CENTROS DE SAÚDE

Faltam medicamentos e novas instalações em unidades da Regional Pampulha

Postos do Santa Terezinha e do Confisco receberam visita técnica da Comissão de Saúde e Saneamento 

quarta-feira, 22 Novembro, 2017 - 18:15
Visita técnica ao Centro de Saúde Santa Terezinha

Foto: Rafa Aguiar / CMBH

Os Centros de Saúde Santa Terezinha e Confisco receberam visita técnica da Comissão de Saúde e Saneamento nesta quarta-feira (22/11). O principal problema averiguado na unidade localizada no Bairro Santa Terezinha é a falta de medicamentos; já no Confisco, a demanda apresentada aos vereadores diz respeito à construção de uma nova sede para abrigar a unidade.

Ana Fernandes, representante dos usuários do SUS no Conselho Local de Saúde Santa Terezinha, foi uma das participantes da visita técnica que denunciaram a falta de medicamentos na unidade que atende o bairro. De acordo com ela, que sofre de asma, até mesmo medicamentos de combate à doença chegaram a faltar na unidade.

Problemas no abastecimento

Segundo Karla Malta Coutinho, gerente da Farmácia Regional Pampulha, os medicamentos para asma atualmente se encontram disponíveis normalmente no Centro de Saúde Santa Terezinha. Ainda de acordo com ela, os meses de setembro e outubro foram “complicados” no que tange ao abastecimento das farmácias das unidades básicas, mas a expectativa é que dentro de até 30 dias 92% dos 236 medicamentos que deveriam ser encontrados nas unidades de atenção básica já estejam disponíveis. O número, caso seja alcançado, representará um avanço, já que durante a prestação de contas do Sistema Único de Saúde (SUS) relativa ao 2º quadrimestre de 2017, a Prefeitura havia informado que o índice de abastecimento de medicamentos estava em 74,4% no mês de janeiro e em 83%no mês de julho deste ano.

A gerente também explicou que os problemas no abastecimento de medicamentos têm causas diversas, podendo estar relacionados a questões ligadas a atrasos no financiamento, que é tripartite, ou seja, é de responsabilidade dos governos federal, estadual e municipal; à desistência da empresa vencedora da licitação no fornecimento do produto; a atrasos nos repasses dos remédios que são encaminhados pelo governo estadual; e a entraves nos procedimentos de aquisição. Ainda segundo a gerente Karla Malta Coutinho, Belo Horizonte conta, a cada ano, com R$10,29 por habitante para a aquisição de medicamentos destinados à atenção primária e, quando este valor não é suficiente, cabe ao município completá-lo com recursos próprios.

A gerente também explicou que todos os interessados em saber sobre a situação dos medicamentos ofertados nas unidades básicas de saúde podem participar das reuniões da Câmara Técnica responsável pela assistência farmacêutica na capital. Os encontros acontecem nas terceiras quartas-feiras de cada mês, às 9 horas, na sala de reuniões do Conselho Municipal de Saúde.

Serviços prestados

O Centro de Saúde Santa Terezinha conta com cinco equipes de Estratégia de Saúde da Família e duas equipes de saúde bucal. Ao todo, trabalham na unidade 94 servidores, que atendem aos Bairros Santa Terezinha, Sarandi e partes do Serrano e do Castelo.

Com cerca de 34 mil usuários cadastros pelos Agentes Comunitários de Saúde, a unidade atende, em média, 650 pessoas por dia no que tange aos mais variados serviços, como consultas, vacinas e fornecimento de medicamentos. O gerente do Centro de Saúde, Leonardo Marques, conta que a unidade possui de 40 a 50 vagas para pacientes agudos e atende uma média de 850 usuários assim classificados a cada mês. Ainda de acordo com ele, uma das preocupações da gerência da unidade é com o aumento da população na área de abrangência, em decorrência da verticalização da região, que vem recebendo novos edifícios e conjuntos habitacionais. Outro problema apontado por ele é o déficit no número de Agentes Comunitários de Saúde.

