ABASTECIMENTO DE ÁGUA

“Não dá mais pra ficar sem captação no Paraopeba”, afirma diretor da Copasa

Comissão pretende conseguir novos aliados para pressionar cumprimento de medidas emergenciais nos sistemas da Copasa

terça-feira, 9 Abril, 2019 - 17:30

Foto: Flávia Carvalho/CMBH

A situação do Sistema de Captação do Rio das Velhas e a ameaça de desabastecimento na capital e na Região Metropolitana de BH foram verificadas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Barragens da Câmara de BH, nesta terça-feira (9/4). Durante visita técnica à estação de tratamento de água da Copasa, localizada no distrito de Bela Fama, em Nova Lima (RMBH), os vereadores Bella Gonçalves (Psol), Edmar Branco (Avante), Irlan Melo (PR) e Wesley Autoescola (PRP) questionaram a empresa sobre medidas estudadas para enfrentar a crise hídrica provocada pelo rompimento da barragem de rejeitos da Vale no Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).

Segundo o diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Rômulo Thomaz Perilli, uma grande preocupação da empresa, atualmente, é preservar a integridade física da unidade de produção de Bela Fama, caso haja algum outro rompimento de barragem na região. “Em Paraopeba não houve danos na nossa infraestrutura, mas um rompimento aqui pode impactar e danificar a unidade”.  O Sistema Rio das Velhas, implantado em 1969, capta, hoje, cerca de 25% do rio, aproximadamente 7.500 m³ por segundo, e é responsável por mais de 60% do abastecimento de Belo Horizonte.

De acordo com o superintendente de Operação e Tratamento da Região Metropolitana da Copasa, Sérgio Neves Pacheco, há um plano de medidas emergenciais e compensatórias para a garantia do abastecimento da RMBH, que vem sendo discutido diretamente com a Vale, voltado para a proteção da captação de Bela Fama e ampliação da capacidade de produção do Sistema Paraopeba. No entanto, a Vale ainda não se comprometeu com realização dessas ações. “Todo esse plano de medidas será agora encaminhado para a Advocacia Geral do Estado e Ministério Público para que haja uma maior pressão para o seu cumprimento”, completa Perilli.

Também no sentido de proteger Bela Fama, outra ação a ser realizada pela Copasa será a intervenção na barragem abandonada da Mundi Mineração, localizada há dois quilômetros do Rio das Velhas, no município de Rio Acima.  Por meio de um convênio com o governo do estado, a empresa começará, na semana que vem, a tratar os resíduos dessa barragem que possui cerca de 80 mil m³ de água. Com um custo de R$ 7,8 milhões aos cofres da Copasa, a obra está prevista para durar aproximadamente 10 meses. 

Questionado pelo vereador Irlan Melo, relator da CPI, sobre a possibilidade de tratamento da água contaminada do Rio Paraopeba, Perilli afirma que a Copasa depende de um posicionamento dos órgãos creditados sobre a qualidade da água para conseguir dar esta resposta. O vereador também indagou o diretor sobre o tempo necessário para iniciar uma nova captação à montante do Rio Paraopeba, caso não possa ser retomada a captação a fio no Sistema Paraopeba. “Construímos uma barragem de 6 km em seis meses. Tudo depende da emergência da situação e dos esforços dos envolvidos para a resolução da questão”.

Ampliação do debate

Para a vereadora Bella Gonçalves, é importante que as negociações entre Copasa e Vale para a reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem envolvam outros atores, como poder público e sociedade civil. Ela também destacou que é preciso atenção à qualidade da água, já que pode ser mais fácil para a Vale pressionar pela volta da captação ao invés de realizar obras e medidas reparadoras.

A parlamentar ainda salientou a necessidade de maior rigor com relação aos licenciamentos e outorgas concedidas às empresas pelos órgãos competentes. Sobre este questionamento, o diretor de Planejamento e Regulação do Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam), Thiago Figueiredo, afirmou que o órgão possui uma rede de monitoramento de água qualificada, faz avaliação das outorgas e do balanço hídrico, e “não autoriza ninguém a fazer errado”.

Presidente da CPI das Barragens, o vereador Edmar Branco ressaltou, ao final da visita, que a grave situação do risco de abastecimento hídrico em BH e RMBH precisa contar com o apoio de toda a população. “Se essas ações previstas não saírem do papel, em 2020 teremos sérios problemas. Estou saindo daqui mais preocupado do que antes. A CPI vai trabalhar para que outras câmaras municipais venham para essa luta. Vamos fazer também indicação ao Ministério Público e ao governo”.

Também participaram da visita técnica à estação de tratamento representantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, da Secretaria Municipal do Meio Ambiente e do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio das Velhas.

Superintendência de Comunicação Institucional

Visita técnica para verificar as condições hídricas do Sistema Rio das Velhas e fazer levantamento dos licenciamentos e outorgas existentes na área- Comissão Parlamentar de Inquérito