Risco de contaminação de nascentes, no Clube Topázio, preocupa autoridades
Após visita técnica ao local, comissão tentará diálogo com Sudecap, ainda esta semana, para salvar lençóis freáticos
Foto: Rafa Aguiar / CMBH
Entulho e detritos encontrados, na manhã desta terça-feira (20/3), pela Comissão de Meio Ambiente e Política Urbana, em duas nascentes do Clube Topázio, em Venda Nova, confirmaram denúncias de poluição apresentadas pela comunidade. Lixo descartado por moradores estaria entrando no canal através de bueiro e canos de descarga de esgoto pavimentados. A constatação se deu em visita técnica requerida pelo vereador Catatau (PSDC), à qual estiveram presentes representantes da diretoria do clube e da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.
O Clube Topázio atualmente é considerado uma Reserva Particular Ecológica (RPE). Cerca de 95% dos seus 88 mil m² estão delimitados como área de proteção. Dentro deste espaço existem sete nascentes, cinco das quais intermitentes e duas fixas, além de uma mata de galeria expressiva. Trata-se de um amplo cenário verde, constituído por vários espécimes arbóreos que fornecem abrigo e alimentação para a fauna local.
Clube Topázio e Sudecap
Uma boca de lobo na entrada do clube, construída pela Superintendência de Desenvolvimento da Capital (Sudecap) teria a princípio o objetivo de receber a água das chuvas, que desaguariam no mesmo canal das nascentes. No entanto, o volume pluvial estaria trazendo consigo o lixo descartado pela população, além de resíduos, como óleo de oficinas mecânicas que funcionam no entorno. Entre os rejeitos encontrados durante a visita técnica estavam fraldas descartáveis, placas de veículos, embalagens plásticas e até o pedaço de um sofá.
O problema que já se prolonga por mais de 20 anos só ganhou repercussão judicial há cerca de dois anos, quando o clube resolveu acionar o poder público na justiça, para que uma providência fosse tomada. Rômulo Rangel, diretor-presidente do clube, afirmou que a decisão precisou ser tomada após sucessivas tentativas de acordo não terem gerado os resultados esperados.
Um das principais preocupações decorre do risco de contaminação do lençol freático e do poço cartesiano de onde é retirada a água para consumo próprio do clube e que também é repescada no próprio lago, onde vivem espécies animais. Além disso, segundo Mivia Vichiato, bióloga da Gerência de Áreas Verdes e Arborização Urbana da Secretaria de Meio Ambiente, a preservação das nascentes também é importante porque elas contribuem para o córrego Bezerra, um afluente do córrego do Vilarinho, que já se encontra canalizado.
O clube, segundo os seus dirigentes, não reúne condições para realizar as reformas por conta própria. Apesar de contar com isenção no IPTU proporcional a área de reserva, as receitas da agremiação são provenientes de aluguéis do espaço, da mensalidade de associados e da realização de eventos, o que tornaria inviável que o próprio Topázio custeasse as intervenções.
Secretaria de Meio Ambiente
Engenheiro agrônomo responsável pelo setor de licenciamento ambiental da Secretaria, Marcelo Vichiato, defendeu a conscientização da população contra o descarte irregular de lixo. Segundo ele, a criação de um sistema de drenagem pluvial dentro da norma é primordial, desde que também ocorra paralelamente a ações de educação ambiental com a população. Algo parecido com o Topázio Social, projeto realizado pelo próprio clube com o intuito de conscientizar a todos, através de cursos gratuitos na área de formação humana e formação profissional, além de caminhadas na trilha ecológica.
O assistente social do clube, Reinaldo Fagundes, afirmou que futuramente o clube deverá apresentar à PBH um projeto que promova ações de educação ambiental em Unidades Municipais de Educação Infantil (Umeis).
Legislativo em ação
A diretoria do clube elogiou a iniciativa da visita técnica e destacou que conta com o apoio do Legislativo para solucionar o entrave judicial. Catatau reiterou que vai acompanhar o processo de modo a favorecer a preservação das nascentes e destacou que será agendada uma nova visita ao local, agora com a presença da Sudecap e da Copasa, no intuito promover articulações capazes de solucionar o problema.
Superintendência de Comunicação Institucional