Em relação às consultas especializadas, Leonardo Marques conta que este ano já foram realizados pelo Centro de Saúde Santa Terezinha 8700 agendamentos nas mais diversas áreas. Ainda segundo ele, as especialidades com maior dificuldade de marcação são endocrinologia, endoscopia e proctologia.

Centro de Saúde Confisco

Em relação ao Centro de Saúde Confisco, um dos principais problemas relatados aos vereadores diz respeito ao atraso na proposta de mudança de sede da unidade. De acordo com a gerente responsável pela unidade básica, Doriana Ozólio, a expectativa da comunidade é pela construção de uma edificação mais ampla e com instalações mais adequadas ao atendimento das necessidades dos usuários, uma vez que a oferta de serviços de saúde na unidade foi ampliada desde a construção da sede atual.

A gerente também explicou que a unidade tem tido dificuldade para contratar um ginecologista. A falta deste profissional vem sendo suprida através de convênio com a Unifenas, por meio do qual um professor e alunos da instituição de ensino atendem usuários do centro de saúde na referida especialidade. Além disso, está em vigor convênio com o Centro de Saúde Itamarati para atendimento de pacientes na especialidade ginecologia.

Perfil dos usuários

A gerente Doriana Ozólio explicou que a maior parte dos moradores da área de abrangência do Centro de Saúde Confisco é classificada como de alto grau de vulnerabilidade social, tem baixa escolaridade e é dependente do SUS. Outra característica apontada pela gerente é a da recorrência de casos de falta de auto-cuidado com a saúde, o que agrava a situação médica dos pacientes. Além disso, segundo a gerente, o percentual de idosos acima de 80 anos é muito baixo entre a população atendida e o número de jovens é alto, sendo comumente encontradas famílias muito numerosas, com sete membros ou mais.

Uma peculiaridade do Centro de Saúde Confisco destacada por Doriana Ozólio é o atendimento de pessoas que moram em Contagem, uma vez que a unidade de saúde está localizada nas proximidades do município vizinho a Belo Horizonte. O atendimento de habitantes de Contagem se dá por meio de um convênio entre Belo Horizonte e o município limítrofe. O centro de saúde atende 873 moradores de Contagem e conta com 12386 usuários cadastrados que moram em Belo Horizonte.

Encaminhamentos

A vereadora Cida Falabella (Psol), uma das requerentes da audiência, explicou que as visitas técnicas são oriundas de audiência pública da Comissão de Participação Popular, ocorrida em 20 de setembro, quando moradores da Pampulha apresentaram reclamações quanto ao funcionamento das duas unidades de saúde. Ela salientou que as demandas dos usuários e os problemas relatados constarão de um relatório a ser apresentado à Comissão de Saúde e Saneamento e à Comissão de Participação Popular. Além disso, a parlamentar explica que serão analisados os caminhos mais adequados para que as demandas venham a ser atendidas. Entre as possibilidades estão a realização de uma audiência pública sobre o tema do abastecimento de medicamentos com a presença da Prefeitura e da população, bem como a apresentação de indicações e de pedidos de informação ao Executivo. Especificamente em relação ao Centro de Saúde Confisco, a vereadora afirmou que irá requerer informações à Prefeitura quanto aos mecanismos que serão utilizados para a construção da nova sede.

O vereador Pedrão do Depósito (PPS), que também acompanhou as visitas técnicas, salientou que, apesar dos problemas relatados, os dois centros de saúde se encontram em situação superior à de outras unidades da cidade por ele já visitadas. Ele afirmou, ainda, que todas as demandas recebidas dos usuários e dos funcionários dos dois centros de saúde serão levadas ao Executivo.

As visitas técnicas aos centros de saúde foram objeto de requerimentos dos vereadores Áurea Carolina (Psol); Catatau (PSDC); Cláudio da Drogaria Duarte (PMN); Cida Falabella; Nely (PMN) e Pedrão do Depósito.

Superintendência de Comunicação Institucional