faltar determinadas especialidades, os atendimentos são encaminhados à UPA de retaguarda mais próxima, dentro do município. No caso do Barreiro, a referência seria a UPA Oeste.
Rates afirmou que a carência de especialistas na área não é uma particularidade do Barreiro, do sistema público de saúde ou mesmo da cidade de Belo Horizonte. A gestora explicou que o déficit está na formação dos profissionais. “Hoje sobram vagas, inclusive, nas residências de pediatria”, alertou Rates, apontando um desinteresse dos médicos em se especializar na área. A pediatra sugeriu que o esvaziamento pode estar relacionado à remuneração, uma vez que outras especialidades médicas que realizam procedimentos mais complexos são mais bem pagas.
Apesar de oferecer salários de pouco mais de R$ 8 mil para uma jornada de 24 horas semanais, a Prefeitura estaria enfrentando dificuldades para manter os médicos pediatras e contratar novos profissionais. Ainda, foi apontado o problema da distância do Barreiro em relação ao centro da cidade, o que pode reduzir o interesse dos médicos em assumir vagas na região.
Marcação de consultas e procedimentos
Autor do requerimento para a audiência, o vereador Juliano Lopes (PTC) explicou que tem recebido denúncias dos moradores acusando também as grandes filas e a demora no agendamento de consultas especializadas e na realização de cirurgias eletivas. O parlamentar afirmou que enviará um pedido de informações diretamente ao secretário municipal de Saúde, Jackson Machado Pinto, para que esclareça a situação e apresente um planejamento de ações para acelerar essas marcações.
Os vereadores Cláudio da Drogaria Duarte (PMN) e Hélio da Farmácia (PHS) destacaram que têm percorrido os centros de saúde da capital e que as filas para agendamento são recorrentes, assim como a oferta de medicamentos percebida é bastante debilitada. No entanto, os parlamentares reconheceram os esforços da atual gestão municipal em aprimorar o atendimento à saúde.
Estiveram presentes também os vereadores Pedrão do Depósito (PPS) e Flávio dos Santos (Pode).
Superintendência de Comunicação Institucional
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