Plenário

Acusações entre vereadores e CPI do transporte coletivo dominam debates

Defensores da CPI da BHTrans classificaram trocas de acusações como estratégia para desviar o foco das investigações

quarta-feira, 14 Março, 2018 - 19:30

Foto: Karoline Barreto/ CMBH

Denúncias entre parlamentares voltaram a ocupar o debate em reunião plenária na tarde desta quarta-feira (14/3). Envolvendo acusões de quebra de decoro e financiamento irregular de campanha, os discursos têm sido vistos, por parte dos vereadores, como “cortina de fumaça” para desviar a atenção da sociedade de temas considerados mais importantes, como a criação da CPI para investigar os contratos das concessionárias de transporte, a aprovação do Plano Diretor e a gestão financeira do Hospital Sofia Feldman. 

Retomando as denúncias apresentadas pelo vereador Jair Di Gregório (PP) desde a última sexta-feira (9/3), o líder de governo na Casa, vereador Léo Burguês de Castro (PSL), reforçou suas críticas à postura do vereador Gabriel (PHS) nas redes sociais, questionando a ética do parlamentar por ter gravado de forma escondida e divulgado uma conversa pessoal com o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico, Daniel Nepomuceno (ex-presidente do Clube Atlético Mineiro). Na conversa, é abordado o tema da suposta articulação entre o prefeito Alexandre Kalil e Jair Di Gregório, que teria favorecido a contratação de seu filho como jogador de futebol da base do Atlético em troca de oferecer apoio político à Prefeitura no Legislativo. Jair Di Gregório nega as acusações e afirmou que vai acionar a Justiça para tratar do caso. 

O líder de governo relembrou a notícia publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, no início do mês de março, que denuncia possíveis favorecimentos econômicos escondidos sob a criação de fundos e institutos com o mote da renovação política. Chamando de “Instituto da Fraude”, Burguês de Castro criticou o Instituto de Inteligência Política (IIP), criado por Gabriel para oferecer consultoria e serviços de campanha aos candidatos selecionados pelo fundo RenovaBR - criado pelo empresário Eduardo Mufarej (Tarpon), com o apoio do apresentador de TV Luciano Huck. O parlamentar sugeriu a participação de Gabriel em um esquema de financiamento ilegal e antecipação de campanha.

CPI da BHTrans

“Nós fomos envolvidos numa cortina de fumaça para desviar a atenção da CPI e tentar inviabilizar a investigação dos contratos das empresas de transporte coletivo”, alertou o vereador Gilson Reis (PCdoB), destacando que as denúncias pessoais têm partido dos vereadores que representam a liderança e a base de governo na Casa. Reis afirmou que o Executivo tem aproveitado esse momento para tentar articular com os vereadores a retirada de assinaturas do requerimento que criaria a CPI.

O parlamentar denunciou que “já existem 39 empresas concessionárias (do transporte coletivo) trabalhando sem os cobradores, desrespeitando lei municipal, como forma de reduzir os gastos e compensar a falta do reajuste nas tarifas”, e reafirmou a necessidade de investigar todos os contratos.

Na mesma perspectiva, Pedro Patrus (PT) reforçou a urgência de se instaurar a CPI, entendendo que a auditoria prometida pelo prefeito Alexandre Kalil “não é real. Não vai abrir as contas das empresas e da BHTrans”. O parlamentar lembrou a contratação de serviço similar, há alguns anos, pelo ex-prefeito Marcio Lacerda, em que a empresa Ernest & Young teria concluído que as concessionárias estavam tendo prejuízo com a exploração do transporte coletivo na cidade.

Corregedoria

Cobrado por diversos parlamentares, o corregedor da Casa, vereador Reinaldo Gomes (MDB), afirmou que não será omisso em relação a nenhuma situação de conflito. Gomes solicitou a colaboração dos demais parlamentares para que seja mantido o decoro e o respeito entre os colegas.

Superintendência de Comunicação Institucional

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